terça-feira, 31 de agosto de 2010

1a. REVISTA AUTISMO



Editorial
Esta é [será] a edição de lançamento da Revista Autismo - a número zero -, a concretização de uma meta buscada há muito tempo por pais e profissionais: levar informação séria e transparente de forma impressa, principalmente a pais e familiares de autistas que não têm acesso à internet (ou habilida
de para isso). Destaque-se que há muita informação na internet (confiável e não confiável).

A revista é produzida por pais e profissionais que fizeram dessa luta pela democratização da informação a respeito de autismo uma meta, a qual hoje está sendo alcançada e dando seu primeiro passo de muitos que virão. São pessoas que se conheceram no mundo virtual da internet, em listas de discussões e e-mails, buscando informação sobre um mesmo tema: o autismo. E decidiu-se sair só do online para também o offline, para o bom e velho papel - além de ter um complemento na internet - para disseminar e pulverizar informação respeito dos transtornos autísticos do comportamento no Brasil todo. Importante destacar que é a primeira revista exclusivamente sobre autismo na América Latina e a primeira do mundo em língua portuguesa.

Postado por Nilton Salvador às Sexta-feira, Agosto 27, 2010
Fonte: autismovivenciasautisticas.blogspot.com

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guia para ensinar a usar o banheiro com estrutura TEACCH

Muitas crianças autistas têm dificuldades em aprender a usar o vaso sanitário. O que pode funcionar para uma criança pode não funcionar para outras. Aqui vai um resumo do TEACCH de como ensinar a usar o vaso sanitário. Um dos elementos do programa TEACCH é o ensino estruturado “Structure Teaching” que são as ferramentas usadas pelo programa para dar o suporte necessário para que o autista aprenda novas habilidades explorando seu lado forte de aprendizagem visual, motricidade e rotina, com isso ganhando mais independência.
Primeiro sempre se deve levar em consideração a perspectiva da criança, de que maneira as características do autismo contribuem para a dificuldade de aprender a usar o vaso sanitário.
a) A dificuldade de compreender e manter uma relação social interfere neste processo. A criança regular, de dois a três anos, quer agradar e fica orgulhosa de estarem crescendo e começando a usar cuequinhas, calcinhas. A criança autista não tem esta motivação.
b) A criança autista tem dificuldade em organizar informações e manter uma seqüência. Por isso seguir a rotina necessária para o processo de usar o vaso sanitário e manter o foco que é necessário neste processo torna-se um desafio.
c) A dificuldade em compreender a linguagem e imitar modelos. Eles podem não compreender o que se espera deles.
d) A dificuldade em aceitar a mudança na rotina. A criança já tem o costume de usar fraldas e está familiarizado com esta rotina, pode não compreender a necessidade desta mudança.
e) Dificuldade em organizar informações sensoriais. Estabelecer a relação entre a sensação que o corpo transmite pedindo para ir ao banheiro e as atividades do dia a dia. Com isso não reconhecem os sinais que o corpo oferece. Para muitos, o banheiro pode ser insuportável, o barulho da descarga, ecos, barulho da água correndo e o vaso sanitário que para eles e uma cadeira com um furo no meio com água dentro. No processo de remover a roupa, a temperatura pode afetá-los e a sensação do pano da roupa pelo corpo pode fazer com que a criança não se sinta bem.

Começando:
1) No processo de ensinar a usar o vaso sanitário deve-se definir um objetivo realista compreendendo que será um processo lento. Observe a criança para escolher a melhor maneira de começar. De início estabeleça uma rotina incluindo o horário de ir ao vaso sanitário e colete informações sobre a performance da criança. Leve-a ao banheiro a cada meia hora para tentar usar o vaso sanitário. Depois de duas semanas compare os dados das informações coletadas.
 A criança se mantém seca por um bom período?
 Pode-se notar alguma regularidade quando ela esta molhada ou com fezes?
 Ela faz uma pausa nas atividades quando está molhada ou com fezes?

Para as crianças que todas as respostas foram “Não”, isso significa que elas ainda não estão preparadas para realizar esta meta. Mas recomenda-se que inclua em sua rotina algumas idas ao vaso sanitário para se familiarizar.
Outras informações importantes que se deve coletar:
 A criança está compreendendo esta rotina?
 Como é sua habilidade para vestir-se?
 A criança demonstra medo ou interesse relacionado ao processo de ir ao banheiro (reação à descarga, água, papel higiênico e outros)?
 Qual o seu nível de atenção neste processo?
 Como entra ao banheiro (não entra/entra rápido)?
 Ao tirar a roupa (aceita ajuda, como tirar até o joelho, coxa)?
 Senta-se no vaso sanitário?
 Pega o papel higiênico?
 Usa o papel higiênico?
 Levanta a tampa do vaso sanitário?
 Veste sua roupa?
 Dá descarga?
No final deste processo terá informações suficientes para estabelecer um objetivo apropriado para introduzir o treinamento de usar o vaso sanitário.

2) Estrutura física:
Ao começar o processo de ensinar o uso do banheiro queremos que a criança compreenda que este comportamento (fazer xixi, cocô) deve ser feito no vaso sanitário.Com isso inclua o processo de tirar fralda, limpar, colocar a roupa (relacionada com o processo de usar o vaso sanitário) sempre no banheiro (não tire a roupa da criança e nem troque suas fraldas no quarto) para estabelecer a compreensão para que, para isso, usa-se o banheiro. Crie um ambiente seguro para ela sem muita estimulação. A criança ficará mais calma e responderá melhor.
Pense também nas necessidades físicas (para as crianças que têm dificuldades de locomoção): se necessitam de uma barra de ferro que as ajudem a apoiar seu peso para usar o vaso sanitário. O barulho da descarga, eco do banheiro pode incomodar alguns. Muitas crianças respondem bem a músicas suaves e outros sons que tirem ou diminuam os ruídos naturais do sanitário.

3) Estabelecer suporte visual:
Depois de estabelecer um objetivo apropriado para introduzir o vaso sanitário é importante implementar o suporte visual que demonstre as seqüências de cada ação deste processo. Deve usar um objeto ou foto (PECS) que represente a transição de ir ao banheiro e iniciar uma rotina. Depois de estabelecer esta rotina é importante que suporte estas ações visualmente com objetos, fotos (PECS), escrever as seqüências cada passo (se a criança lê). Descrever as seqüências das ações é importante para que a criança reconheça e faça a conexão dos passos que ele deve fazer. Inclua na seqüência o que ela vai fazer depois de ir ao banheiro (como brincar, assistir TV).

4) Problemas específicos:
Resolva os problemas durante o percurso sempre levando em consideração a perspectiva da criança e como se pode ajudar a solucioná-los usando estrutura visual.
Aqui vão algumas idéias de problemas que pais encontram ao começar este treinamento:
a) Resistência a sentar no vaso sanitário:
 Deixe sentar no vaso sanitário sem remover a roupa
 Deixe sentar no vaso sanitário com a tampa fechada
 Use pinico (se o vaso sanitário for muito alto)
 Demonstre como sentar no vaso sanitário: use um boneco para demonstrar, você senta em seguida e depois, a criança senta.
 Sente junto
 Ofereça ajuda física se necessário
 Ajude a compreender por quanto tempo deve permanecer sentado (deixe-a ouvir uma música e, quando ela acabar, poderá sair. Use um relógio despertador por um minuto).
 Quando ela começar a sentar-se ofereça entretenimento - como livro ou outra coisa.

b) Medo da descarga:
 Não use a descarga até ter algo para ser removido
 Use a descarga quando a criança estiver longe do vaso sanitário (como na porta).
 Marque o lugar que acriança deve estar para você usar a descarga e, gradualmente coloque este lugar cada vez mais perto do vaso sanitário.
 Avise que vai usar a descarga. Exemplo: “está pronto? 1, 2, 3 e já!” (aperte a descarga).
 Deixe a criança usar a descarga

c) Só quer usar a descarga:
 Cobrir a descarga para a criança não ver
 Dê algo para segurar
 Use seqüências visuais para mostrar quando se usa a descarga

d) Brincar com água:
 Ofereça um brinquedo que tenha água para distrair
 Use um papelão ou uma toalha para cobrir as pernas da criança enquanto usa o vaso sanitário.
 Cubra o vaso sanitário até usar.
 Coloque uma pista visual aonde a criança deve sentar-se.

e) Brincar com o papel higiênico:
 Tire do lugar se estiver causando muitos problemas (substitua por lenços de papel)
 Já deixe a mão a quantidade certa que deve usar
 Apresente pistas visuais para quando deve tirar o papel higiênico (use clipes para mostrar até a onde deve tirar ou marque com caneta)

f) Não quer se limpar:
 Tente materiais diferentes (lenço de papel, lenços umedecidos, toalhinha, esponja).
 Considere a temperatura do material.
 Demonstre este processo usando uma boneca

g) Não quer fazer xixi em pé (para os meninos):
 Ofereça um alvo para a criança atingir na água (cereal redondo, por exemplo).
 Aumente o tamanho do alvo se necessário (use alguns cereais formando um círculo).
 Use corante para mudar a cor da água e obter a atenção da criança.

h) Quer manter a fralda:
 Corte o fundo da fralda aos poucos, e ofereça outra fralda quando sentar no vaso sanitário.
 Use boneca para demonstrar o procedimento
 Aumente a quantidade de fluidos (água, suco) e fibra na dieta.
5) Comunicação:

É importante estabelecer uma maneira da criança se comunicar e conseguir independência. É necessário que ela consiga comunicar suas necessidades de ir ao banheiro. Por exemplo, se a criança quando quer ir ao banheiro anda de um lado para o outro indicando para as pessoas que a conhecem que necessita ir ao vaso sanitário, use esta oportunidade para ensiná-la a usar a comunicação sistemática como objetos, fotos (PECS), linguagens de sinais, palavras.


fonte: s.n.t.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

MUITO, MUITO ALÉM DO AUTISMO


silvânia mendonça almeida margarida

O autismo ensina tanto,
e sua armadilha é um
Baile de aprendizagem
de letras tortas se escondendo
com palavras pequenas
mal balbuciadas
mas ainda assim que encanta


Aprende-se a ser grande
No mundo autístico dos filhos
E ver todo encantamento espiritual
Sem títulos, sem nobreza e altivez
O resto é poeira que se vai.
Ou réstia que fica por instantes.
Olha-se para criança querida
e sente o que é a poesia


Muito além do autismo
e das amarras enlaças
que é alma, senão aquilo que
não se põe no poema?
Não é fácil compor a alma,
nem compor o verso,
o medo de não existir nos persegue.

Acorda-se tarde
na sensação de muita experiência
o sono é grave,
mas sem pesadelos
pois há sempre uma fé raciocinada
suas rotinas e do
sentimento de escravidão
há o Descanso da Alma

Muito além do autismo
Em meio à noite longa,
a alma embevecida da vista
do campo orvalhado e
encanta-se com o brilho do luar adormece. ...


E espalha no ar
a leveza de um ser
Além, muito além do autismo
Há o total devotamento da magia
o absoluto desprendimento da vida,
com o pensamento positivo como pano de fundo
A emoção toma conta do poeta
que deixa transcorrer o que lhe vai no coração ...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PECS - SISTEMA DE COMUNICAÇÃO POR FIGURAS

AUTORIA DESCONHECIDA
**(PECS - Picture Exchange Communication System)**: Informações aos Pais

As crianças com autismo, especialmente os mais jovens, freqüentemente tem grandes dificuldades para usar a linguagem expressiva. Cerca de 80% das crianças com autismo que entram nas escolas públicas com idade igual ou menor que 5 anos, não demonstram linguagem útil. Para estas crianças e outras que podem ter alguma fala, mas que r
aramente a utilizam em seu benefício, intervenções intensas e altamente estruturadas seriam necessárias para se conseguir que se desenvolva a linguagem. Outra das principais dificuldades com as que se enfrentam as crianças pequenas com autismo, é como eles se relacionam com as situações sociais. Estas crianças raramente começam uma interação com os adultos e usualmente não a mantém, ainda que iniciada pelos adultos. Desde cedo, a maioria das nossas interações sociais envolvem a linguagem; isto indica que estas crianças enfrentam o problema em dobro.

Muitos pais e profissionais tem tentado ensinar a suas crianças silenciosas a falar. Tal treinamento freqüentemente começa por tratar de ensinar à criança a olhar para o adulto diretamente a sua cara e olhos. Ainda que este tipo de ensinamento funcione, necessita muitas semanas ou meses. A seguir, a criança é ensinada a fazer vários sons e eventualmente, imitá-los. Este passo também necessita muito tempo. Finalmente, a criança é ensinada a mesclar os sons em palavras, estas freqüentemente selecionadas pelos adultos. Durante todo este tempo de ensinamento, a criança continua sem ter um tranqüilo e útil método de comunicar-se com outra pessoa.

Algumas pessoas tem tratado sistemas de comunicação ALTERNATIVOS, isto é, estilo de comunicação que não envolvem a fala. A linguagem dos sinais é um deles e também é o de imagens e outros símbolos visuais. Vários fatores contribuem para tornar estes sistemas relativamente lentos de se aprender. Por exemplo, a linguagem dos sinais necessita imitação, algo não muito fácil para as crianças com autismo.

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Os sistemas de imagens(pelo menos até agora), ensinam a sinalizar(apontar com o dedo) as imagens. Contudo, sinalizar freqüentemente é confuso para a criança e para o adulto, porque a criança nem sempre tem a atenção do adulto ou olha que a imagem é uma imagem de..., ou a criança aponta repetitivamente uma ou mais imagens.

O Sistema de Intercâmbio de imagens PECS (Picture Exchange Communication System) foi desenvolvido pelas dificuldades ao longo dos anos, com outros programas de comunicação (Bondy e Frost 1994). O sistema já foi utilizado com 85 crianças em Delaware, de 5 anos de idade ou menores e que não tinham feito o uso da fala até o momento de entrar na escola. Das 66 crianças que usaram o PECS por mais de um ano, 44 já usam uma linguagem independente e 14 a usam ajudados por sistemas de imagens(ou palavras escritas. Sete destas crianças já não são educacionalmente identificados como autistas e mais de 30 já foram colocados em salas de aulas para crianças com incapacidades leves. Os terapeutas, entusiasticamente apóiam e usam o sistema e os pais tem usado o sistema em casa ou na comunidade.
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O PECS se adquire muito rapidamente; muitas crianças aprendem o intercâmbio fundamental no primeiro dia de treinamento. Um aspecto importante do PECS é que são as crianças que iniciam o processo de comunicação(são elas que iniciam a interação).

Eles não aprendem a esperar ou depender dos adultos para comunicar-se. Eles, imediatamente expressam suas necessidades aos adultos que podem satisfazê-las. Aprender o PECS também tem conseguido um dramático efeito de reduzir as preocupações pelo manejo do comportamento destas crianças, tanto nas escolas como em casa.

O PECS começa por encontrar coisas que atraem as crianças(isto é, coisas que as crianças querem). Estes alimentos podem ser alimentos, bebidas, brinquedos, livros, ou qualquer coisa que a criança constantemente busque e goste de ter. Depois que o adulto(terapeuta ou pai) saiba o que é que a criança quer, uma vez que já realizou esta observação, então uma imagem(fotografia, colorida, ou desenho linear em preto e branco), é feito deste objeto. Suponhamos que a criança goste de passas. Enquanto a criança trata de alcançá-las, um terapeuta fisicamente orienta á criança a apanhar a imagem das passa e colocar na mão aberta do segundo terapeuta - o que tem as passas. Enquanto a imagem é colocada na mão, o terapeuta diz: "Ah! Você quer uma passa!"(ou algo semelhante) e imediatamente da as passas para a criança. À criança NÃO se pergunta o que é que ela quer. À criança NÃO se pede que pegue a imagem. O terapeuta não diz NADA até que a criança ponha a imagem na mão aberta. Lentamente, com o tempo, a ajuda física para apanhar a imagem, é retirada, da mesma forma a ajuda para deixá-la na mão de outro terapeuta. Com pouco tempo de várias interações, a criança tem a iniciativa de começar a interagir, tomando a imagem e entregando a um terapeuta.

...
O passo seguinte resulta em afastar o terapeuta, para que a criança tenha que fazer esforço para chegar até ele. Várias pessoas devem agora estar envolvidas em receber imagens - mas só com a imagem das passas neste ponto. Uma vez que a criança é ensinada a usar a imagem com várias pessoas, então mais imagens de coisas que lhe agradem, serão agregadas. Não obstante, neste ponto, à criança se apresenta uma imagem de cada vez. Depois de estar algum tempo usando várias imagens, uma a uma, então o terapeuta poderá colocar 2 imagens em um tabuleiro(quadro), depois 3, quatro, etc.. Uma criança usando o sistema neste ponto, enquanto que aparentemente faz umas tantas coisas, tem aprendido algumas habilidades extremamente importantes. Quando a criança desejar algo, irá ao tabuleiro de imagens, apanhará uma, irá a um adulto, porá a imagem na mão do adulto e esperará receber o que solicitou. A criança irá tranqüilamente a um adulto para obter algo, em lugar de tratar de obter o objeto enquanto ignora o restante das das pessoas. A importância da criança INICIANDO a interação não deve ser exagerada. A criança NÃO é dependente dos adultos. O sistema PECS logo ensinará a criança a criar enunciados simples como "Eu quero"....."biscoitos", usando várias imagens e uma "tira de frases". A criança deverá seguir entregando a frase a um adulto. O sistema PECS então ensinará a criança a diferença entre solicitar(pedir) e comentários simples como "Eu tenho", "Eu vejo", "Tem um...". para algumas crianças este passo é difícil e requererão algum "ajuste fino". PECS continuará expandindo o número de imagens por enunciado e o número de conceitos sobre os quais a criança poderá se comunicar. Em nossa experiência, crianças que empregam entre 50 e 100 imagens, freqüentemente começam a falar enquanto manuseiam as imagens.(Algumas crianças começam a falar muito antes, enquanto outras crianças devem continuar utilizando as imagens).

Estamos muito contentes com o extraordinário êxito que temos observados com crianças que foram ensinadas a utilizar o PECS. Temos estudos controlados que apoiam o uso do PECS em muitos estados nos Estados Unidos, América do Sul e Canadá, desde crianças pequenas e adultos, e em crianças com autismo e outras incapacidades severas de comunicação. Todas as crianças com quem temos trabalhado em Delaware e New Jersey, tem aprendido, pelo menos, o primeiro aspecto do PECS - intercambiar uma imagem(ou representação visual) por um objeto desejado. Uma alta proporção destas crianças aprendem a falar dentro de um ano ou dois após iniciar com o PECS.

O PECS é fácil de aprender a usar por terapeutas, pessoas e pais. Não requer materiais complexos ou treinamento altamente técnico. Não requer equipamento de alto custo, provas sofisticadas ou pessoal de alto custo ou treinamento para os pais. É uma ajuda tanto dentro da sala de aula, em casa como na comunidade. As crianças que tem aprendido outros sistemas de comunicação, tem mudado rapidamente para o PECS e tem expandido suas habilidades de comunicação. As crianças no PECS estão altamente motivados a prender o sistema, porque eles podem obter exatamente o que desejam.
Entendemos que crianças muito pequenas com autismo, usualmente não tratarão de nos fazer felizes ou sentir prazer com seus êxitos. Por meio do PECS, eles podem aprender a importância de ter outra pessoa para que os ajude e possam aprender a confiar que a pessoas responderão suas mensagens, entregues com calma. Com o sistema correto, e o treinamento apropriado, uma imagem vale mais que mil palavras.

...
*PREMISSAS BÁSICAS

As crianças usando PECS, são ensinados a se aproximar(chegar perto) e dar uma imagem(foto) de um objeto desejado, a seu interlocutor, para obter tal objeto. Ao fazer isto, a criança inicia um ato comunicativo para obter um resultado concreto em um contexto social.

As Explicações para Começar
1.- Disponibilize(ou crie) um Sistema de Símbolos
- Desenhos lineares em preto e branco ( inicie com desenhos de aproximadamente 2 polegadas ( 5.2 cm.)
- Desenhos lineares em cores de 2 polegadas(5.2cm)
- Fotos Comerciais
- Fotografias Pessoais
- Álbum Porta-imagens/fotos

2 - As imagens(fotos) devem estar facilmente disponíveis durante o treinamento
- Utilize um avental de carpinteiro com imagens(fotos)
- Tenha uma caixa de imagens(fotos) bem organizada.

3 - Utilize Velcro de forma generalizada
- Cole(fixe) uniformemente nas imagens e na superfície suporte

4 - Tenha um lugar do quarto ou da casa onde as imagens e/ou quadros estejam disponíveis para o estudante.

...
5 - Ao longo do treinamento, o estudante JAMAIS deverá escutar as palavras "NÃO" ou "Não tenho nada disso".

Estabeleça Reforços

O que é altamente desejado pelo estudante?
Entreviste a família, mestres, amigos.

Valorização do Reforço
Diz-se que um objeto é preferido, se o estudante de uma forma segura o alcança em um lapso de tempo de 5 segundos ou se é selecionado pelo estudante em 3 ocasiões distintas.

Problemas ao Iniciar
1 - Existe uma incapacidade motora que iniba a criança a alcançar as coisas ativamente?
2 - Não limite as opções nesta etapa.

FASE 1: O INTERCÂMBIO FÍSICO
Objetivo:
- Quando vir um objeto altamente preferido, o estudante tomará a imagem do objeto, se aproximará do terapeuta e deixará a imagem(fotografia) na mão do terapeuta
- Ao fazer isto, a criança inicia um ato comunicativo para obter um resultado concreto dentro de um contexto social.

Pontos Chaves
- Dois terapeutas são necessários nesta etapa inicial. Um está atrás do estudante e outro está em frente.
- Não haverá incentivos(estimulações) verbais
- Sempre responda como se o estudante houvesse falado
- Organize, pelo menos, 30 oportunidades ao longo do dia para que o estudante possa solicitar(pedir)

*PASSOS:
A - Intercâmbio Completamente Assistido
- O estudante deverá alcançar o objeto desejado e o terapeuta, fisicamente ajudar ao estudante a apanhar a fotografia.
- Uma vez que a fotografia apenas toque no segundo terapeuta, a criança deverá ser imediatamente recompensada!!!!!
- O terapeuta responde, "Ah! Você quer a bola/biscoito, etc..." "Obrigado por me dizer o seu desejo"
- Não serão utilizadas estimulações diretas nesta etapa, por exemplo: "O que você quer?" "O que foi?", "Dê-me a fotografia". "Pegue a fotografia".
- A mão aberta do terapeuta é a pista(dica) para a criança.


B - Reforço Gradual
- Inicie evitando o elogio verbal, para em seguida elogiar ao estudante quando entregar a fotografia.
- Uma vez que entregou a fotografia, o estudante é imediatamente reforçado Armazenamento de dados
- Repita até que o estudante deixe a fotografia na mão do terapeuta, sem incentivo, de 8 a 10 sucessos.

C - Reduzindo a pista da "mão aberta".
- Esperar, progressivamente mais tempo antes de mostrar sua mão aberta

D - Problemas ao Iniciar
- Alguns estudantes vão se irritar, portanto garanta que o terapeuta esteje com o objeto desejado em sua mão livre(não a mão usada para receber a fotografia)
- Revise suas "ferramentas". Não ponha o terapeuta/pessoa favorita atrás do aluno. Situe a pessoa em frente à criança para manter contato visual.
- Reforce de imediato(EXTREMAMENTE IMPORTANTE).
-Enquanto reforce um intercâmbio apropriado, gire a fotografia diante do estudante quando lhe falar para manter a atenção e aumentar o reconhecimento desta fotografia.

Objetivo:
O estudante irá ao quadro de comunicação, apanhará uma fotografia, irá a um adulto e a deixará em sua mão!.

DESENVOLVENDO A ESPONTANEIDADE

Preparação:
Uma fotografia de um objeto altamente preferido é fixada com velcro em um quadro de comunicação. Estudante e terapeuta estão sentados tal e qual estavam na fase 1.
Pontos Chave
- Novamente, nenhuma estimulação verbal
- Treinar com um grupo de fotografias de, uma de cada vez
- Trabalhar com vários terapeutas(alternando)
- Faça provas de treinamento estruturado, crie pelo menos 30 oportunidades para pedidos expontâneos( Terapia Física, Terapia Ocupacional, Descanso, Lanche, etc.))

Passos:
A - Permita ao estudante uma brincadeira de 10 a 15 segundos com o objeto desejado ou que coma parte do sorvete(picolé, etc.). Apanhe o objeto e mostre o quadro de comunicação com a fotografia. Se for solicitada, ajude-o fisicamente a apanhar a fotografia do quadro de comunicação.
B - Aumente a distância entre o estudante e o terapeuta
- O estudante inicia o intercâmbio ao apanhar a fotografia
- O estudante segura(escolhe) um adulto.

C - O adulto de inclina para trás para que o estudante tenha que ficar de pé para agarrá-lo.
- Gradualmente o adulto aumenta a distância em polegadas(centímetros)
- Conforme o êxito do estudante(4 a 5 sucessos), em seguida os aumentos das distância devem ser maiores.
** As fotografias estão ainda perto do estudante

D - Aumente a distância entre o estudante e a fotografia. Nós queremos que o estudante vá a fotografia e em seguida ao adulto.

FASE 3: DISCRIMINAÇÃO DE FOTOGRAFIAS
Objetivo:
O estudante solicitará os objetos desejados indo ao quadro de comunicação selecionando a fotografia apropriada e voltando ao interlocutor para dar-lhe a fotografia.

Preparação
O estudante e o terapeuta estão sentados em uma mesa, um de cara para o outro(contato visual direto). Tenha disponível várias fotografias de objetos desejados ou contextualmente apropriados, fotografias de objetos irrelevantes ou não preferidos e os objetos correspondentes.

Pontos Chave:
- Nenhuma estimulação verbal - Continue com as atividades organizadas de forma estruturada, durante pelo menos 20 oportunidades aleatórias. - Varie a posição das fotografias no quadro de comunicação até que a discriminação seja alcançada.

Passos:

A - Inicie com um objeto altamente desejável um não preferido. Exemplo: Fotografia de um brinquedo sensorial versus fotografia de uma meia soquete.
- Reforce com o objeto que o estudante escolha. Elogie verbalmente se o estudante escolher o objeto desejado e não demonstre qualquer reação se o estudante escolher o objeto não desejado.
- Continue até que 8 a 10 sucessos sejam alcançados apropriadamente.

B - Acrescente fotografias e manipule o valor do reforço das fotografias "não preferidas", para que a criança aprenda a fazer escolhas entre fotografias que são igualmente desejadas.
* Nesta etapa o terapeuta pode começar a reduzir o tamanho da fotografia (imagem)

Problemas para Iniciar
- Enquanto ensina a discriminação de imagens, assegure-se de trocar a localização das imagens no quadro de aprendizagem para que o estudante não habitue a apanhar uma fotografia em um lugar específico.
- Assegure-se de que o quadro de imagens tenha um título(artigo) "não desejado" em algum lugar entre as demais imagens. Se o estudante escolher uma imagem e em seguida reagir negativamente ao objeto, você saberá que o estudante não está discriminando adequadamente.
- Se o estudante cometer um erro em sua escolha, não responda com um "NÃO" de maneira alguma. Em vez disto, diga o que o estudante lhe falou, "Você quer a meia soquete". Em seguida diga, "Se quiser o vídeo, precisa pedir o vídeo".
FASE 4: ESTRUTURA DA ORAÇÃO
Objetivo:
O estudante solicita artigos presentes e não presentes usando uma frase de várias palavras observando ao livro. O estudante apanha uma fotografia/símbolo de "Eu quero" e a coloca em uma tira de frases(tira de velcro). Logo, o estudante apanha uma imagem do que deseja, a coloca na tira de frase, pega toda a tira de velcro e entrega ao seu interlocutor.

Preparação:
O que deverá estar disponível: 1 . Quadro de comunicação
2 . Tira de frases
3 . "Eu quero".
4 . Imagens e objetos/atividades de reforço


Passos:
A - Fotografia da frase "Eu quero".
A fotografia "Eu quero" é fixada no canto superior esquerdo do quadro de comunicação. Quando a criança desejar um objeto/atividade, oriente-a a colocar a imagem de "Eu quero", coloque-a do lado esquerdo da tira de frase, tome e coloque a imagem do objeto desejado junto a ela na tira de frase. A criança então se aproxima de seu interlocutor e lhe entrega a tira de frase(tira de velcro). Com o passar do tempo, elimine todas as pistas.
*** Considera-se atingido o objetivo desta etapa com 80% de êxito, com pelo menos 3 terapeutas e sem ajuda.
...
B - Movendo a imagem "Eu quero".
Mova a imagem "Eu quero" para o canto superior direito do quadro de comunicação. Quando a criança quiser um objeto/atividade oriente-o a tomar a imagem "Eu quero", situando-a à esquerda da tira de frases, tome e situe a imagem do objeto desejado próximo dela na tira de frases. A criança, em seguida, se aproxima de seu interlocutor e lhe entrega a tira. Com o passar do tempo, vá retirando as pistas.
*** Se considera que alcançou os objetivos desta etapa com pelo menos 80% de êxito com pelo menos 3 interlocutores sem ajuda

C - Referências que não estão a vista
Crie oportunidades para que o estudante solicite objetos/oportunidades que não estão à vista.

FASE 5: RESPONDIENDO A " QUE QUERES?"
Objetivo:
O estudante poderá de maneira espontânea solicitar uma variedade de objetos e pode responder a pergunta "O que você quer?"

Preparação:
Tenha disponível quadro de comunicação com imagem "Eu quero", a tira de velcro (tira de frase) e fotografias (imagens) de objetos. Tenha vários objetos de reforço disponíveis, mas inacessíveis (ocultos).

Passos:
A - Atraso de ZERO segundos:
Com um objeto desejado presente, e a frase "Eu quero" no quadro de comunicação, o terapeuta simultaneamente aponta a frase "Eu quero" e pergunta, "O que você quer?", a criança deve tomar a imagem de "Eu quero" e completar o intercâmbio.

B - Aumentando o intervalo de atraso.
Comece aumentando o tempo entre perguntar "O que você quer?" e sinalizar a frase de "Eu quero".

C - Não dar ao estudante nenhuma pista de sinalizar.
Uma vez que o estudante conseguiu dominar consistentemente a ordem "O que você quer?", então, de forma sistemática, misture para criar oportunidades de pedidos e respostas espontâneas.
FASE 6: RESPOSTA E COMENTÁRIO EXPONTÂNEO
Objetivo:
O estudante responde apropriadamente a "O que você quer?", "O que você ver?", "O que você tem?" e a outras perguntas semelhantes quando estas são feitas de maneira aleatória. Preparação:
Tenha disponível o quadro de comunicação com as imagens de "Eu quero", "Eu vejo", e a de "Eu tenho". Também tenha disponível várias imagens de objetos menos preferidos dos que o estudante já tenha aprendido a imagem.

Passos:
A - "O que você vê?
B - "O que você vê?" versus "O que você quer?"
C - "Ver", versus "Querer" versus "Ter".

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES
1 - Quantas imagens devo introduzir durante a Fase 1?
O número de imagens depende da valorização do reforço e do número de êxitos/seções necessárias para o estudante dominar a fase 1.

2 - Devo de usar somente imagens de um só tema como por exemplo o lanche quando começo a ensinar ao estudante o programa?
Os primeiros êxitos do treinamento na fase 1 tipicamente tem lugar em um formato muito estruturado. O estudante pode ser retirado, inicialmente das atividades em curso para ensinar-lhe a fase 1.

3 - Como decidir quando introduzir novo vocabulário?
O novo vocabulário é introduzido quando a necessidade de reforço seja mínima. O número de imagens utilizadas nas fases 1 e 2 será ilimitado, sempre e quando sejam introduzidas uma a uma.

4 - Como determinar quando é apropriado iniciar a Fase 3?
Pode haver alguma superposição entre alcançar o domínio da fase 2 e da fase 3. Por exemplo, se um estudante aprendeu a ir a seu interlocutor para entregar uma imagem, mas ainda está aprendendo a ir buscar as imagens, neste caso seria correto iniciar o treinamento de discriminação. É importante recordar que a fase 2 nunca termina realmente. O componente crucial do PECS é que o estudante seja um comunicador persistente, um que perturbe em lugar de um que tenha que ser encorajado a comunicar-se.
...
5 - Usar sistemas individuais ou sistemas baseados em aulas coletivas?
Cada estudante deve ter seu próprio tema de comunicação que possa viajar com ele. O sistema é tratado como se fosse um apêndice da criança(como uma cadeira de rodas ou um sapato ortopédico) e a criança deve aprender a ser responsável por ele. Não deve ser o terapeuta ou o parente o que irá carregar o livro de um lugar para o outro. Sistemas de aulas coletivas ou baseada em uma habitação em casa, são extremamente úteis, também. Estes podem ser quadros de "menu", que contenham vocabulário específico. Por exemplo, no banheiro pode ter um quadro com imagens de sabão, toalha, brinquedos de banho, etc.

6 - Como determinar o número de símbolos a ser usado durante uma atividade?
Se o estudante está na fase 1 ou na fase 2 do treinamento, não mais que 1 símbolo deve ser apresentado em cada ocasião. Pode o terapeuta determinar, de acordo com a valorização do esforço e as rotinas naturais, qual imagem deve estar disponível em cada ponto da atividade. Se a criança está na fase 3 do treinamento, o número de símbolos será determinado pela habilidade real do estudante para discriminá-los. Além da fase 3 todas as imagens devem estar disponíveis para o estudante.

7 - Que fazer com uma criança que não se consiga identificar reforços?
Sem uma recompensa potencial, não há potencial de comunicação. Portanto, devemos continuar determinando que objetos e eventos seriam gratificantes para o aluno. Algumas ocasiões isto requererá observação cuidadosa das preferências do aluno, tal como observar ao estudante que para diante de uma janela, ou que freqüentemente senta em uma cadeira de balanço, o que põe a bochecha em uma superfície fresca, etc. Cada uma destas preferências podem ser usadas como uma recompensa potencial, portanto, como um objeto ou atividade a solicitar.


fonte: s.n.t.

domingo, 22 de agosto de 2010

AS CHAVES DO AUTISMO





silvania mendonça almeida margarida
pintura da minha tia Isabel Guerra





Enalteço o amor quando coloco
Em minhas telas da vida toda a cor
quando as marcas profundas se tornam vastas
No jardim dos meus sentimentos
E um passado querido volta em chaves
Abre as portas de um passado florido
Massacra minha alma que ainda não partiu
Do infinito que sonho
ou abismo solitário que me amedronta.




Mas a conformidade bate em meu ser
em lume quando as dores
ignoram santos e castas
A vida é feita de incompletudes
E que meu espectro tenha também partido
e – o autismo voa para a imensidão do infinito
com sonhos e pesadelos que
determinam as portas vazias ...
Cujo grito oco traduz-se em símbolos ilegíveis
numa atração sem cor e cambiante
Correntes de água tão cheias de ilusão
Que tiro do meu cofre de riqueza...




Pinto com um pincel de puro amor
Um arco-íris de grande beleza!
Nas vertentes da vida e no sabor
Abrem-se as chaves do passado e do autismo
A falta de dinheiro e de tratamento
De um tempo que não poderá voltar
Mas foi feliz enquanto durou...


Hoje, o espetáculo da vida
Traz nuanças equiparadas
Ao antigo caminho,
e em sentimentos tropeço
mas minha alma é só poesia
e diz que não devo nada e vai passar...
no silêncio da minha caneta,
do meu papel e do meu antigo giz
Vou usar todas as chaves do autismo,
E aprender a perdoar...

sábado, 21 de agosto de 2010

É estranho!



silvania mendonça almeida margarida


É estranho como a inspiração brota
Quando está entorpecida na reflexão
Ao esperar que um axioma a desperte
Almejando o tempo judicioso

Quantos devaneios
e quantos contentamentos tidos...
Quantas verdades e vontades vividas,
Quantas realizações e nostalgias...
Partidas!

Mas, prezam-se todos os tirocínios
Se a cólera que espuma,
a aflição que mora no espectro da alma,
e aniquila cada alucinação que desaparece,
Tudo o que tortura, tudo o que amaina
E vem o autismo, vem o desaparecimento
Hostiliza a vida e o encantamento

Das palavras ditas e faladas ao vento
Ou se é nômade ou se vive em ócio infeliz
Ou se chama o trabalho ou se açoita o tempo
Nas baladas e canções que ainda não se cantaram
Versos apenas... Letras pequenas
Quantos alvitres abalizam os anos idos
E que não voltam mais...

Mas o remorso e o passado batem na nossa porta

Autismo : Características, Modelos Etiológicos e Estereótipos.

Cristina de Falchi, da Secretaria Municipal da Educação de Americana, psicopedagoga cliníca, com formação em psicanalise.

Breve histórico, com a informação que a detecção da sindrome não é nova, mas o estudo sobre ela sim.
Por volta do século XVIII, Locke e Rousseau iniciaram estudos sobre a natureza humana, qual a função da educação, da cultura, o que impulsionou os estudos de crianças com disturbios graves das capacidades de comportamento social.
(Terapia Comportamental com reforço).
Em 1943, Leo Kanner faz um estudo com 11 crianças de uma instituição, e utiliza a terminologia "alterações autistas de contato afetivo", dizendo as caracteristicas até hoje consideradas como de avaliação/diagnostico de autismo. O termo tinha sido criado pelo psiquiatra Beutler, dirigido a adultos esquizofrênicos.
Nos anos 80, a associacao medica dos EUA criou o DSM-III, classificação que diz as caracteristicas de diversas doenças, que preserva a classificação de Kanner e considera a possibilidade de aparecimento do quadro após 30 meses de idade. Considera o quadro como Crônico e altamente incapacitante, com :

deficiência social grave
deficiência comunicativa grave
ausência de jogos de ficção
Modelos Etiológicos
Kanner / QI / Rutter

QI baixo = 40 % abaixo de 50; 30 % de 70 ou mais
Kanner : QI determinado pela dificuldade de estabelecer vínculo com as outras pessoas
significado das relações sociais
Modelo etiológico Psicodinâmico
pessoa biologicamente normal / sintomas relacionados com condutas parentais inadequadas
Rutter - 1976

QI sem relação com a interação social
modelo etiológico orgânico
crianças com QI abaixo de 70
Modelo Etiológico Intermediário

crianças biologicamente deficientes e vulneráveis e os pais têm dificuldade de ajudá-la.
ESTEREÓTIPOS
Anomalias Motoras
motricidade perturbada em função de esteriótipias
movimentos repetidos e complexos normalmente envolvendo mãos e braços
andam na ponta dos pés
movimentos que envolvem o tronco e o corpo inteiro com paradas bruscas, balanceios
hipertensão do pescoço.
Comportamentos automutiladores
bater a cabeça
morder
arrancar os cabelos
Obsessão por rotina
interrompidos por episódios de imutabilidade.
Os esteriótipos acima devem servir como parâmetros, porém, eles não ocorrem o tempo todo nos indivíduos portadores da sindrome autista; alguns deles mesmo não apresentam tais comportamentos, somente eventualmente os têm. Um autista não está sempre tendo movimentos complexos de visão das mãos, não anda sempre ( ou mesmo NUNCA) na ponta dos pés, e nem sempre exigem uma rotina fixa e imutável. Pois, acima de tudo, são INDIVÍDUOS, não peças médicas...
Estados Autistas ( Alfredo Jerusalinsky - 1980)

Em seu livro com o título acima, o autor retoma o discurso de Freud da síndrome do destino, e do discurso social designando lugar para o sujeito ( esse artigo de Freud diz do perigo do profissional rotular uma pessoa, e do que está envolvido nisso : da imutabilidade de um diagnostico, da perspectiva de crescimento ser cortada pela palavra profissional)

Esse autor coloca que o sujeito tem um desenvolvimento desordenado, e que está dentro de estados autistas; que o caminho humano é a evolução, que o sujeito busca sempre, por inerencia do ser humano, a conquista de novas etapas do desenvolvimento.
Essa é a linha seguida pela Escola Municipal de Americana "Tempo de Viver" ; baseada no princípio de estados autistas, que não congela um individuo dentro de um diagnostico "altamente incapacitante e crônico", mas sim de um individuo que no momento está dentro de um estado autista, e com o auxilio de um enfoque construtivista - dentro da linha da Piaget - e de pressupostos psicanalíticos - que dizem que o indivíduo está com o desenvolvimento desordenado, mas que pode vir a superar essa fase -, busca fornecer auxílio das diversas áreas - psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, pedagogia, dentre outras - para essas pessoas. O desejo é tratar-se de uma casa de passagem, que auxilie os indivíduos nesse momento na vida a superarem suas dificuldades, e não de uma instituição destinada a abrigar pessoas portadoras de problemas crônicos para o resto de sua vida.
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Fonte: Autismo Brasil

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ANDRÉ LUÍS E TIA NININHA





ESTAMOS DE LUTO! Hoje perdemos aqui em casa uma pessoa mais do que querida!
Nossa Tia Nininha! Foi embora numa roupa azul, devargarzinho, entre flores e coroas.
Uma carta linda e uma oração foram a sua homenagem.

Ficaram as velhas alegrias da nossa querida Tia e o quanto amava André Luís.

Mostrava para ele o metrô, o barulho do trem e as asas do avião.
Fez dos seus movimentos brincadeiras de criança. Teve paciência e plenitude.

Amou, sonhou e nasceu dia 18 de junho!


Fica a saudade de uma pessoa linda que foi capaz de compreender o autismo na sua intensidade e desculpar todas as faltas cometidas nas horas difícies na lida do dia a dia. Se chorou é porque foi extremamente feliz!!!

Fique em paz tia Nininha e vá sonhando com as maravilhas da nova vida que espera...

Todos nós daqui de casa...sentiremos imensas saudades!

André Luís também!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O AUTISMO NÃO É SOMBRA DO ISOLAMENTO



silvania mendonça almeida margarida
Pintura da minha tia Isabel Guerra


O autismo é não a sombra do isolamento
O autismo é o pingo da chuva
É o revoar do pensamento
Também oferenda do coração

O autismo é um pedacinho da gente
Na parte de quem tem fome.
É a estrada que tem volta
Alquimia de todas as horas.

O autismo é fulgurar das auras
É uma descoberta da alma
A ponte de um arrosto
O autismo é perene dádiva...

Invencível forma do amor
Inexorável na forma de vencer
O autismo é repleto de sons
De perfumes, de bálsamos...
O autismo não é a sombra do mundo
Com que passamos com nossos filhos
Soberbas e admiráveis horas

domingo, 15 de agosto de 2010

REVISTA AUTISMO

O Brasil está prestes a ter a primeira revista sobre autismo em toda a América Latina e a única.... Neste mês de agosto (2010), será lançada a Revista Autismo e o site RevistaAutismo.com.br com muito material sobre o assunto. Também no Twitter a publicação tem um canal para divulgação e interação (@RevistaAutismo).


A revista será impressa, de circulação nacional e gratuita. Haverá também uma versão eletrônica, online com 100% do conteúdo, além de material extra para ser compartilhado, com acesso irrestrito. O objetivo é levar informação a profissionais e principalmente a pais envolvidos com o autismo, ajudando essencialmente aos que não têm acesso à internet (ou habilidade com a tecnologia), além de democratizar a informação sobre autismo e conscientizar a sociedade sobre essa tão complexa síndrome, que precisa urgente de políticas de saúde pública.

Edição zero


A edição de lançamento (número zero) terá artigos de profissionais de renome, como o neuropediatra José Salomão Schwartzman, o médico Walter Camargos Jr., especialista em Psiquiatria da infância e adolescência, a médica Simone Pires, especialista em Protocolo DAN!, entre muitos outros textos de qualidade.


Para o material extra de cada artigo, a Revista Autismo utiliza a tecnologia de QR Codes (saiba mais aqui), uma espécie de código de integração de mídias, que pode ser lido por celulares com câmera e webcams em computadores, ligando o leitor a um material online complementar e atualizado.


Segundo o editor-chefe da revista, o jornalista Paiva Junior (@PaivaJunior), "o lançamento da publicação, que está com ótimo conteúdo e um design moderno, será um marco para o autismo no Brasil".


Então anote na sua agenda: agosto de 2010 é o mês de lançamento da Revista Autismo, que estará, na íntegra, no site RevistaAutismo.com.br para você ler e divulgar.
Tags: autismo, autista, reportagem, revista

OS SINOS DE MINAS GERAIS



silvânia mendonça almeida margarida

Espectro do poeta.
Inquieto tão intenso e repleno...
Como é natural.
Seu cerne musical.
Desperta os mais lindos devaneios
Quando badalam os sinos de Minas Gerais.
Toca sutilmente a ilusão.
Tange de amor e paixão.
Dedilha o coração com a inspiração
De uma história contada entre lusos e mineiros.


Em muitos dias
Espanto-me ao minutar os mais belos versos de apego
intensos verbos
de uma emoção que nem sempre busca a razão
É autística no seu verbalizar
Que vive a alma, por entre letras,
Que expressa a fúria do sentido, sem sentir.
São almas de gente anônima.
Que dimanam a inspiração que não é dita.
Que são livres... e ânimas


Que dirá a boemia de um escritor
Que reza para todos os homens nas madrugadas
E sinos das velhas igrejas mineiras
Quando se rimam em dizeres de amor



Nas verdades das bocas de ímpios
A mesma alma autística hoje volta
De uma longa jornada, e não mais inveja o infinito.
Se foi Aleijadinho ou Atayde, pouco importa
Hoje tropeça na poesia do silêncio
Como o verbo estas almas não voam livres
Fica a esperança de um novo existir
Ressoam os sinos das velhas igrejas mineiras
“Alma de açúcar, mãos com poesia”...

sábado, 14 de agosto de 2010

A CRIANÇA TODA ESPECIAL QUE O CÉU MANDOU




LILIANA FOSSMO

Uma reunião ocorreu muito longe da Terra:
Está na hora de mais uma criança nascer.
Assim falaram os Anjos ao Senhor lá em cima,
Esta criança especial muito carinho precisará ter.

Ela poderá não correr, nem rir, nem brincar,
Seu pensamento poderá parecer muito ausente,
De muitos modos no conseguirá adaptar-se,
Sempre será conhecida como Deficiente...

Vamos Ter cuidado,pois, para onde iremos mandá-la,
Pois queremos sua vida repleta de alegria.
Por favor, ó Deus, aqueles pai encontrai,
Que possa executar essa tarefa especial para Vós...

Não irão se dar conta esses pais, de imediato
Do papel destacado que lhes foi pedido exercer;
Porém, com esta criança que de cima lhes mandam,
A fé será mais forte, o amor vai florescer...

Logo compreenderão o privilégio que lhes foi dado,
De cuidar, com desvelo, do presente do Céu.
Dessa carga preciosa, tão humilde e tão frágil,
A criança muito especial que é do Céu!

AUTISMO




Dr. Pedro Silva Carvalho - Psiquiatra - e Dra. Manuela Araújo - Interna Complementar Pedopsiquiatria- 18-Fev-2009

O que é? Diagnósticos
Factores de risco Tratamento
Sinais e sintomas

O que é?
O autismo é uma perturbação neurobiológica complexa, incluída no grupo das perturbações globais do desenvolvimento. Estima-se actualmente que, em cada 1000 crianças, 3 a 6 venham a ser diagnosticadas como autistas ou como pertencentes ao espectro autista. Ocorre em todos os grupos raciais, étnicos e sociais, sendo cerca de 4 vezes mais frequente no sexo masculino. O autismo interfere com a capacidade da pessoa de comunicar e de se relacionar com os outros e está também associado a interesses restritos, rotinas rígidas e comportamentos repetitivos. A gravidade dos sintomas pode variar desde quadros relativamente suaves até outros gravemente incapacitantes.



Factores de risco
Cimo da páginaNão existe ainda uma explicação causal definitiva para a génese das perturbações do espectro autista, acreditando-se que provavelmente envolvem factores biológicos e ambientais. A corrente actual, de que se trata de uma doença de origem eminentemente genética, tem vindo a ser apoiada por estudos que demonstram o seu cariz familiar, sendo mais frequente entre irmãos e entre gémeos monozigóticos (a taxa de autismo é cerca de 12 a 14 vezes maior do que na população geral). Embora não esteja identificado um gene específico como causador da doença, os investigadores encontraram evidência que a relaciona com alterações cromossómicas (sobretudo nos cromossomas 7 e 15). A evidência epidemiológica de que o sexo masculino é um factor de risco aponta também para etiologia genética, tendo alguns estudos também encontrado alterações a nível do cromossoma X. Resultados de inúmeros estudos mostram igualmente que muitas crianças autistas têm alterações cerebrais orgânicas, cujo papel causal directo no autismo não está completamente estabelecido. Algumas advêm de factores pré-natais (consumo de álcool, infecção por toxoplasmose ou rubéola nas primeiras semanas de gestação) ou de complicações peri e neonatais (paralisia cerebral, encefalopatia por chumbo, meningite, encefalite, hemorragia cerebral severa, epilepsia e outras). Alguns estudos recentes sugerem também irregularidades em termos neurofisiológicos, tendo-se verificado que doentes autistas têm alterações nos níveis de serotonina e de outros neurotransmissores.



Sinais e sintomas
Cimo da páginaA tríade clássica que caracteriza o autismo é constituída por: dificuldades na interacção social, problemas a nível da comunicação verbal e não-verbal e comportamentos repetitivos ou interesses e actividades repetitivos ou obsessivos. Os défices sociais são considerados, por vários autores, como a característica central do autismo. As crianças autistas apresentam dificuldades em estabelecer uma relação com o outro, em partilhar e expressar emoções. Tendem a estar isoladas, evitam o contacto ocular e mostram desinteresse ou desprezo pela voz humana. Na sua grande maioria não respondem quando se chama pelo seu nome, não esticam os braços para serem pegadas ao colo, não se preocupam se os pais abandonam a sala. São indiferentes às demonstrações de afecto e raramente demonstram algum tipo de reacção, na sua expressão facial, às tentativas de interacção. Os mais velhos podem ter interesse por amizades, mas não compreendem as convenções da interacção social. No autismo, a comunicação verbal está normalmente afectada verificando-se um atraso, ou mesmo ausência (em aproximadamente 50%), na linguagem. Quando presente, o discurso pode revelar algumas alterações, como ecolalia (repetição de vocalizações proferidas por outra pessoa; presente em até 75% dos autistas); alterações da prosódia (ritmo, volume ou entoação do discurso); ou alterações na sintaxe (por exemplo a não utilização, ou utilização incorrecta, de pronomes pessoais ou possessivos [“eu” ou “meu”], preposições ou conjunções). Também a comunicação não-verbal está afectada. Muitas vezes, a criança autista manifesta a sua vontade através de um gesto concreto (apontar, ou conduzir a mão do adulto até ao objecto pretendido) sem que isso seja acompanhado por uma expressão facial concordante ou apropriada, estando maioritariamente com um fácies inexpressivo. Gestos interactivos como o sorriso social, ou o acenar de cabeça, raramente estão presentes. De uma forma geral, as crianças autistas revelam as suas emoções de alegria, medo ou raiva apenas quando a sua intensidade é extrema, fazendo-o de forma, muitas vezes, desadequada (por exemplo, berros ou gritos incontroláveis). Os interesses e actividades de um autista são muito restritos, até mesmo obsessivos e independentes dos estímulos que terceiros possam tentar trazer, por exemplo, com a chamada de atenção para outros objectos. Apresentam incapacidade para o jogo imaginativo ou simbólico. Frequentemente, desenvolvem comportamentos e rotinas rígidos, quase “rituais”, cujas modificações ou alterações causam grande desconforto e inadaptação. Crianças autistas podem reagir de forma exacerbada a mudanças relativamente pequenas na sua rotina diária (por exemplo, mudança na forma como os seus brinquedos estão alinhados ou no trajecto que fazem de carro para a escola). Em muitos doentes estão também presentes tiques e estereotipias do movimento (comportamentos de auto-estimulação, caracterizados por movimentos repetitivos do corpo ou de objectos; por exemplo, balançar o corpo para a frente e para trás repetidamente, abanar as mãos, ou bater constantemente com os dedos em algo).



Diagnósticos
O autismo é normalmente diagnosticado de forma segura a partir dos 3 anos de idade. No entanto, existe actualmente uma tendência no seio dos investigadores para antecipar a idade de diagnóstico, de forma a conseguir intervenções terapêuticas cada vez mais precoces. Os pais são frequentemente os primeiros a notar que há algo de “estranho” com o seu filho. Não raras vezes, começam por suspeitar que a criança possa ser surda e recorrem ao seu médico assistente. O diagnóstico é clínico, baseado na avaliação e observação da criança por um médico especialista, normalmente pedopsiquiatra, pediatra do desenvolvimento ou neuropediatra. Existem actualmente vários instrumentos, escalas ou questionários que facilitam a avaliação e substanciam o diagnóstico. Na sua maioria, funcionam como indicadores da possibilidade de autismo, requerendo posterior avaliação pormenorizada pelo especialista.



Tratamento
Não se dispõe ainda de cura medicamentosa para o autismo. No entanto, um conjunto de intervenções terapêuticas, nomeadamente a estimulação precoce adequada e continuada, pode aliviar alguns sintomas e trazer melhorias em termos do desenvolvimento destas crianças. É actualmente recomendado que a intervenção seja iniciada o mais cedo possível e que sejam contempladas as 3 áreas principais que caracterizam a doença: a interacção social, a comunicação e os interesses e actividades. A intervenção deve ser organizada e estruturada de forma progressiva e, apesar de sempre orientada por terapeuta especializado, deve incluir os pais. As actividades terapêuticas englobam, entre outras estratégias de modificação comportamental, treino de integração sensorial, terapia da fala e treino de competências sociais. Dever-se-á trabalhar de forma consistente (e persistente) no sentido de potenciar a vinculação das crianças aos pais/terapeutas, tentando evitar ou minimizar o isolamento e deterioração social. A terapia familiar pode também ser utilizada para ajudar a família a desenvolver estratégias para lidar com os desafios de viver com uma criança autista. Em termos farmacológicos, várias terapêuticas têm vindo a ser tentadas, mas nenhuma até agora demonstrou alterar a história natural da doença. No entanto, pode ser útil no controlo de sintomas específicos, como a hiperactividade, estereotipias, agressividade ou perturbações do sono. Assim, medicação anti-depressiva é a mais frequentemente usada (32,1%) e pode estar indicada para o alívio de sintomas de ansiedade, depressivos ou obsessivos. Nomeadamente, os inibidores selectivos da recaptação da serotonina (especificamente a fluoxetina) têm vindo a produzir melhorias em termos de linguagem, socialização e estereotipias. Medicamentos anti-psicóticos podem ser usados no controlo de perturbações comportamentais graves e medicação estimulante (usada no tratamento da perturbação de hiperactividade com défice de atenção) é, por vezes, eficaz na diminuição da impulsividade e hiperactividade. Pessoas com perturbações do espectro autista têm uma esperança média de vida semelhante à da população geral, sendo que o prognóstico se avalia em termos de défice de autonomia, funcionalidade e integração social na vida adulta. Muitos especialistas acreditam que o prognóstico é determinado fundamentalmente pela quantidade de linguagem que a criança adquiriu até aos 7 anos de idade, pela capacidade cognitiva da criança e pela presença/ausência de co-morbilidades. De acordo com a maioria dos autores, a intervenção, sendo precoce, contínua e adequada, altera positivamente o prognóstico.

Artigo de:Dr. Pedro Silva Carvalho - Psiquiatra - e Dra. Manuela Araújo - Interna Complementar Pedopsiquiatria- 18-Fev-2009

http://www.alert-online.com/pt/medical-guide/autismo

AS CRIANÇAS COM AUTISMO EM MACAU





Em que idade da vida o problema do autismo é normalmente detectado?
Poderão existir casos detectados na adolescência, mas normalmente é bastante mais cedo, entre os 3 e os 6 anos: a falta de contacto visual, a dificuldade em perceber instruções e segui-las, também nas questões de afecto. Por outro lado, não há dois casos idênticos, e os níveis de dificuldade que resultam do autismo são também muito variáveis. Tal como todos, somos muito diferentes entre nós. O importante é o tratamento individual, cada caso é um caso, os terapeutas é isso que fazem, preparando um plano de apoio de acordo com as necessidades de cada criança, por exemplo a nível cognitivo ou a nível da motricidade.

Legalmente, é previsto que crianças com necessidades educativas especiais tenham uma série de apoios, quer eles sejam numa instituição de ensino especial, quer sejam numa escola regular. As crianças com o espectro do autismo precisam de apoio muito específico, ora em Macau não existe nenhuma instituição de ensino especial que esteja exclusivamente preparada para receber crianças com autismo, de língua inglesa ou portuguesa, existe somente para crianças de língua chinesa.

Números sobre o autismo, que exemplos pode dar-nos?
Lamentavelmente, os números têm vindo a aumentar. Por exemplo, nos Estados Unidos, 1 em cada 140 crianças sofre de autismo.

E qual é a realidade em Macau?
Tive a oportunidade de participar, no ano passado, numa importante Conferência em Hong Kong onde recolhemos a informação de quem em Macau há 373 casos de autismo, com listas de espera por consulta, para avaliação, entre 6 e 9 meses.

Por vezes as pessoas escondem os familiares com problemas…
Sinto que em Macau ainda há casos em que os pais sentem vergonha, medo de serem identificados como tendo algum familiar com algum problema de saúde mais grave – o que dirão os outros?, é sempre uma pergunta que fazem para eles próprios, ou então pensam que saindo com aquela criança, serão rejeitados pela sociedade.

Chegado à idade escolar, que apoio possível, em Macau, que enquadramento legal?
Enquadramento legal existe, tipo de apoio é que não é coincidente. Legalmente, é previsto que crianças com necessidades educativas especiais tenham uma série de apoios, quer eles sejam numa insituição de ensino especial, quer sejam numa escola regular. As crianças com o espectro do autismo precisam de apoio muito específico, ora em Macau não existe nenhuma instituição de ensino especial que esteja exclusivamente preparada para receber crianças com autismo, de língua inglesa ou portuguesa, existe somente para crianças de língua chinesa. Deve ter-se em atenção que há famílias chinesas que optam por matricular as crianças no ensino de língua inglesa: então, também essas sentem muita dificuldade em receber apoio no âmbito sua actividade escolar, enquanto sofredoras de autismo. Os apoios a essas crianças têm de ser feitos na língua que elas dominam.

Há casos em que a criança com problemas de autismo tem de ser internada clinicamente?
Depende do nível de dificuldades que a criança tenha, mas muitos deles conseguem depois ter uma vida independente.

Que apoios vão tendo para manter de pé todo o vosso trabalho na Associação?
Alugámos uma sede, o espaço é pequeno, alugámos mais dois pequenos espaços, tentamos sempre que as entidades oficiais nos cedam alguma instalação maior, mas até agora as respostas são sempre idênticas: não há espaços disponíveis. A realidade é que nós temos de expandir o nosso trabalho à medida que aparecem mais casos merecedores de toda a nossa atenção. Felizmente, temos um exemplo muito positivo que muito agradecemos. Uma escola privada, internacional, cedeu-nos três salas onde podemos realizar o nosso trabalho junto das crianças, a nível educacional, cognitivo, etc. Muitos deles são extraordinariamente inteligentes, excelentes alunos em matemática, por exemplo. Temos apoio do Instituto de Acção Social que cobre, parcialmente, os custos de ajuda a 30 crianças, designadamente no que respeita aos salários dos terapeutas. A Fundação Macau tem apoiado uma parte dos custos que temos feito em algumas obras muito necessárias que tivémos de fazer. Com o pouquinho que temos, fazemos muito, apesar das dificuldades económicas.

Mesmo com essa boa ajuda, não estão resolvidos os problemas de espaço?
Realmente não estão. Temos agora uma outra ajuda, esta veio do sector industrial. Por isso estamos elaborando um plano para uma oficina educacional, onde os nossos adolescentes com dificuldades no aspecto autista que não possam ou tenham muitas dificuldades em seguir o ensino regular, ali tenham treino vocacional.

O trabalho da Associação não é somente realizado nas vossas instalações…
Não, os terapeutas que trabalham connosco, para além de desenvolverem actividade nos centros, vão às residências, vão às escolas, vamos a qualquer lado onde nos disponibilizem espaços e as crianças necessitem.

E custos?
No meu caso, estou em dívida até aos 80 anos! A nossa associação oferece o seu trabalho a todas as famílias, mesmo àquelas com muitas dificuldades. Mas as famílias com melhor nível de vida, que tenham filhos com problemas de autismo, devem investir de imediato no tratamento das crianças. Devem investir nelas, mesmo que só consigam ser independentes, por exemplo no acto de comer. O simples facto de passarem a poder comer sozinhas, sem ajuda, já é admirável e muito esperançoso. Temos casos extraodinários de recuperação, independência e integração social a que chamamos os nossos milagres.

Por vezes, os problemas do autismo não são identificados pelos pais, pensam que os filhos são menos inteligentes… sente que há esse risco?
Esse é um dos grandes dramas, a criança ser mal interpretada, mal compreendida. Mas isso não somente no âmbito do autismo, mas também ao nível da educação. Muitas crianças ouvem durante anos aquelas frases que conhecemos: tu não queres, tu não tentas, tu tens preguiça, és estúpida, não fazes bem as coisas porque não queres. Eu tenho dito, se a criança tem menos de 14 anos não é preguiçosa, ela não faz de propósito, o seu procedimento é um consequência duma qualquer causa que exista. A criança prefere ser apelidada de preguiçosa do que ser confrontada com os seus colegas como sendo menos inteligente que eles; ela sofre bastante quando ouve que a consideram estúpida.

Aceitam pessoas voluntárias para ajudarem nos vossos trabalhos?
De braços abertos!


http://hojemacau.com.mo/?p=169

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

PARÁBOLA DA VIDA AUTISTA





silvania mendonça almeida margarida


A vida de um autista é amiga oculta
como recordação de uma flor...
Ressurge e novamente escreve
sorrisos ou dores daqueles que especiais são...



O que sempre se fez em orvalhadas flores,
odes escritas para um único amor
Um filho especial ou a idolatria de curar o autista
É parábola de uma inteira vida infinita



Quem sabe amanhã não mais existirá em poesia...
ou me comprará um jardim com flores
Borboletas de muitas cores...
Para cura de todos os desencantos do meu ser.


Que o autismo seja lembrado como meu encanto.
Ainda que não por todos os cantos que ele ecoe.
Meu corpo pode até ficar inerte, mas que ele voe
Para onde eu possa entendê-lo.


Às vezes fico a sonhar os espaços
que queria conquistar
A imaginação, a cura e um sério desabafo.
Assim, como se eu fosse o orvalho ao cair na flor
Que se transformaria em pétalas o autismo mitigado



A flor mimosa que abrilhanta o prado
A fortuna nascente vai pedir luz
E o sol ... a estrela de primeira grandeza
onde jaz meus desejos de cura abrandada
Brilhará em intenso fulgor.



Na afluência de coexistir com o autismo
Que vai além dos atalhos e dos caminhos
Nos pós finos das quimeras
Sigo a senda invisível inabitada
Sem tecer a parábola da vida autista
Que se aninha sem cálice no meu coração...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sinais de autismo podem aparecer em bebês com 1 mês de vida




Ana Paula Pontes


Pesquisa foi realizada com prematuros que permaneceram em UTI e revela anormalidades precoces em crianças que mais tarde foram diagnosticadas com o distúrbio.


Diagnosticar precocemente o autismo é tão fundamental para o tratamento e o desenvolvimento das crianças que tem sido o grande desafio da medicina desvendar quando os primeiros sinais podem surgir. Um novo estudo, publicado na edição de setembro da revista científica Pediatrics, revelou que com apenas 1 mês de vida isso já seria possível.

Cientistas do New York State Institute for Basic Research in Developmental Disabilities estudaram 28 bebês de uma UTI neonatal que mais tarde foram diagnosticados com autismo, comparando-os com 112 bebês sem o distúrbio de comportamento. O comportamento e desenvolvimento dos bebês foram avaliados com 1 mês, aos 4 meses e, periodicamente, até completarem 2 anos.

Um dos resultados revelou que, com apenas um mês, 40 % das crianças que foram diagnosticadas com autismo posteriormente apresentaram anormalidades na maneira como visualizavam objetos e mais da metade tinham flexibilidade ou rigidez demais nos braços.

Segundo Antonio Carlos de Farias, neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe (PR), embora os sinais de alerta para autismo possam surgir em crianças tão novas, isso não quer dizer que ela desenvolva o distúrbio no futuro. “O diagnóstico não é tão simples, e deve ser feito por um especialista, mas os pais devem estar atentos desde cedo com o comportamento dos bebês. Em especial aqueles que não oscilam reação de fome ou frio, ficam muito quietos no berço, demonstram uma fixação maior pelo objeto que pelas pessoas e não têm costume de olhar nos olhos”, diz.

O especialista alerta que esse estudo foi feito com bebês prematuros de UTI, e outras pesquisam devem ser feitas com crianças nascidas a termo e diagnosticadas com autismo mais tarde para verificar se as anormalidades precoces seriam similares em crianças não-prematuras também.

fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI161816-15046,00-SINAIS+DE+AUTISMO+PODEM+APARECER+EM+BEBES+COM+MES+DE+VIDA.html

domingo, 8 de agosto de 2010

MEU FILHO E SEU PAI: SERES ESPECIAIS




silvania mendonça almeida margarida


Hoje é comemorado o Dia dos Pais, a famosa semana dedicada a todos os pais na nossa Nação. André chegou em casa com um presente para o seu pai. Uma camisa branca onde estava designada a seguinte frase: “EU MOSTRO A MINHA ARTE, MEU QUERIDO PAI”. Mas todos os dias são Dias dos Pais. O desenho da camiseta era simples e usado de três cores de lápis: laranja, preto e verde e apenas uma garatuja como figuração. Com ajuda da professora da escola, que deve ser muito cuidadosa, assinado ANDRÉ. E a camiseta é linda, transparente, branca e envolve os mais nobres sentimentos de uma criança especial para um pai que é um ídolo. E merece.

Um sentimento indescritível nessas aberturas toma conta do meu ser: será que a arte do meu filho e de todos os filhos autistas e respectivos pais não são ritos de passagem? Os Pais são agentes educativos importantíssimos, uma vez que representam, para os seus filhos figuras de apego e de identificação, também uma grande influência na criança. Não diferentemente com a criança autista, com o adolescente autista, com o rapaz autista.

O que se espera de um pai que tem um filho autista? O pai tem a responsabilidade de educar seus filhos para sua integração. Proporcionar-lhe a ajuda necessária para conseguir seu desenvolvimento integral, físico, moral, espiritual. O lar e a família são os aspectos mais importantes para a integralização feliz da criança autista.

Não se deve tomar nada como eterno, mas pais são ricos e duradouros enquanto a gente estiver na vida. Um pai é a busca de uma estrela, a aspiração de todos os filhos, são realizações que se guardam no interior. Ensinam a vivência e a essência da alma. Mostram a paciência e com tantos ensinamentos que não saem do pensamento.
A cada palavra entre pai e filho, André cresce, acorda e vai a busca do futuro, mesmo que seja um futuro espiritual. Futuro que está nas mãos e na fidelidade de pai para filho.

Basta ouvir o coração e pai e filhos especiais!!! E André seguirá pela vida mostrando a arte para seu pai, não tão somente em camisetas, mas em momentos felizes vividos juntos num verdadeiro lar que abraçou a causa autista.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

PALAVRAS POÉTICAS DA AVÓ DO ANDRÉ LUÍS



Teresinha Mendonça Almeida

Como dizer a você
que me interroga solícita,
por ser mãe duas vezes de um filho autista
Que esperanças posso ter?


No embalo da transparência
respondi com a maior certeza
meu neto é um missionário
que enverba sublime missão


Doa no dia a dia poderosa lição
Distribui luz e pureza
No exemplo de atitudes
que a todos lhe dão a mão


Se todos pudessem sentir
O inverso desta história
Por certo não contariam vitória


Nesta missão tão sublime
A graça que nos redime
Não está na mão para entendermos


Talvez a dádiva maior
na inversão dos papéis
somos nós os devedores
pelas lições e favores

Nesta vida em evolução
no mistério escondido
Surgem os pais que amam e aceitam
na expansão mais perfeita
do abraço por devoção
onde a renúncia, trabalho e carinho
transforma a água em vinho
e sangue seifado em pulsação...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL



Uma criança especial
De uma suscetibilidade que irradia
nas suas necessidades especiais e peculiares
Que de si só nascem o perfume
e a leveza de uma certeza
Que leva consigo a alegria e a beleza
de uma alma primaveril
uma prosa poética aos sensíveis...

Toda a filosofia da educação especial
está contida numa única história:
Uma criança com necessidades especiais
é uma plumagem dourada
Uma mesma ramagem que pode contar
as histórias mais infantis
No silêncio do abraço
e no braço da cadeira de rodas
No afago da mudez, nos olhos mutilados,
nos ouvidos que não escutam
As palavras que nunca
laçam entendimento cognitivo
Mas contornam um tesouro que se deixa
nas mãos de qualquer pessoa humilde
Um presente para o mundo,
único e só há um igual a ele
Sua vida só pode ser o que quiser que seja
Não é injusta ao semear virtudes
Não pensa antes de falar,
E também não magoa ninguém
compreende mais e consegue
acreditar em si mesmo ...
A Alma dos especiais está misturada
com o coração de todos os pais...

A inspiração, às vezes, fica triste
e sua partida é inesperada
chora pela deficiência não entendida
O encanto se perde
E o fazedor de sonhos
não seduz e arrebata
os devaneios nunca vividos
Que são de outro ambiente astral


Toda vez que uma criança especial
é desprezada e não amparada
um passarinho alça seu vôo
e vai certeiro lá para céu
vai assumir o seu posto de anjo
para ficar bem perto de Deus

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tenho um filho com autismo

Eu sabia desde o tempo que eu era uma menina que eu teria meus próprios filhos algum dia. Eu me casei com 22 anos, e em 25 eu me vi grávida do meu primeiro filho. Eu não poderia ter sido mais feliz. Minha gravidez foi bastante típica. Eu nunca preocupado e salientou como algumas mulheres grávidas fazem. Dificilmente me passou pela cabeça que pudesse haver algo errado com meu bebê. Eu li todos os livros de gravidez e seguiram à risca. Não beber, não fumar, comer uma dieta saudável, tendo as vitaminas horrível. Eu nem sequer beber cafeína.

Quando eu descobri que eu estava carregando um menino que eu era ainda mais feliz. Eu sempre quis ter um filho, e meu marido teve duas filhas de seu casamento anterior, e ele ficou muito feliz. Ele seria o primeiro neto de meus pais e eu duvido que alguma vez tenha sido uma criança nascida que foi mais queria.

Ele nasceu um lindo bebê perfeito no início de junho de 2001. O trabalho foi longo e doloroso, mas acabou e eu tive meu bebê. Ele parecia um recém-nascido normal e eu fussed sobre ele como a primeira vez mães costumam fazer. Eu estava no amor, e tirou centenas de fotos dele. Ele foi o primeiro neto, primeiro sobrinho, e foi regado com amor.

Fiz notar algum tempo depois de seu primeiro aniversário que ele pareceu um pouco lento em aprender seu nome, e que ele iria jogar tranquilamente sozinho, enquanto eu deixava. Ele não pareceu muito interessado em o que acontece na da família. Eu pensei que ele era tão sério e inteligente, como ele iria se sentar no chão com um livro de bordo segurava em sua mão gordinha pouco, virando as páginas, como ele já podia ler as palavras. Eu estava um pouco ferido que ele nunca pareceu se importar quando eu o deixei, mas eu risquei que até ele estar tão confortável com os meus pais. Ele se envolveu, ele sorriu brilhantemente e com frequência. Ele iria rir incontrolavelmente quando eu fazia cócegas ou lhe empurrou no balanço do bebê pendurado na árvore em nosso quintal. Ele amava a Blue Clue e ficava na frente da TV e assisti-lo, enquanto eu deixava. Ele foi o meu primeiro filho, e que tinha sido anos desde que passei algum tempo em torno de uma criança pequena. Eu não sabia que havia algo de estranho ou diferente sobre o seu comportamento. O meu médico nunca disse nada sobre o seu desenvolvimento. Ele aprendeu a engatinhar e depois andar para a direita na programação.

Quando ele se aproximou de seu segundo aniversário, eu tive um pouco de tom de preocupação com o fato de que ele não estava falando. Em sua segunda festa de aniversário cercado por uma dúzia de outros miúdos que jogou sozinho, parecia não perceber que eles estavam lá. Senti um aperto pânico de mim, eu sabia que isso não estava certo. Comecei minha longa jornada de preocupação.

Eu procurei na web, procurando respostas. Vi a palavra autismo, mas que rapidamente descartada. Eu sabia que era alguma coisa, mas não é isso. Meu filho sorriam. O meu filho riu, e gostava de ser abraçada e cócegas. Eu aprendi sobre a intervenção precoce e agendada uma avaliação. Ele se ajustam aos critérios por trás e foi bastante em várias áreas que se qualificou para iniciar a fala, OT e uma escola de desenvolvimento pré. Perguntaram-me se eu queria um terapeuta comportamental para vir vê-lo, e eu disse que sim. A mulher que foi enviado um conhecedor, classificar experientes educados que não fez rodeios. Ela passou uma hora com o meu filho e me disse que ela estava muito certo o meu filho tinha autismo.

Assim começou a nossa vida de terapia e terapeutas. Eu li todos os livros, artigos, e uma página web sobre o autismo que pude encontrar. Eu estava esperançoso. Eu li todas as histórias da mãe, que tinha "curado" dos seus filhos, que foram agora "típicos" e de vida como qualquer outra criança. Eu fiz tudo. Fala, OT, ABA, a terapia comportamental. Levei-o para um hospital da cidade vizinha, conhecida por seu trabalho com o autismo e tem o diagnóstico eu já sabia. Foi esmagador, mas também alívio, só para ter o diagnóstico oficial.

Aqui estou eu, quatro anos depois. Eu tenho um belo garoto de 7 anos pouco feliz idade. Ele tem autismo clássico. Ele não fala, ele não é toalete treinado. Ele possui centenas de brinquedos que ele não jogar, preferindo a balançar no balanço pendurado na porta ou subir e descer a escada. Ele adora ficar na janela e olhar para fora. Ele adora água, uma piscina, uma banheira ou uma mangueira de água, ele não se importa. Ele não dominou um garfo e colher, preferindo comer com as mãos. Ele adora laranjas, e pode ouvir um saco de batata chips rattling três quartos mais. Ele odeia sapatos e seria nu todos os dias se eu deixá-lo. Sabe que eu sou a mamãe e se eu pedir a ele com um som F Às vezes ele me olha e sorri, e de graça me, com um "mamãe". Ele ainda ama cócegas e pular no meu colo para um squeeze e uma vezes cócegas várias vezes ao dia.

Ele ainda vai para a terapia, a terapeuta da fala privada e outras terapias na escola, onde ele está em sua second rodada do jardim de infância numa sala de aula típica. Eu me sinto como seus professores, ajuda e terapeutas na escola verdadeiramente amam e me sinto seguro enviá-lo ali todos os dias. Ele melhorou, lentamente, em algumas áreas. Eu aceitei que ele nunca pode falar. Fiz as pazes com isso, mas ainda espero que todos os dias que ele vai. Eu aceitei que ele é diferente e aprendi a conviver com a ignorância das pessoas ao meu redor que não sabem o autismo, que não tiveram em suas vidas. Ainda.

Ele é meu, e eu o amo. Ele traz tanta alegria para minha vida e mudou quem eu sou. Acho que ser mãe me tornou uma pessoa mais amável e menos crítico. Se eu pudesse ter o autismo embora, eu o faria. Mas tenho que admitir que eu não posso. Eu levá-la um dia de cada vez.


fonte: http://www.experienceproject.com/l/pt/s/historias/Meu-Filho/185196

domingo, 1 de agosto de 2010

OS OLHOS CHOROSOS DE TUA MÂE!!!





silvania mendonça almeida margarida


Acordas
Não tenhas receio do dia
Tu choras embora
Não pertenças a qualquer
Queixosa união

E a tua chama
Ou do teu olho aceso
E de tua insônia
Rebocas o por do sol
Com o mesmo cuidado
De quem transporta
Um barril de ilusões

No paiol do quarto
E nas noites dos gatos
E a dor alheia doendo em ti
Acordas sempre
Saindo deste mundo hostil

Lá, naquele recanto, que escolhestes
não vives apontando ruas e escolas
não driblas o alambrado e as redes
não corres atrás dos pássaros e dos viveiros
És justamente como a tela de um alfobre
Onde te fazes prisioneiro... e por quê?


Dou garantia do que te falo
Se te libertas, és um mágico de ti
A liberar muitos avestruzes
Muitos versos e muitas poesias
E o teu é nome Luís
Rian para os afiados
Dar-te-ão tratos aos caramelos
E fitar-te-ão fora dos gramados...

Não escrevas porque não sabes
Nem garatujas e nem rabiscos
Mas manténs o broto aberto
Para poder infiltrar-te,
ir mais além, além...
E externar o teu inverso
Pois dentro dou teu Eu autístico
Podes transpor até a mais,
muito mais e mais...
a recôndita medula do teu coração
E enxugar os olhos chorosos de tua Mãe!!!

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