quarta-feira, 3 de março de 2010

O AUTISTA: DA INFÂNCIA À VELHICE

Hoje em dia, sabe-se que o autismo é uma síndrome com bases genéticas, ou seja, é uma síndrome de hereditariedade multifatorial. Isto quer dizer que a criança com autismo herda entre três a seis genes que aumentam a tendência para o autismo».

«Algumas famílias poderão ter uma maior tendência, o que não quer dizer que seja uma doença hereditária, pois, os genes que as crianças herdam não são sempre patológicos, são habitualmente variantes do normal.»

A ação do ambiente também poderá ser favorável ou desfavorável ao desenvolvimento desta patologia. Além do meio que rodeia o doente, engloba-se o ambiente uterino, o fato de a mãe ter tido rubéola ou varicela durante a gravidez, a ocorrência de meningite nos primeiros meses de vida ou a existência de uma outra doença genética ou não.

«É importante uma consulta de Genética para rastrear situações que possam estar associadas ao autismo, podendo aumentar a gravidade e também serem passíveis de medicação específica, como a síndrome do X frágil, doenças metabólicas, epilepsia, entre outras».

«Esta identificação também é importante para calcular o risco de repetição desta situação em futuros filhos, um pro¬blema levantado por muitas famílias.

O tratamento depende do estado do doente
Os resultados do tratamento variam com o comportamento do doente (hiperativo, depressivo, agressivo, agitado, etc.), com o grau do autismo, com as doenças que o autista possa ter e com a abordagem dos técnicos e com o processo educativo.

«A terapêutica acaba por ter duas ver¬tentes paralelas. Por um lado, o tratamento médico farmacológico, que vai depender do resultado de todos os exames; por outro, há todo o trajeto pedagógico, para o qual é necessária uma equipe com vários especialistas».

«Por ser fundamental para o prognóstico, a estimulação precoce na linguagem é uma das áreas que é trabalhada. É feita de diversas maneiras, sendo muito importante para melhorar a qualidade de vida e fomentar a interação social das pessoas com autismo», em relação a um dos aspectos do trajeto pedagógico.

Infelizmente, nem todos os indivíduos com autismo têm a sorte de serem acompanhados por uma ASSOCIAÇÃO.

Da infância à velhice
Do ponto de vista social, o autismo melhora após a infância. Porém, depende bastante da aquisição da linguagem.

«Se o doente adquiriu linguagem, mesmo que tenha sido mais tardiamente (até aos 4 anos), vai ter um melhor prognóstico na idade adulta», frisando que «a terapia comportamental e educativa também é muito importante para o futuro dos autistas».

Comparativamente há uns anos, hoje em dia, estes doentes têm mais hipóteses no sucesso da sociabilização. São cada vez mais as escolas públicas a aceitar crianças com autismo. Mas a grande dificuldade surge após o ensino primário. Não porque não gostem ou não tenham capacidade para estudar, mas porque toleram menos bem a pressão dos exames e das notas dos exames.

«Gradualmente, os terapeutas e os educadores têm vindo a criar normas de estabilidade que ajudam os autistas a adquirir mais autonomia»,especificando:

«Na Associação há doentes com grandes déficits mentais que vão tratar da horta, outros vão ajudar na lavandaria e adoram. No entanto, uma pequena percentagem consegue ter uma vida mais independente.»

Uma minoria consegue, inclusive, a inserção no mercado de trabalho. Contudo, «tem de ser um emprego supervisionado, em que sejam escassas as solicitações visuais e auditivas. A jardinagem e a informática são áreas em que é possível trabalharem, bem como num centro de fotocópias ou numa biblioteca. No entanto, cada caso é um caso e, portanto, todo o planejamento deve ser individualizado».

Apesar de não haver dados em relação à esperança de vida dos autistas, sabe-se que poderá ser menor que a média. Para além da epilepsia, e das doenças associadas ao autismo, começam, depois, a entrar nas idades de risco das doenças associadas ao envelhecimento, como o cancro, a hipertensão, a obesidade ou as doenças cardiovasculares. A identificação e tratamento destas doenças é difícil, devido à pouca colaboração por parte do doente, mas deve-se privilegiar a prevenção.

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