terça-feira, 26 de junho de 2012

Patinhos feios sobem nos grilhões do céu ou são autistas?




Silvania Mendonça Almeida Margarida

Escolhi, por causa do amor, ser mãe de um patinho feio que se transformou em cisne.
Dizia o mundo que meu patinho feio vivia num mundo de patologias complicadas e que nunca descia do seu céu para cumprir asas e bicar seu lago, pegar peixinhos e algas. Esse meu patinho era diferente, por assim dizer. Asas encurvadas, bico vermelho e olhos distantes. Um olhar gratificante, às vezes, para mim sofridos a maior parte do tempo, lindo e meigo para o lago que lhe inspirava. Sua imagem refletia em si mesmo. Não deixava de ser imponente, como a história do patinho feio que virou cisne numa realidade bem diferente.
Se o meu amor não fosse tão intenso e tenaz, eu diria que teria motivos para desânimo. Afinal, o nosso raciocínio ainda está fixado apenas em labutas do dia a dia e não consegue ler nas entrelinhas das ondas do lago.
E patinho não nada em grandes oceanos, em grandes mares, em grandes rios, em grandes lagoas, não fica perto de pororocas. Patinho que é patinho nada em pequeno lago, cobre-se de pequeno manto de água e contorna o “pound” em passos lentos do seu compasso estreito.  De vez em quando alça pequeno voo entre arbustos das margens e fica por ali.  Mas sempre sozinho, olhando a sua imagem refletida na imagem da sua água cristalina.
A minha preocupação com meu patinho não residia em doenças físicas ou genéticas, em seguir protocolos, padrões de condutas médicas, calendário de vacinas,  lidar com famílias e suas dificuldades.  Pato que é pato não são seres complicados fabricando seres a cada dia mais complicados.  É apenas um pequeno ser que precisa de asas para voar e pés para remar.
Claro que o mundo está cheio de boas intenções e reparam  em tudo. Claro que isso ainda vai desembocar em insolente e seletiva encrenca das boas – muitos belos patinhos na aparência tornam-se patinhos feios sem que o sejam.
Mas não como o meu cisne. O foco das minhas intenções era a educação e instrução em ensiná-lo a ir  ao mais alto grilhão do céu, buscar a linda estrela e vivenciar a mais pura educação.
Uma educação focada quase que exclusivamente na instrução fundamentada – como pouca ou nenhuma preocupação em saber quem somos nós e o que fazemos aqui. Enfim, ter apenas o interesse em educar para a vida; querer transformar minha ninhada de patos em número de três, passando pela fase de marrecos e de gansos, em cisnes num passe de mágica. Mas com sacrifício de quem utilizou as asas.
Ambicionamos oferecer aos nossos filhos o que a vida nos negou.  Nutri-los com disciplina, cuidados, atenção e amor.  Daí, podemos criar fortes e poderosos seres; sem sofrimentos  em valores e aquisições,  pois, além de tudo foram patinhos feios que a vida ensinou ser  cisnes.
Por quê? Para que? Não teria significado refletir que os episódios ocorrem por misteriosos desígnios, apenas, porque metade da tarefa é nossa. Afinal somos candidatos a sensíveis cisnes (que alguns avocam como seres angelicais, mães e pais experientes).  A vida não é uma obra alquebrada, mas em direção, constituição e reconstrução.
E, assim, biografia afora, o meu pequeno e isolado patinho, que os outros patolenses estão aprendendo a amar  com fervor, vai vida afora tranquilo e feliz. Olha para um lado e para outro, garboso, não entende a aflição da sociedade patolense que o rodeia e continua a aprender a nadar.
E eu?  Sou capaz de imitar uma série de ações que ultrapassam as  minhas próprias competências, mas somente dentro de limites da patolândia.
Patinho lá, patinho aqui, estou começando a aprender o que seja o autismo. É como o meu cisne se vê refletido em seu lago, querendo ir para os grilhões do céu. Basta acompanhá-lo e aprender com ele. Somente com ele.

BH, 26 de junho de 2012. 017mm

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Época vindoura




silvania mendonça almeida margarida


Época vindoura,

eu saio para adjudicar o folheto.

Com ombros e braços escuros,

para  a criança autista que sorri e me faz livre.

Gostaria de ser burlesca, de ser frígida e interesseira,

de desalentar

se ela bater asas e voejar

na mesma atitude

que eu jogo pintura azulada

 numa folhagem

 em qualquer canto do papel

Para a criança autista sorrir pelo menos uma vez

Única vez...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

SINTOMAS DO AUTISMO


+ SINTOMAS DO AUTISMO +
Resiste a métodos normais de ensino.Risos e gargalhadas inadequadas.Ausência de medo de perigos reais.

Aparente insensibilidade à dor.Não se aninha.Forma de brincar estranha e intermitente.

Crises de choro e extrema angústia por razões não discerníveis.Gira objetos.Dificuldade em se misturar com outras crianças.

Resiste a mudanças de rotina.Habilidades motoras fina/grossa desniveladas.Hiperatividade fisica marcante ou extrema passividade.

Apego inadequado a objetos.Ecolálico.Age como se fosse surdo.


+ A CULTURA DO AUTISMO +



Pedro Paulo Rocha do Entendimento teórico à práticaeducacional por Gary B. Mesibov e Victoria Shea Divisão TEACCH - Departamento de Psiquiatria Universidade da Carolina do Norte em Chapell Hill revisão 1996.

+ INTRODUÇÃO +



Cultura é algo que se define como padrões compartilhados do comportamento humano. As normas culturais afetam a maneira pela qual as pessoas pensam, comem, se vestem, trabalham, interpretam os fenômenos naturais, a forma de praticar o lazer, de se comunicar e outros aspectos fundamentais das interações humanas.


As culturas apresentam ampla diversidade quanto a estes aspectos, de tal forma que as pessoas de um grupo, às vezes, podem encarar como incompreensíveis ou muito estranhos, os hábitos e costumes de uma outra cultura. A cultura, no sentido estritamente antropológico, é passada de uma geração para outra. As pessoas pensam, sentem e se comportam de certa forma porque outras, em sua cultura, assim as ensinaram.O autismo, obviamente, não é uma verdadeira cultura; é um distúrbio de desenvolvimento causado por uma disfunção neurológica. Entretanto, o autismo também afeta a maneira que pessoas se alimentam, se vestem, praticam o lazer, entendem seu mundo, se comunicam, etc. Consequentemente, de alguma forma, o autismo funciona como se fosse uma cultura, sob a perspectiva de que produz padrões de comportamento característicos e previsíveis nas pessoas sob esta condição. O papel do professor de um aluno autista é semelhante ao de um intérprete transcultural: alguém que entende ambas as culturas e é capaz de traduzir as expectativas e procedimentos de um ambiente não-autístico para o aluno com autismo. Desta forma, para ensinar um aluno autista devemos entender muito bem a sua cultura, seus pontos positivos e os déficits associados a esta.O autismo é um distúrbio de desenvolvimento caracterizado por dificuldades e anormalidades em várias áreas: habilidades de comunicação, relacionamento social, funcionamento cognitivo, processamento sensorial e comportamento. Aproximadamente de 10 a 15% de pessoas com autismo tem inteligência na média ou acima; 25 a 35% funciona a níveis próximos a deficiência mental leve, enquanto o restante é portador de deficiência mental entre moderada e profunda.A faixa de QIs encontrados na população de pessoas com diagnóstico de autismo é bastante ampla; outra fonte de ampla variação é a distribuição de habilidades encontradas a nível individual. A maioria das pessoas com autismo geralmente apresenta um padrão de relativa ou significativa importância em certos aspectos da memória, percepção visual ou talentos isolados (ex. desenho, ouvido musical absoluto).Em virtude de os problemas de base orgânica responsáveis pelo autismo não serem reversíveis, não encaramos a "normalidade" como meta de nossos esforços terapêuticos e educacionais. Diferentemente, a meta a longo prazo do Programa TEACCH é aluno com autismo se adequar o melhor possível à nossa sociedade, quando adulto. Nós atingimos esta meta através do respeito pelas diferenças que o autismo desenvolve em cada aluno, e trabalhando inseridos da sua cultura, para lhe ensinar as habilidades necessárias para funcionar dentlro do âmbito da nossa sociedade. Trabalhamos para ampliar as habilidades e entender os alunos, enquanto adaptamos os ambientes às suas necessidades especiais e limitações. Na verdade, o que tentamos fazer por eles é o que nós mesmos desejaríamos que nos fizessem quando viajamos em um país estrangeiro: Enquanto tentamos aprender algo da língua estrangeira em questão e obter informações relativas aos costumes do país, tais como o sistema monetário ou como pegar um taxi, ficaríamos também muito felizes em ver sinais na nossa própria língua e em ter guias que pudessem nos ajudar durante o processo de compra de uma passagem de trem ou de pedir uma refeição. Da mesma forma os serviços educacionais para autistas deveriam ter duas metas: 1) aumentar sua compreensão; e 2) tornar o ambiente mais compreensível.Para atingir estas metas e para ajudar pessoas com autismo a funcionar mais adaptados à nossa cultura, é necessário conceber programas tendo como base os pontos positivos e os déficits fundamentais do autismo, que afetam o aprendizado e as interações no dia a dia. Esta abordagem do autismo visa identificar déficits, com objetivos diagnósticos, de uma forma diversa. As características diagnosticas do autismo, tais como déficits nas área social e problemas de comunicação, são úteis para distinguir o autismo de outras deficiências, mas são relativamente imprecisos para a conceituação de como um indivíduo portador de autismo entende o mundo, age com base nesta compreensão e aprende. A seguir relacionamos as características fundamentais do autismo que interagem, produzindo os comportamentos que abrangem a "cultura" deste distúrbio.As dificuldades abaixo descritas, não são exclusivas do autismo. Muitas das características encontradas no autismo, existem em outros distúrbios do desenvolvimento, tais como deficiência mental, distúrbios de aprendizagem e distúrbios da linguagem. Alguns são vistos em algumas condições psiquiátricas, tais como o distúrbio obsessivo-compulsivo, personalidade esquizóide e distúrbios de ansiedade. Muitos deles são também ocorrem em crianças com desenvolvimento normal ou mesmo em nós mesmos. O que distingue o autismo é a quantidade, gravidade, combinação e interação de problemas, que resultam em deficiências funcionais significativas. O autismo é um conjunto de déficits e não uma característica isolada.



+ PENSAMENTO +1. Falta do conceito de sentido.



O problema primário, que caracteriza o pensamento de indivíduos portadores de autismo, é a inabilidade de dar sentido às suas experiências. Eles atuam em seus ambientes, podem aprender habilidades, alguns podem aprender a usar a linguagem, mas não têm capacidade intrínseca de entender o significado de suas atividades. Eles não estabelecem relações entre idéias e eventos. Seu mundo é consistido por uma série de experiências e demandas sem relação umas com as outras. Os temas, conceitos, razões ou princípios subjacentes são, para eles, tipicamente obscuros. Este sério prejuízo na geração de sentido está, provavelmente, relacionado a várias outras dificuldades cognitivas graves.2. Enfoque excessivo em detalhes.Eles apresentam habilidade limitada em priorizar a relevância destes detalhes. Alunos com autismo são, com muita freqüência, muito bons na observação de detalhes minúsculos, especialmente os visuais. Freqüentemente percebem quando os objetos do seu ambiente foram mudados e podem ver pequenos fragmentos abandonados, fios de linha que podem ser puxados, flocos de pintura a serem pinçados, quadrados do forro a serem contados, etc. Alguns deles também notam outros detalhes sensoriais, como os sons de ventiladores e máquinas. Indivíduos que funcionam em um nível de inteligência mais alto usualmente se concentram em detalhes mais cognitivos, tais como chamadas de estações de rádio, códigos de área de números de telefone, ou capitais de estados. O que os alunos com autismo são menos capazes é de acessar a importância relativa de todos os detalhes que foram observados. Eles podem se concentrar na visão do fio de linha que estão balançando enquanto atravessam uma rua, e não perceber a aproximação de um ônibus que estiver chegando; ou eles podem entrar em uma sala e comentar sobre os sons dos ventiladores, ignorando o fato de que o almoço está na mesa.3. Falta de Concentração.É freqüentemente difícil pacientes autistas prestarem atenção ao que seus professores querem, porque estão concentrados em sensações que, para eles, são mais interessantes e importantes. Além do mais, seus focos de atenção, com freqüência, mudam, rapidamente, de um objeto para outro. Geralmente as fontes de distração de crianças de nível funcional mais baixo são visuais. Um professor pode colocar um lápis em uma mesa e a criança ficar tão distraída pelo lápis que não consegue executar seu trabalho. Ou o aluno vê algo além da porta e fica tão distraído que pára de trabalhar para lhe prestar atenção. Os estímulos auditivos podem ser também fonte de significativa distração. Um aluno pode ouvir um ruído que o professor não sequer pode ouvir, cinco salas distante, e ficar incapaz de se concentrar. Alguns alunos com autismo são também, aparentemente, sujeitos à dispersão por estimulação interna, tais como a lembrança de um palito de madeira, barbante, xícara, ou outro objeto, de que eles se recordem, de experiências passadas. Ou eles podem ser distraídos por processos cognitivos internos tais como rimar, contar, calcular ou recitar fatos que tenham memorizado. Independentemente da fonte de dispersão, pessoas com autismo tem uma grande dificuldade em interpretar e priorizar a importância de estimulação externa e pensamentos que as "bombardeiam". Alguns deles olham, se movem e exploram o ambiente constantemente, como se todas as sensações fossem igualmente novas e excitantes. De fato, para eles, elas o são. Outros lidam com este bombardeio aparentemente bloqueador da maioria dos estímulos circundantes, ficando concentrados em um tipo muito limitado de objetos.4. Pensamento Concreto.Indivíduos com autismo, independentemente do nível cognitivo, têm relativamente maior dificuldade com conceitos lingüísticos simbólicos ou abstratos do que com fatos e descrições objetivos. Na cultura do autismo cada palavra significa apenas uma coisa; elas não tem conotações adicionais ou associações subjacentes. Um exemplo deste fato é um jovem de 15 anos com um QI mediano que, quando lhe foi perguntado sobre o significado da frase "o pássaro que chega mais cedo pega a minhoca", respondeu que "se o pássaro levanta pela manhã bem cedo, ele pode pegar uma minhoca se a ver e se ele a pegar, ele pode comê-la logo, e então ele pode continuar a procurar outra minhoca". De forma similar, quando foi feita a pergunta sobre o significado da frase "não chore sobre o leite derramado", ele respondeu, "se você derramar seu leite você não deveria chorar sobre ele, mas você deveria pegar um pano, enxugar o leite e depois limpar o pano e depois ir pegar mais leite".5. Dificuldade em Combinar ou Integrar Idéias.É mais fácil para pessoas com autismo entender fatos ou conceitos isolados do que combinar conceitos, ou integrá-los com informações relacionadas entre si, particularmente quando estes conceitos parecem ser de alguma forma contraditórios. Por exemplo, um jovem viajava regularmente para um camping chamado "Camp Dogwood" (Dogwood é uma espécie de arbusto). A maioria das viagens ao camping foram no outono e no início da primavera, quando os "dogwoods" nunca estavam florescendo. Cada vez que este jovem chegava ao Camping Dogwood ele expressava seu desejo de os ver floridos. Finalmente, ele pode satisfazer seu desejo quando seu grupo foi ao Camping Dogwood em abril. Sabendo quanto tempo ele havia esperado, a senhora que gerenciava o camping colocou um bouquet de flores de dogwood em seu prato, para que ele pudesse encontrá-lo quando viesse para o café da manhã no primeiro dia de sua estadia. O jovem pegou o bouquet de dogwood e se encaminhou diretamente até a cozinha, olhando para a gerente, supostamente para agradecê-la. Ao invés disto, ele fez um longo discurso sobre a importância de proteger a natureza (ele era membro de um clube de proteção ao meio ambiente) e a inadequação de colher flores. Quando lhe foi explicado que ela era uma mulher gentil, que tinha colhido as flores num gesto de afeição, ele insistiu que se ela fosse gentil, deveria saber que agredir o meio ambiente era errado e, sendo assim, ao censurá-la, ele estaria lhe fazendo um favor. Ele não podia entender como dois conceitos inconsistentes (pessoas gentis salvam o meio ambiente e uma pessoa gentil colheu flores) poderiam estar ambos corretos.6. Dificuldade em Organizar e Sequenciar.Os problemas com organização e sequenciação estão relacionados com a dificuldade global de integrar múltiplas informações. A capacidade de organizar requer a integração de vários elementos para atingir um objetivo predeterminado. Por exemplo, se alguém está planejando uma viagem, esta pessoa tem que prever o que será necessário levar para fazer as malas, antes de sair. Outro exemplo seria a necessidade de coletar todos os materiais necessários antes de completar, detalhadamente, uma tarefa. As habilidades de organização são difíceis para pessoas com autismo porque elas requerem, simultaneamente, a habilidade de concentração tanto na tarefa imediata quanto no resultado almejado. Este tipo de enfoque duplo é aquele ao qual pessoas que se prendem a detalhes específicos e individuais não se dão bem.Sequenciar é algo difícil para pessoas com autismo porque demanda habilidades similares. Não é incomum pessoas com autismo executarem uma série de atos em uma ordem ilógica e contraproducente, que eles parecem não perceber. Por exemplo, uma pessoa pode levantar pela manhã, pentear o cabelo, depois tomar banho e lavar o cabelo. Um autista, ao fazer um sanduíche, pode sobrepor duas fatias de pão e depois por a carne em cima, ao invés de pão, carne e depois pão, como tipicamente fazemos em nossa cultura. Desta forma, eles nos mostram que apesar de terem dominado as etapas isoladas de um processo complexo, eles não entendem a relação entre as etapas ou o sentido destas etapas, em relação ao objetivo final.7. Dificuldades em Generalizar.Pessoas com autismo, frequentemente aprendem habilidades ou comportamentos numa situação, mas têm grande dificuldade em transferi-las para outra situação. Por exemplo, eles podem aprender a escovar os dentes com uma escova de dentes verde e depois relutar em escovar os dentes com uma escova de cor azul. Eles podem aprender a lavar pratos, mas não perceber que o mesmo procedimento básico é usado para lavar copos. Eles podem aprender a enunciar literalmente uma regra, mas não entender o seu propósito subjacente e, então, terem problemas em aplicá-la em situações diferentes. Por exemplo, um jovem com autismo, de alto nível funcional, costumava chegar ao prédio onde trabalhava, de manhã bem cedo, para trocar de roupa. Foi dito a ele que apesar do prédio não estar oficialmente aberto aquela hora, ainda assim haviam pessoas lá, se preparando para o dia de trabalho, e que estas pessoas não queriam que ele trocasse suas roupas na frente delas. Ele aparentemente entendeu a solicitação mas, o que ele começou a fazer, foi trocar de roupa fora do prédio, no estacionamento, na frente de todos que passassem por ali. Ele honestamente não entendeu o conceito por trás do pedido, porque ele teve dificuldade em distinguir, sob outras perspectivas, as situações em que ele poderia trocar suas roupas e quando não poderia.Além dos déficits cognitivos múltiplos, o autismo apresenta alguns padrões bio-comportamentais característicos:1. Forte Impulsividade.Pessoas com autismo são freqüentemente muito insistentes em fazer coisas que eles desejem, não importando que sejam objetos preferidos, experiências, ou sensações, tais como tocar algo, executar um ritual complexo, ou repetir um padrão comportamental ritualístico. Estes comportamentos, que se assemelham os sintomas do distúrbio obsessivo-compulsivo, podem ser muito difíceis de serem evitados ou controlados por professores e pais. Em verdade, existe nestes comportamentos tamanha determinação que eles parecem não estar sob o controle consciente do indivíduo com autismo. Direcionar, controlar e canalizar estes comportamentos é o maior desafio.2. Excessiva Ansiedade.Muitas pessoas com autismo tendem a apresentar altos níveis de ansiedade; eles estão freqüentemente frustrados ou a ponto de ficarem frustrados. Uma dose desta ansiedade é provavelmente devido a fatores biológicos. Além disto, a ansiedade pode ser resultado das constantes confrontações com o ambiente, que é imprevisível e opressivo. Por causa de seus déficits cognitivos, as pessoas com autismo têm dificuldade em entender o que é esperado deles e o que está acontecendo ao seu redor; a ansiedade e a agitação são reações compreensíveis diante deste constante grau de incerteza.3. Anormalidades Sensório-perceptuais.Há muito é sabido que, nas pessoas autistas, os sistemas de processamento sensorial são perturbados. Nós encontramos autistas com preferência alimentares muito incomuns, outras que passam o tempo olhando seus dedos em movimento ou friccionando texturas em suas bochechas, ou se dedicando a ouvir sons não usuais muito perto do ouvido, para poder também sentir as vibrações. Sabemos que as pessoas com autismo não respondem aos sons da mesma forma que os outros, levando a que os outros pensem que eles são surdos, quando têm perfeita acuidade auditiva. Algumas pessoas com autismo parece confundir o sentimento de ser beliscado com o de receber cócegas ou parecem não sentir dor alguma. Outros escolhem se balançar para frente e para trás, com um padrão repetitivo, durante horas seguidas. De formas muito diversas, pessoas com autismo demonstram que suas diferenças começam ao nível de processamento de algumas ou de todas as sensações que seus corpos recebem, a cada instante.




+ PRINCÍPIOS EDUCACIONAIS DO TEACCH +


Devido aos padrões cognitivos e comportamentais característicos do autismo, o Programa TEACCH tem desenvolvido formas de ajudar as pessoas com autismo a funcionar dentro do ambiente na cultura à sua volta. Com mais de vinte anos de trabalho neste sentido, o Departamento TEACCH tem criado programas educacionais que têm sido extremamente bem sucedidos, no atendimento ao objetivo em questão. O programa educacional TEACCH é baseado em muitos princípios:1. Áreas de Competência e Interesses.Todos os alunos têm suas áreas de competência (pontos positivos) e interesses em que podem se tornar mais funcionais. Por exemplo, se um aluno é muito atento a detalhes visuais, nós lhe ensinamos habilidades de arrumação, seleção e colagem, que podem ser usadas em situações reais de trabalho (emprego). Podemos, com base na compulsão de um aluno por executar tarefas em uma determinada seqüência, o ensinar a usar listas de testes para uma variedade de trabalhos, tais como, cuidados pessoais, trabalhos domésticos, habilidades vocacionais e mesmo habilidades de lazer. Embora não possamos mudar as características do autista, podemos usá-las como um meio de ajudar o aluno a adquirir as habilidades exigidas por nossa cultura.2. Avaliação Meticulosa e Frequente.Todos alunos têm um potencial para desenvolver e melhorar suas habilidades. Desde o indivíduo mais gravemente retardado e a criança não verbal, com problemas de higiene e agressão, até aquele com alto nível funcional, capaz de ler, escrever e passar algum tempo sozinho na comunidade, todos os alunos com autismo têm lacunas nas habilidades, mas também têm potencial para progredir. No programa TEACCH, nós iniciamos o processo de planejar um programa educacional pela observação da maneira pela qual o aluno responde e aborda uma variedade de objetos, instruções e atividades, apresentadas sob diferentes formas, com diferentes volumes de estrutura organizacional. Damos atenção especial às áreas de comunicação, autocuidados, habilidades vocacionais e habilidades de recreação e lazer. São priorizadas as necessidades e, só então, são estabelecidas as metas em cada área.3. Assistência para a Compreensão do Sentido.Todos os alunos com autismo têm limitações na habilidade de entender o sentido de suas experiências. A dificuldade, previamente descrita, de entender ou apreender o sentido, é central no autismo. Nos não podemos nem ao menos pretender que nossos alunos entendam o porque de nós lhes pedimos para que façam determinadas coisas, nem que as habilidades e os comportamentos que lhes ensinamos estejam relacionados, especificamente, ao que lhes estamos pedindo. Mesmo o aluno com autismo mais inteligente, é freqüentemente confuso ou inseguro em relação às expectativas e costumes da nossa cultura. Os professores, definitivamente, não podem perder de vista a constante necessidade que o estudante tem, de um guia empático e útil, no "nosso" ambiente confuso e difícil de interpretar.4. Resistência como Resultante da Falta de Entendimento.A maioria dos comportamentos que os alunos apresentam é devido a sua dificuldade cognitiva em entender o que se espera deles. De acordo com nossa experiência, é extremamente raro um aluno com autismo, ser deliberadamente desafiador ou provocante. Alguns observadores, infelizmente, interpretam seu comportamento desta forma, particularmente quando o aluno com autismo os olha, diretamente, e depois faz o oposto do que lhe foi pedido ou faz exatamente o que foi proibido. Em outros alunos, podemos supor que este tipo de comportamento é apresentado para expressar raiva ou para reivindicar ou afirmar a independência do aluno. Entretanto, estas explicações raramente são adequadas a este tipo de comportamento em alunos com autismo. É mais plausível que o aluno não entenda as palavras usadas, a expressão facial e a linguagem corporal da pessoa que lhes falou, ou as expectativas sociais da situação. O aluno pode estar sendo movido por impulsos fortes que o impele, independentemente das regras ou das conseqüências, ou pode estar agitado ou sobrecarregado pela estimulação sensorial da sala. Este conceito pode ser muito abstrato ou muito vago. Recusa é uma conceito raramente útil, no autismo.5. Colaboração dos Pais.O planejamento educacional deve ser sensível ao ambiente onde o aluno vive (sua casa), e em que irá viver, quando adulto. É importante a inclusão, no programa educacional, dos desejos e estilos de vida da família do aluno. Se os pais desejam ou precisam que o aluno participe do jantar com a família, ou que ocupe produtivamente seu tempo de lazer, nós nos esforçamos muito na tentativa de lhes ensinar estas habilidades.



+ OBJETIVOS EDUCACIONAIS DO TEACCH +



Se estivermos corretos na conceituação do déficit cognitivo primário no autismo como um problema de entender o sentido (significado), então consequentemente, o objetivo educacional primário é ensinar ao aluno que seu ambiente tem sentido. Não é suficiente ensinar o atendimento das solicitações do professor, a aceitação das regras ou habilidades com objetos ou linguagem, porque o ensino de uma variedade de comportamentos e habilidades que, na visão do aluno, não tem relação entre si, não afeta os problemas básicos de déficit no entendimento, no estabelecimento de ligações e na generalização. Nosso objetivo mais importante é que nossos alunos percebam que existem padrões no universo, e que eles podem identificar e seguir estes padrões, independentemente da presença de um professor ou de um adulto familiar. Apesar de os professores serem quem propicia a seus alunos a obtenção deste objetivo, nós desejamos que o resultado final seja que os alunos com autismo possam ser capazes de agir sem a supervisão intensiva de um professor, pela simples razão de que nossa cultura não proporciona recursos para a presença de professores pela vida toda. Consequentemente, o objetivo educacional de ensinar ao aluno a dar sentido e ordem a seu mundo é uma consequência prática do objetivo geral de ajudar o aluno a se inserir em nossa cultura, quando adulto.Outro objetivo educacional é ensinar ao aluno o conceito de causa e efeito. Enquanto todas as crianças com desenvolvimento normal e muitas pessoas com autismo aprendem este conceito desde muito jovens, alguns alunos com autismo, particularmente aqueles portadores de deficiência mental significativa, não entendem que podem provocar o acontecimento de eventos de maneiras consistentes e previsíveis. Na nossa cultura, este é um conceito-chave na compreensão do universo, que falta a algumas pessoas com autismo. Ele é um pré-requisito para a comunicação e é importante para outras habilidades, como por exemplo, entender como se vestir (quando eu a puxo, a camisa sobe para cima de minha cabeça), ou como usar materiais (quando pressiono e movimento o pano de limpeza, a sujeira desaparece). Dominar o conceito de causa e efeito resulta em um considerável avanço na habilidade da pessoa de cuidar de si própria, executar trabalho produtivo e viver em comunidade.A comunicação é um objetivo educacional de extrema importância para todos os alunos. Alguns alunos com autismo têm, primeiro, que aprender que a comunicação existe, que é possível uma pessoa influenciar o comportamento de outra através de um ato expressivo. A natureza deste ato deve ser individualizada ao nível do aluno, com uma gama de opções que inclui produzir um som, tocar um sino, trocar objetos, trocar uma figura, dizer palavras, digitar palavras ou usar gestos ou sinais simbólicos. Aos alunos que têm algumas habilidades de comunicação pode e deve serem ensinados refinamentos tais como vocabulário adicional, estruturas de sentenças mais complexas ou expandir os sistemas de linguagem (ex.: linguagem falada e escrita).Os objetivos educacionais do TEACCH são também planejados para desenvolver habilidades úteis e significativas para a vida adulta. Habilidades e comportamentos não são definidos como objetivos por si mesmos, ou seja, sem que tenham uma finalidade, mas sim pela sua utilidade funcional para o futuro do indivíduo. Mesmo no caso de crianças muito pequenas, nós tentamos lhes ensinar habilidades de base para obtenção do máximo de independência possível nas áreas de auto cuidado, lazer e interesses recreacionais e de vida comunitária. Desta forma, concentramos nosso dia educacional em eventos muito concretos: usar o banheiro, colocar os sapatos, pedir ajuda ou algo para beber, selecionar, preparar e colar materiais, limpar mesas, ligar o aparelho de som, montar um quebra-cabeças, ir até um restaurante, ir de ônibus até a natação...


+ LIMITAÇÕES DAS TÉCNICAS EDUCACIONAIS TRADICIONAIS +


O meio mais simples de ensinar crianças sem autismo é através do uso da palavra falada. Os professores de classes regulares falam o dia todo, explicando cada faceta das habilidades a serem dominadas: como usar tesouras, como pedir ajuda, como escrever uma sentença, como resolver uma equação. Enquanto as explicações verbais são adequadas para a maioria dos alunos, no caso de alunos com autismo, elas são freqüentemente ineficazes e, ocasionalmente, contraproducentes.Esta afirmação é verdadeira e independe do nível cognitivo do aluno. Mesmo alunos com extensivo vocabulário expressivo podem ter uma habilidade muito limitada de atender ou processar a explicação verbal do professor. Eles podem não saber que se está falando com eles, podem estar olhando o padrão dos lábios do professor em movimento, podem estar concentrados no som do sistema de refrigeração da sala, etc. Mesmo quando estão prestando atenção, eles tendem a não entender o conteúdo idiomático da linguagem, conotações sutis, inferências lógicas ou vocabulário complexo. Os alunos que além do autismo são portadores de deficiência mental são ainda menos aptos a aprender efetivamente através de processos verbais. Não estamos querendo dizer com isto que os professores não devam usar linguagem verbal como uma modalidade educacional, mas que a dependência nesta modalidade isolada tende a ser improdutiva e frustrante tanto para o professor quanto para o aluno.Em complemento ou em substituição as instruções verbais da nossa cultura, nós freqüentemente mostramos aos alunos o que queremos que eles façam. Infelizmente, esta técnica é tipicamente ineficaz para alunos com autismo, porque ela depende da habilidade do aluno de acompanhar a demonstração e identificar seus aspectos relevantes. Por exemplo, o professor pode querer que Willian imite a maneira pela qual um outro aluno pula sobre um só pé, enquanto que Willian pensa que o conceito que está lhe sendo ensinado é o de usar cadarços de cor laranja, nos sapatos, como usa o outro aluno; ou produzir o mesmo som que este produz, ou ter os joelhos valgos como o outro aluno. Ou ele pode ver o comportamento do outro aluno, mas não ter a mínima idéia de como organizar seu próprio comportamento para parecer da mesma forma. E, logicamente, ele pode não ter a mínima idéia do que o professor disse, ou quem ele supostamente estaria observando.Na nossa cultura, nós geralmente recompensamos as aquisições dos alunos com reforços sociais, tais como elogios, sorrisos, tapinhas nas costas e outras ações que comunicam "estou orgulhoso de você". Estes atos dependem da habilidade do aluno de decodificar os símbolos da satisfação do professor e do significado, para o aluno, do orgulho do professor. Mas o aluno com autismo pode não entender a intenção comunicativa de um sorriso, tapinhas nas costas, de um abraço, etc. Ou ele pode não reconhecer a relevância e significação das expressões de satisfação do professor. Desta forma, para nossos alunos, o reforço social tem, freqüentemente, uma eficiência limitada. Embora nós usualmente o ofereçamos, temos que acrescentar a eles outros métodos, que lhes sejam mais significativos.


+ TÉCNICAS EDUCACIONAIS DO TEACCH +

De todas as técnicas educacionais que usamos, a dependência na apresentação visual da informação é a mais importante. Como foi descrito anteriormente, as explicações verbais isoladas são raramente eficientes, com alunos autistas. As palavras podem ser usadas, indicações físicas podem ser úteis, mas os materiais e estrutura física que orientam visualmente o aluno no sentido da compreensão e do sucesso são, de longe, muito mais eficientes.Apresentações complexas de grandes quantidades de materiais tendem a ser confusas e constituem uma carga excessiva ou incompreensível, em qualquer situação, para o aluno. Consequentemente, nós também lhe ensinamos as estratégias de trabalhar da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esta organização espacial é culturalmente normal para nós. Por isto nos o fazemos, para que nossos alunos tenham o máximo possível de experiências nesta forma. Exemplificando: eles encontram as partes componentes de seus trabalhos à esquerda e colocam o produto final à direita.Nós também nos apoiamos em informação visual, sempre que possível, para ensinar os alunos com autismo o conceito de "acabou" (tarefa concluída). Este é um conceito importante a ser incorporado a todas as atividades, porque muitos alunos com autismo são incapazes de divisar quanto tempo uma atividade vai durar, o que é parte de suas dificuldades de inferir o significado de eventos. Isto pode lhes ser aflitivo, diante do que eles, com freqüência, impõem sua própria decisão de quanto tempo ainda irão trabalhar. Nós tentamos mostrar a eles, através de meios visuais, quantas repetições da atividade se espera que eles executem antes que a atividade termine. Algumas vezes os materiais por si mesmos tornam isto claro: quando uma caixa contendo as partes componentes fica vazia, o trabalho acabou; quando você atinge o final da página, a sessão de trabalho chegou ao fim. Em outras situações, tem que ser usada mais criatividade para fazer visível a passagem do tempo. Por exemplo, quanto um certo período de tempo passou, o professor remove um pregador da manga ou cinto do aluno; quando os pregadores foram retirados (saíram do campo visual), a atividade terminou. Terminar uma atividade de uma maneira clara, definida, é mais prazeroso para ele do que receber elogios, adesivos, balas, etc. Na verdade, nos parece que quando estas recompensas são usadas, elas servem mais à função de conduzir ao "acabou" (associação reforço com final de trabalho) do que de servir de reforços ao desempenho do aluno, na próxima oportunidade.Outra técnica educacional usada na vida diária é o ensino de rotinas com flexibilidade incorporada. Existem três razões primárias para tal. Primeiro, as rotinas dão ao aluno a estratégia para entender e prever a ordem dos eventos à sua volta, o que, de uma forma geral, diminui a agitação e ajuda o desenvolvimento da habilidade. Em segundo lugar, se o professor não oferece rotinas, o aluno com muita freqüência irá desenvolver a sua própria rotina, que pode ser menos adaptativa ou aceitável. Por exemplo, o aluno pode desenvolver uma rotina de entrar na sala toda a manhã e puxar todos os agasalhos dos cabides, ou pode insistir em lamber todas as colheres que ele arrumou na mesa para o almoço, porque foi o que ele fez na primeira vez. As rotinas, tais como "pendurar o agasalho", ligar o aparelho de som" ou "guardar as colheres (com supervisão) e depois ir para a área de brincar", podem ajudar a reduzir as rotinas alternativas indesejáveis. Em terceiro lugar, o ensino das rotinas deve ser flexível, porque isto reflete a realidade da nossa cultura. Nosso mundo não é invariável. Esta variabilidade é o que o faz tão confuso para uma pessoa com autismo. Esta tentativa deve ser respeitada, mas gentilmente desafiada pelo professor, através do uso de materiais para trabalho, caminhos usados para caminhadas, jogos, comida oferecida, etc., ligeiramente diferentes. A estrutura essencial deve permanecer previsível, mas os detalhes devem variar, de forma que o aluno seja levado a se concentrar na estrutura ao invés de nos detalhes.A individualização é um conceito chave nos programas educacionais do TEACCH. Apesar das características autísticas que têm em comum, nossos alunos são extremamente diferentes um dos outros, em termos de competência, áreas de dificuldade e idiossincrasias. Concluímos que eles não trabalham bem em grupo, por causa da diversidade de suas habilidades e da dificuldade de aprender através da observação dos outros. Temos que ter em mente que, em cada um dos nossos alunos, os níveis de diferentes habilidade individuais não se correlacionam umas com as outras, nas diversas áreas. Por exemplo, a existência de excelentes habilidades em percepção visual não nos dá nenhuma informação sobre as habilidades de linguagem deste aluno. Uma fluência na área expressiva pode estar mascarando falhas significativas na área de linguagem receptiva. Alunos que são capazes de ler, cozinhar ou processar dados podem ser incapazes de pedir um copo d'água em público. Da mesma forma, alunos com autismo e deficiência mental podem ser artistas ou músicos talentosos. Consequentemente, os professores têm que conhecer extremamente bem seus alunos, e estarem preparados para ensinar, a um mesmo aluno, em níveis muito diferentes, nas diversas áreas de habilidade.A tendência dos nossos alunos de se super concentrar em detalhes e de resistir a mudanças, significa que nós temos que lhes ensinar sob situações variadas, com materiais diversos, para que desta forma possamos ajudá-los a se tornar o mais flexíveis possível. Em relação a este fator, é também importante ensinar as habilidades em seus contextos naturais, devido a limitada habilidade de generalização de nossos alunos. Sendo assim, esperamos ensiná-los a trabalhar no local original de trabalho, habilidades relativas a comunidade, como habilidades de preparo de comida na cozinha, etc.


+ CONCLUSÃO +


Nosso trabalho, como educadores de pessoas com autismo, é fundamentalmente de ver o mundo através de seus olhos e usar esta perspectiva para ensiná-los a funcionar inseridos em nossa cultura, da forma mais independente possível. Embora não possamos curar os déficits cognitivos subjacentes ao autismo, é através do seu entendimento das coisas que poderemos planejar programas educacionais eficientes, com o objetivo de vencer o desafio de um distúrbio do desenvolvimento tão singular, como é o autismo.

http://www.autista-no-lar.org/sintomas.htm

terça-feira, 19 de junho de 2012

Estudo de caso sobre escola, filhos com necessidades especiais



    *Cynthia Carr Falardea 
Ele ainda faz meu sangue ferver. Já se passaram dois anos desde que foram convidados a deixar uma classe caindo em um local "centro de fitness família." Eu vou alterar os nomes para proteger o não-tão-sensível.
     Quebrar o coração não é novo para mim ou outros pais de necessidades especiais. Eu abraço o fato de que sou parte de um clube que nunca teve a intenção de aderir. Eu aceitei um caminho diferente que abriu minha mente e me ensinou a abraçar beleza em lugares esperados.
     É doloroso quando você topar com uma pessoa que executa um programa infantil que não é acolhedor para o seu próprio.
        A parte mais dolorosa é explicar ao seu filho por que você não pode voltar para um programa que gozavam.
Sem nunca ter sido um fã de Judge Judy, eu quase queria "fora" essas pessoas que gesso seus valores familiares em torno da cidade e na impressão.
     Como um contribuinte regular para Parenting Revista de Necessidades Especiais, eu tenho que dizer que esta é uma das mais difíceis peças que eu já tive que escrever. Raiva e fúria ainda apodrecer quando digo outros pais e profissionais sobre o que aconteceu. É difícil moderar esses sentimentos. Ainda mais difícil é tentar fazer o sentido dele.
     Eu sou apenas um pai que escreve a partir de seu coração sobre a criação de meu filho que tem necessidades especiais. Minha sincera oração é que outros pais possam identificar com o que eu experimentei. Espero também que ele traz a consciência para as pessoas que não têm crianças com dificuldades.
     Então deixe-me brevemente começar com os fatos:
     Recebemos uma mensagem do diretor do programa de ginástica do nosso filho na nossa máquina em casa respondendo. Honestamente, eu não sei por que temos um telefone de casa, como sempre dar aos nossos números de telefone celular fora, mas isso não vem ao caso. O diretor nos pediu para ligar antes, voltamos para a aula. Como se viu, a classe era começar dentro de uma hora.
     O pânico imediatamente definir pol Meu marido verbalizou os meus pensamentos: "Estávamos a ser 'arrancado' de um programa nosso filho tinha aprendido a amar."
     Chamamos eo diretor não estava disponível. No entanto, fomos informados de que ela iria falar com a gente quando nós chegamos.
     Cheio de medo e raiva cheguei ao centro. Eu repetia para mim mesmo, "Tenha calma. Fale de sua cabeça não o seu coração. Conter a 'Mama Síndrome Bear' até obter os fatos ".
Enquanto eu estava ao lado do meu filho, enquanto o pequeno grupo de copos esticado, eu vejo o movimento diretor sobre o ginásio. Eu tentei fazer contato visual e até acenou. Eu me senti mais como piscar outra coisa menos amigável.
     Finalmente, eu vi a chamada instrutor para o líder da classe para vir com ela. A jovem, que vamos chamar Lisa, parecia estar recebendo alguma mensagem ou direções. Lisa se aproximou de mim de uma forma muito gentil e explicou que o instrutor anterior, um adulto com um coração para as crianças com necessidades especiais, havia deixado a possibilidade de ficar em casa com seus filhos. Lisa era a sua substituição, um de 15 anos, estudante do ensino médio.
     Lisa explicou que para que o nosso filho para continuar no programa que eu tinha que estar presente, a seu lado o tempo todo. A instalação da família tem uma área adjacente treino para os pais que eu estava usando, enquanto ele estava na sala de aula.
Meu problema e resposta do Diretor de Ginástica:
Eu não estava chateado com o pedido, embora, pensei que era injusto. Meu "carne" foi que a minha expectativa era de que o diretor ginástica falaria comigo para explicar o problema e não enviar mais de uma criança para fazer seu trabalho.
Eventualmente, o diretor fez passar por mim. Eu parei ela e disse, ". Desculpe-me, eu estou esperando para falar com você" Essa foi a resposta dela, ela explodiu: "Estou muito ocupado!" Como seus tão bem cuidadas unhas falsas passavam na frente da minha linha de visão, eu senti minha pressão subir. "Ocupado", eu queria gritar! Eu segurei a partir de dissecar uma mulher que obviamente teve mais tempo do que eu para se mimar a si mesma. Como muitos outros pais de crianças com necessidades especiais, temos pouco tempo para nós mesmos. Eu absteve-se de achatamento ela por ela por sua desavergonhada e abordagem insensível. Era claro que ela não tinha intenção de falar comigo e esperava que ela iria me evitar.
     Como ela mastigou seu chiclete com grande vigor entre as frases, ficou claro que eu tinha apenas uma escolha. Retirei o meu filho a partir do programa.
    As expectativas não correspondidas:
    Foi um caso clássico de expectativas não correspondidas. Eu acreditava na "marca" da propaganda do centro e promoção de um lugar de carinho e inclusão. Ela não demonstrou as qualidades de um produto que eu tinha investido dentro
    O que eu aprendi:
1. Eu não posso mudar o seu comportamento. No entanto, emocionalmente queremos "consertar sua carroça." O pensamento de enviá-los em um trem-bala para o Velho Oeste para uma enorme (ou pelo menos um gado boas prod!) Nos dá um grande conforto.
  2. Eu tenho uma escolha para redirecionar situações que envolvem como meu filho é tratado. Eu também preciso lembrar que meu filho é diferente e que nem todas as situações ou configuração pode ser capaz de acomodar que as suas necessidades.
 3. Eu posso precisar para o passo-out ou remover meu filho quando eu não posso dar o tempo para atender a essas solicitações.
 4. Eu preciso fazer mais pesquisas antes de se matricular meu filho. Eu tinha passado um tempo conversando com o instrutor original. Eu deveria ter começado no topo com o diretor de ginástica. Eu teria me poupado e meu filho dessa situação que eu teria aprendido o que sua expectativa era, e se fosse uma opção para nós.
 5. Existem outros programas disponíveis. Eu encontrei um programa que combina seus objetivos de terapia ocupacional com queda em um ginásio sensorial.
 O que eu quero que os outros saibam:
1. Muitos de nós trabalham longas horas para financiar a terapia extra e serviços para a nossa criança. Nós não somos mártires. Fazemos isso porque acreditamos com todo nosso coração que ele vai fazer a diferença e que fomos chamados a levantar esta criança para ser bem sucedido.
 2. Inclusão é o objetivo - Queremos que nossos filhos com necessidades especiais têm a oportunidade de participar com desenvolvimento típico pares.
 3. Nós somos mais sensíveis do que a maioria dos pais - Nós temos cicatrizes de batalha. Fomos expulsos de outros programas, teatros, consultórios e restaurantes. Portanto, quando receber uma chamada 30 minutos antes da aula de ginástica está prestes a começar em relação ao comportamento de nosso filho, o medo retrocede dentro Nós pânico que estamos mais uma vez prestes a ser "demitido" por falta de entendimento ou de conformidade.
 4. Por mais que nossos filhos são diferentes, eles são o mesmo que outras crianças - as diferenças das nossas crianças são muitas vezes enganam. Eles têm desafios que mascaram a sua inteligência e sua compreensão do que está acontecendo ao seu redor. Eles são muitas vezes mais aguda para as habilidades de liderança de um professor do que a maioria das crianças com desenvolvimento típico. Você não pode pensar que "pegar", mas eles fazem e eles sabem "jogar" uma mão que vai buscá-los mais atenção. É que a meta de todas as crianças?
 5. Diferenças de nossos filhos fazem você se sentir desconfortável: Eu tenho uma teoria de que aqueles que são os menos equilibrada são muitas vezes abalada pela presença de meu filho. Por isso, quero dizer, a pessoa com mais inseguranças muitas vezes é o menos confortável com nossos filhos. Seu demônio não meu ter um título limpo e arrumado como o autismo, mas cavar mais fundo e eles têm seus próprios problemas. A única diferença é que eles não tenham sido formalmente diagnosticada.
 6. O objetivo ea esperança é para o entendimento: Hoje, eu assisti um diretor enviar um jovem de 15 anos para explicar a situação, um grupo infantil de ginástica. A melhor parte de uma situação decepcionante estava assistindo a uma compaixão exibição jovem menina e compreensão de um menino autista. Seu diretor faltava o profissionalismo para falar comigo. Assim como ela, o diretor, fez suas próprias avaliações de nós, eu fiz o mesmo, como ela, eu a vi como mascar chiclete de nicotina de um fumante ansiava.
     Nós todos temos nossos desafios. Nossas diferenças têm o potencial de unir-nos se nós só dar uma chance.           
     Eu não posso fazer uns idiotas em pessoas boas, mas eu posso lembrar a outros dos filhos papel e adultos com necessidades especiais têm em nossa sociedade.


Cortesia de Parenting Revista de Necessidades Especiais por
Cynthia Carr Falardea
http://www.autismsupportnetwork.com/news/when-your-child-not-welcomed-autism-2789242#ixzz1yFN9TvT2
apud www.autismovivenciasautisticas.blogspot.com


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Projeto que Institui o Dia Municipal do Autismo está tramitando na Câmara


FOTO: CELSO SELLMER
A presidente da AMAR, Marisa Siqueira, que se agradecida pelo apoio à causa dos autistas no município

RESENDE
Neste dia 18 de junho será lembrado o Dia Mundial do Orgulho Autista. A iniciativa para a comemoração partiu da organização americana Aspies for Freedom e na cidade a data será marcada nesta segunda-feira, das 14h às 17h, na Área de Lazer do bairro Julieta Botelho (Parque Tobogã), com oficinas da Assistência Social, corte de cabelo, atividades esportivas e palestra.
Mas, além dos eventos que marcarãoa passagem da data,o autismo poderá ter um dia específico no calendário da cidade. Está tramitando na Câmara Municipal projeto de Lei do vereador Carlos Santa Rita (PSDB), que institui o Dia Municipal do Autismo, a ser lembrado anualmente no dia 2 de abril. “Neste dia é lembrado também o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2008. As pesquisas revelam que no Brasil existam cerca de dois milhões de autistas, mais da metade desse número ainda sem diagnóstico”, explica.
O vereador também apresentou uma Moção de Congratulações para a Associação de Mães e Amigos dos Autistas de Resende (Amar). Santa Rita destaca o bom trabalho que a recém-criada entidade tem feito em prol do assunto, buscando mobilizar pessoas da sociedade civil e de órgãos públicos para levar informações sobre a síndrome a toda população. “Muitos podem pensar que autismo é algo raro, porém, os números aceitos pela comunidade internacional são de um autista para cada 88 habitantes. Números alarmantes, que deveriam colocar o autismo entre as prioridades nas políticas de saúde pública. Como legisladores, é necessário refletir sobre as questões levantadas, e buscar construir ações que objetivem melhorar cada vez mais a condição das pessoas que apresentem estas e outras deficiências, tais como, a transmissão das informações corretas sobre o que é o autismo, apromoçãodo convívio social, a garantia de espaço para participarem de programas voltados para a educação, o lazer, a recreação, o turismo e a cultura, acapacitação de profissionais de saúde e educação para avaliar e atuar adequadamente com as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista”, avalia.
A Associação de Mães e Amigos do Autista tem em sua diretoria Marisa de Almeida Soares Siqueira ( presidente), AngelaMerice Almeida Santos (vice-presidente), Eliana Correia da Silva Moura (1ª  secretária), SâmiaPatríciaRiatto Watanabe, (2ª secretária), Amélia Maria Brant Guimarães Schneider (1ª tesoureira), Adriana Jasmim Nogueira (2ª tesoureira), Janaína da Costa (diretora de eventos), Lilian Maria Moreira Roxo (diretora de difusão), Cleide Souza da Silva (diretora de projetos), Tânia Aparecida de Farias (conselho consultivo) e Sônia Esteves (responsável pelo conselho fiscal).  As moções legislativas são entregues na última sessão de cada mês.

Postado em 18/06/2012 10:16:14

Dia do Orgulho Autista



Dia 18 de junho é celebrado como o dia do “Orgulho Autista”, focado principalmente em combater o preconceito que, geralmente, vem da falta de informação sobre tão distúrbio. E você, está a fim de saber mais sobre o assunto? Vamos lá então.
O que é?
Autismo é uma desordem na qual uma criança não consegue desenvolver relações sociais normais e se comporta de modo compulsivo e ritualista.
O autismo é um distúrbio diferente do retardo mental ou da lesão cerebral, porém algumas crianças com autismo também tenham essas doenças.
Sinais de autismo, normalmente, aparecem no primeiro ano de vida e sempre antes dos três anos de idade. A desordem é entre duas e quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.
Causas
A causa do autismo não é conhecida. Estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser, em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos, mas os casos não têm nenhuma causa óbvia.
Sintomas
Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados nesta fase. O mais comum é os sinais ficarem evidentes até de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
1) ausência completa de contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem problemas em compreender;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.
Prognóstico e tratamento
Os sintomas de autismo geralmente persistem ao longo de toda a vida.
Muitos especialistas acreditam que o prognóstico é altamente relacionado a quanto idioma utilizável a criança adquiriu até os sete anos de idade. Crianças autistas com inteligência subnormal – como aquelas com Q.I. abaixo de 50 em testes padrão – provavelmente irão precisar de cuidado em tempo integral quando adultos.
Crianças autistas na faixa de Q.I. próximo ao normal ou mais alto, freqüentemente se beneficiam de psicoterapia e educação especial.
Fonoterapia é iniciada precocemente bem como a terapia ocupacional e a fisioterapia.
Terapia comportamental pode ajudar crianças com autismo severo a se controlarem em casa e na escola.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O ALFINETE, A AGULHA E A LINHA TÊNUE DO AUTISMO





silvania mendonça almeida margarida


O alfinete e a agulha, entabulando uma conversa informal, mas muito importante sobre crianças, cogitavam a importância da educação, no intervalo de um curso que frequentavam. Nossos personagens cursavam o famoso Corte & Costura, para serem artesãos de uma confecção de moda infantil.  Era a hora mais sagrada para aqueles entabuladores, lanche e  uma boa hora para a trocas de ideias. Exatamente, naquele dia, o alfinete estava tristonho e dizia cabisbaixo: “eu não tenho o alicerce para a aprendizagem. Como disse MACHADO sobre mim, sou apenas a marcação de mim mesmo na costura e não consigo segurar o pano em seus moldes perfeitos”.

A agulha argumentou: “Alfinete, faça-me o favor. Não chore por você! Somente por você! Não seja egoísta! Chore por nós! Você acha que eu também tenho o dom da aprendizagem? ASSIS foi claro em seus dizeres: somente  consigo costurar panos frente qualquer linha ordinária. A Agulha e o Alfinete precisam da Linha para a sobrevivência do Corte de Costura”.

O Alfinete mais pensativo corroborou a mensagem da Agulha e disse mais contemplativo: “é, realmente, precisamos da linha para a nossa sobrevivência, principalmente aquelas que são mais tênues e delicadas”.

A Linha entrou na conversa: “Alfinete e Agulha, vocês não deixam de ter razão, mas vou repetir para vocês EXATAMENTE, onde devo investir se me quero descobrir como uma linha tênue e que não arrebenta. Que pode ser burilada e se encontra forte. Delicada nas mãos e nos corpos das crianças que vestiremos. Mas Machado também deixou a mensagem da educação, principalmente a mensagem da educação especial. Aí, poderemos escolher em qual departamento da confecção que trabalharemos. Existem vários. Podemos escolher crescer ou ficarmos estagnados. Já estamos, inclusive, matriculados num curso muito especial que vai ter aqui na Confecção, esqueceram-se?

Alfinete e Agulha escutaram admirados todos os ensinamentos da Linha que começou a dizer:  
“Por alegria e satisfação, EU, Linha, gostaria de ser a tênue linha do Departamento Autismo, dentre vários departamentos importantes da Confecção Infantil,  pois andei escutando que faremos belos modelos para estas crianças. Teremos que ser diminutos, imperceptíveis e delicados. Mas será um trabalho de equipe conjugado com o amor. A Professora do Departamento Autismo já deixou elaborado o primeiro molde que devemos aprender. Vou lê-lo para vocês:

“Os quatros pilares da vida (infância, juventude, vida adulta e madureza) são bênçãos herdadas da família para o seu prosseguimento  em uma  linha  genealógica   em  cada uma  de  suas  fases.  Aí se imprimem os caracteres dos diversos valores  já  implícitos,  que  se carregam  nos  laços  peculiares  à  consanguinidade   e/ou   aos   caracteres   transmitidos   pela genética humana. Por isto,  a criança autista, o jovem autista, o adulto autista precisam tanto da família em suas basilares marcas.  Vale  a   pena   incentivar  a  formação  correta  do autista.  Educar  sempre  por intermédio  dos   exemplos,  da  palavra  carregada  de informações  de nobreza,  do  parecer  consciente,  da  arte,   da  música,   de tantas  outras  formas  ditadas  pelo  bom senso . Sempre lembrando de que a boa semente é retroativa quando lançada com  total responsabilidade ao  campo.  Produz-se  em abundância  e  a  riqueza  abençoada  pela  Lei  de causas  e  efeitos, retorna    multiplicada   ao celeiro do  semeador educacional. “Aí está a primeira delicadeza do nosso trabalho de costura tênue”, repetiu a Linha!

O Autismo representa, com certeza, a dinâmica e a sequência da  vida  que se desdobra  para  novos  patamares  existenciais. Ao  mesmo tempo,  se  responsabiliza  pela  continuidade e pela  qualidade  desta  costura tênue, feita em conjunto, por Alfinete, Agulha e Linha,  de seus portadores, como prova bio-psico-física-espiritual,  cuja  origem  está  radicada  na  gênese  da  criação.  Vem através do seu normal estabelecimento, de tempos em tempos, incrementando  o  progresso basilar de seus pais, professores e terapeutas,  usando  a  inteligência  e as  aptidões humanas  na  renovação   dos  feitos  e fatos  trazidos  e atualizados  para  a conjuntura vigente.
    
Geralmente, o autismo é conceituado como fase da força.  E  é  justamente  tal  força   que deve    se  imbuir  dos  recursos pedagógicos  para   acionar  com  dignidade  todas as  prerrogativas   ditadas  pela   educação especial na   construção de um  mundo  renovado para o autista. 

Há de se convir que  o autismo  somente  atua  nesta  linha  especial,  impulsionado  pela   força,  se  teve  como suporte  a   experiência  madura  naturalmente  vivida  pela  família na  qual  se  reabasteceu  e se preparou  para  o desempenho  de    realizações   diversas.  E,  também, se  fez  da  grande  família  universal  o  pedestal  de apoio  para  o  mergulho  de corpo e  alma  no  grande  mar  da existência.  Aí  se  posicionar  e  ganhar a força   suficiente  como  cidadão  ou cidadã   do  mundo, o qual tem  por norma  arregimentar,   colaboradores   conscientes.  Ao  mesmo  tempo,  prontos  em  vontade  e  com o  devido  preparo   para  o enfrentamento  de novas  conquistas   em face às   demandas   de  saudáveis   formas  de vida,    em  substanciosas  expansões.

Assim, a família da criança autista não é mais como um locus de posse e domínio. Ela passa a ser realidade vivencial compartilhada por todos em relações de reciprocidade e mutualidade. Torna-se, em visão global, uma aceitação de transformação (finitude de determinadas funções) para a formação de novas atribuições (os filhos autistas se tornam mais  independentes e passam a assumir outros papéis). A família  do autista sempre terá, que aprender a desenhar, cortar e costurar,  a mesma filosofia moderna, do direito de liberdade, fraternidade e prosperidade. A verdade constitucional e fundamental deveria envolver  a chamada dignidade humana para  todos os seres autistas do planeta. Ninguém poderia estar só, e, portanto, todos abarcados pelo casulo familiar e pela sua perpetração na espécie humana. Ninguém no Globo é uma ínsula. Os direitos familiares dos autistas envolvem a educação e ampliam seus campos de incidência.  Mas as famílias ainda estão aquém do preceito fundamental da existência no planeta: a vida.
Os profundos pensamentos sobre a Educação, propostos por filósofos antigos e de outros séculos da Grécia, são subsídios de correta penetração em relação ao aprimoramento do  indivíduo.  Todos os indivíduos carregam em suas mentes  o  convite  às  novas   escaladas  vivenciais.  Alguns, portanto, se  atrasam  neste  impulso,  porém  jamais  perderão  a  oportunidade do  avanço  para novas   conquistas.  A oportunidade de educação e de frequentar uma escola especial transformam a vida do indivíduo. O que acontece quando a Educação  proporciona uma  nova  visão  existencial   sobre o autismo,  para  uma  atitude coerente  com o  bem comum,   a  pessoa aceita  o  compromisso de mudança e  se integra  na sociedade ajustada  aos  padrões  a  ela  coerentes. A escola especial mais uma vez é a diretamente responsável para acompanhar o autista em todas as mudanças que perpassam em sua vida educacional e o transforma em um ser vivente socializado para o trabalho e para a integralização com o ambiente.   Uma  vez transformado  o  quadro indesejável, o  resgate  se estabelece   em lucro em medidas  pessoais e  um  avanço  para  a sociedade  que  espera   do autista  o  seu  enquadramento  no  contexto com novas atitudes  comportamentais.  Sabe-se que  a  escola especial é  constituída pelos  hábitos  adquiridos  por intermédio  de um esforço e de um trabalho  constante  do indivíduo,  cuja   aprendizagem  e  transformações se realizam   em  valores  preferenciais. É muito mais fácil  para o autista viver bem se se encontrar bem, nos relacionamentos saudáveis, no conforto de uma vida  plena, com modelos exclusivos da Confecção Infantil;  o que pode  ocorrer sempre   a  partir da  experiência  compreendida entre  o  antes  e o depois,   coincidente  com  a  transformação  das etapas que a própria escola especial ensina aos seus alunos autistas.   Quando é atualizada  uma norma de  vida  amparada  pela  educação especial,  de acordo com  o que é estabelecido  pela  sociedade, o  autista adquire o  privilégio de ser aceito  e ao mesmo  tempo  respeitado como cidadão  desejável  e atuante no meio em que  convive .
   
Nenhum alfinete ou agulha perde   a linha   escolhida  para o Corte e Costura.  A criança autista sempre  é  a beneficiária  imediata.  Tudo acontece  de bom para  o  grupo  de indivíduos   unido  por  um  ideal  maior do trabalho, da educação e da juventude.   Todos  estarão na  mobilização  construtiva  do  bem  comum.  Metaforicamente,  são considerados  como a  árvore  frutífera  na  qual,  troncos  e galhos  unidos  e, mantida  pela  seiva  do   trabalho, oferece   o fruto  sustentável  para  a  vida.   A educação especial como um fator  interno,  vivenciada   na  mente  humana,  constitui-se  em  valores  de  importância  fundamental   na criação de  laços   propostos  ao  bom  relacionamento  entre  as  pessoas. Com os autistas nada acontece de diferente. São pequenos seres que estão ali para serem burilados e amados.  O  autista educado  regularmente torna-se sensível  em  suas  atitudes  em  relação  ao  trato   com   o  semelhante.  E isto modifica toda uma existência da Costura, que poderá se transformar em Alta Costura, até as hierarquias imagináveis.
    
Ninguém escapa da responsabilidade  de  criar  novas  formas  de vida, de aprendizagem para sua prova espiritual,   de mudar  os moldes da costura para se ajustar  ao  novo  painel  da existência que o autista quer, subconscientemente,  viver. E se há desvio da função dos moldes  existenciais,  por  certo,   a  própria  Confecção  se   encarregará  da  reparação. Não  pode haver falha  na  construção  da  sociedade para o autista. Numa visão  retroativa  em  relação  à  construção   da   história  da  humanidade,  percebe-se  uma verdade  relativa  à  dinâmica desta  evolução. 

Portanto, como pode  o autista  avançar  na  sua linha  existencial  do Departamento Autismo sem elevar  os seus  passos  na  escalada? A resposta para tal molde é básica.  Só se realiza  com o  esforço  extraído  do manancial  da   educação especial  em que terapeutas e professores, juntamente com os pais, proporcionarão.  O Departamento Autismo  traz  em  si  todos  os   jeitos  e  os  modos, para a   construção  da  vida  consciente  e progressiva,  rumo  à  transcendência.    Desta forma, amadurece  e  cria  novos horizontes para   o atendimento a  todos  anseios  do aluno autista.  Para corrigir os  percalços   surgidos na  construção  da caminhada  humana  e para  incorporar  valores  necessários  ao  acréscimo  de virtudes,  somente  a  educação especial pode  assessorar tais  atitudes. O  equilíbrio  de  uma  vida  social  sem conflito  e  relativamente  mantida  nos  moldes  pacíficos  da  comunidade  gerenciadora  do  bem  comum que só se consegue na aprendizagem do  autismo. O autismo é um manancial de aprendizagem e ensino especial.
      
Tudo realizado nos padrões da seguridade  pedagógica para o Departamento Autismo,  torna-se   patrimônio  que  resiste  ao  tempo  e se multiplica  na  razão  do  valor  conquistado.  E todas  as atitudes  nobres  não   contêm  o  germe  do fracasso. Podem  até  se transformar  de acordo  com  a mudança  de gosto  e de novas  aptidões,  porém  são  conservadas  sem  perderem  a vitalidade  do  radical  que  lhe  serviu  de base  ou de origem   na  manutenção  da  espécie.

“Por isto, alunos do curso, e por muito mais, vocês deverão aprender este primeiro molde”. “Leiam e releiam o texto. Esta é apenas a primeira lição. Muitas outras virão. Nos professores do Departamento Autismo lhes desejamos boas vindas e eternas aprendizagens. Este é um curso que nunca estagna, sempre se vitaliza”.

“Você, Alfinete, marque o território. Você, Agulha, agrega-se à linha tênue do autismo e faça a primeira, a segunda, a infinita costura. E você  Linha, que quer cogitar  ser tênue, mas com Tenacidade, procure-se não se arrebentar. Tudo o que já foi costurado e produzido deve permanecer em seus corações, mas também na costura bem produzida”. Torne-se forte, e ao mesmo tempo delicada.

Assim, “alunos, após estas primeiras lições, estaremos prontos para conhecer o Departamento Autismo”.

Os alunos do Corte & Costura respiraram ofegantes. Um olhou para outro e sentiram o peso da responsabilidade. Foi sentido, mas não desistido. O Alfinete comentou com a agulha: “o Departamento Autismo, realmente, tem uma linha tênue”. A Agulha respondeu: “O estudo é o preparo”. A Linha deu o seu primeiro ponto sem nada dizer. Queria ser tênue de qualquer maneira.









  



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