quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CANTIGAS DO BERÇO MEU: 20 ANOS DE CONVIVÊNCIA COM O AUTISMO





De repente, esvazia-se o espaço e descobre-se a flor. A flor cresce e descobrimos os frutos. Assim aconteceu comigo e com meu filho André Luis Rian, quando ele fez vinte anos. Rian fez vinte anos de tratamento do autismo, com a continuidade com as terapias e duas escolas especiais com métodos específicos, as viagens que ele, eu e meu marido fazemos todos os meses do ano, tornaram-se efetivos para o desenvolvimento saudável e sustentável do meu filho. Dizer que ele não evoluiu, seria negar a mim mesma. Ele continua na alfabetização, na dieta especial e no tratamento fitoterápico. O seu autismo continua o mesmo, mas ele já consegue formular frases do tipo:


“Nóis bamos patiar”;
“Papai foi pabaiá”;
“Taol taiu” ;“Pamia taiu”;
“Tuem oi boboia”; “Te Ito”
“Avião, ipopoto não”;
“Toma baño te”;
“Mutitá te",Popeto Taio, Epe Pepelez, “neonado”
(Roberto Carlos, Elvis Presley, Leonardo)


E o mais emocionante é ESCUTAR o Pai Nosso, quando oramos com ele:

Pai noto que tá no Téu
Tantifitado teja o voto nome
Benha a nóis o boto Reno
Atichm na Teia comu no Téu
Não no deixei tair em tentatão
E .....do mal
Amém...


Ou quando canta “Carinhoso”

Meu totação
Não tei puque
Babi fetiz
Cuando te vê
E meu totóio
Picam toindo
E peãs uias
Bam de segindo
Mas memo atim
Fope de mim...

E a vida continua... As frases estão aumentando... E eu busco um amor sem dor. Tudo é motivo de incentivo e estímulo para Rian. Enquanto vem lá do Céu, ainda, a canção de ninar, eu compreendo o quanto cresci nestes anos. Fiz-me autodidata, compreendi códigos que somente eu como mãe do André poderia compreender...
A base do trabalho com as crianças na Educação Especial consiste na estimulação familiar. Uma etapa primordial em que os estímulos aplicados de forma adequada, controlada e planejada garantem as condições ideais para a capacitação das inteligências racional e emocional que acompanharão o autista durante toda a vida.

As implicações sociais do contexto familiar, no qual a criança especial está inserida são de suma importância para a ampliação do entendimento, acerca de sua expressão corporal e suas caracterizações no meio social (PIAGET, VYGOTSKY, 1979)

A fala do meu filho está em mudança constante e a ampliação do seu entendimento cognitivo nos mostra que o tratamento não foi em vão.
Já consegue discernir o mais velho, o mais novo, o do lado e último. Já consegue dar sequência às palavras.
NADA FOI EM VÃO...


Este texto continua...

2 comentários:

  1. Você me fez chorar com esse texto! Que Deus continue sempre iluminando seu caminho e lhe dando a imaginação necessária para captar o que Ele quer dizer através do seu filho. Com carinho! Leon del Bargo

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  2. Este texto me inspira o futuro que me espera.
    Este texto me depara com a solidão do autismo que irei enfrentar, mas ao mesmo tempo, me revela que não estou só.
    Lia

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