domingo, 2 de maio de 2010

O COMPORTAMENTO VISUAL DO BEBÊ

Amigos, este artigo é de extrema importância, pois iremos ter uma outra leitura sobre como a visão do bebê é construída ao longo do seu desenvolvimento. Espero que gostem!

"Nesse sentido, o comportamento visual desempenha um papel
primordial no desenvolvimento motor e lingüístico do ser
humano, sem o qual a sua caminhada não seria alcançada
(BRONOWSKY, 1986). No bebê, alguns reflexos visuais já estão
presentes desde o sétimo mês de gestação, mostrando que, nesta
época de vida uterina, mediante as vias ópticas, já acontece uma
reação pupilar primitiva e a criança reconhece a luz. O estímulo
vai até ao córtex e se tem uma resposta em forma de constituição
visual. Por exemplo, se você acender uma luz forte na barriga de
uma gestante, o bebê vai reagir tentando fugir.
A partir do sétimo mês de vida fetal até o terceiro mês de vida
fora do útero, aparece o fenômeno dos olhos de boneca japonesa:
quando se rota, flexiona ou estende-se a cabeça da criança, seus olhos
permanecem fixos, não acompanham o movimento da cabeça, parecendo
deslocar-se em sentido inverso; este reflexo é progressivamente
inibido, isto é, suprimido ou diminuído da atividade duma parte do
organismo, por efeito da excitação nervosa, e logo substituído pelo
reflexo de fixação ocular que marca a capacidade da criança de fixar
seu olhar após um mês do nascimento (CORIAT, 1991).
De acordo com Galahue e Ozmun (2003, p. 172), “o período
de inibição desaparece se o reflexo for exercitado”; e este processo
de inibição pode ocorrer até o quarto mês de vida (SCHWARTZMAN,
2003). Na gestação, a partir do sexto mês, o bebê já tem
o reflexo palpebral à luz. Diante de uma luz intensa, ele fecha os
olhos. Depois, ele tem o reflexo que chamamos olho-pescoço:
diante de uma luz intensa ele fecha os olhos e joga a cabecinha
para trás. Obviamente, são mecanismos de defesa com os quais
essa criança já conta desde a metade da gestação. Já demonstra
reflexos palpebrais ao som. O curioso é que, a partir do sexto e
sétimo meses de gestação, a criança arregala os olhos ao ouvir o
som como se estivesse prestando atenção ao que está acontecendo.
É como se fosse um sinal de alerta. A sons intensos, ela fecha
os olhos, o que provavelmente também é um reflexo de defesa.
É a partir daí que os reflexos têm inúmeras explicações e interrelações:
reflexos ciliares, corneanos, naso-palpebrais etc., que estão
enraizados no processo de maturação do bebê; intimamente ligados
entre si; isolados, tornam-se uma abstração; eles se desenvolvem, se modificam e se adaptam às circunstâncias do momento,do meio, da saúde geral da criança, da sua idade e do seu temperamento(CORIAT, 1991). Uma série de reflexos já está presente.
Quase todos a partir da metade da vida fetal. Alguns permanecem,
fazendo parte da vida do bebê; outros se modificam, e outros desaparecem.
A carga presente desses reflexos é pequena, mas o
suficiente para piscar, por exemplo, se um objeto se dirige a seu
rosto, como se defendendo da quantidade de brilho daquele objeto.
E o comportamento vai se tornando cada vez mais complexo e organizado,
numa progressão do simples, desorganizado e inabilidoso
para o altamente organizado, complexo e habilidoso (BARELA,
2003). O neonato, já na sala de parto, dirige a cabeça para uma fonte
de luz moderada e afasta a cabeça de uma fonte de luz intensa
(SCHWARTZMAN, 2003).
Entre quatro e sete semanas de nascido, o bebê já estabelece
contato visual, ou seja, já está presente o contato visual no nascimento,
o que vai favorecer a interação social entre bebê e mãe.
O contato visual entre mãe e bebê é um argumento que se tem
hoje para demonstrar que esta condição chamada autismo – distúrbio
do desenvolvimento da cognição causado por lesões no
cérebro – é consciência, isto é, o indivíduo nasce autista, ele não
fica autista depois (SCHWARTZMAN, 2003). “Existem muitas
etiologias, tais como a genética, acidentes pré ou perinatais, infecções,
e, em 25% – 40% dos casos, o autismo está ligado a outras
síndromes neurológicas” (NILSSON, 2003, p. 23). Desse
modo, quase toda criança com esta condição, em qualquer nível
de inteligência, precisa de ajuda com planejamento, pois é muito
difícil para a criança autista ter empatia e, para ela, o mundo social
é muito confuso (BARON-COHEN, 2003).
A interação tátil entre mãe e bebê também tem um enorme
significado nos processos precoces de comunicação, certamente
inscritos e projetados no desenvolvimento emocional da criança,
cujo paradigma antagônico é ilustrado nas crianças autistas, em
que a intensa sincronização entre os dois protagonistas é inexistente
(FONSECA, 1998).
Então, como entrar em contato com uma criança autista? Para
poder estabelecer um contato com o outro ser e abrir algum canal de
comunicação, surge a necessidade de imitar o outro, ou de fazer algo
igual ao outro com quem pretendemos entrar em contato. Em se
estudos, tratando da criança autista, é necessário imitar alguns sons que ela
emite (BENZENON, 1988). É necessário também que as pessoas
que estejam próximas a ela tenham tolerância e a valorizem, do
contrário, poderá levá-la a problemas graves, até mesmo à destruição
de sua vida social (BARON-COHEN, 2003). Ninguém melhor
do que a mãe para exercer este papel: esta ajuda planejada.
Entre duas e doze semanas, a criança normal já fixa os objetos,
já fixa claramente a face da mãe e já segue alguns objetos com
o olhar. Aos três meses, coloca as mãos em frente aos olhos. Não
necessariamente porque melhorou a visão, mas porque nesta fase
de idade algo já se começa a firmar em atitudes simétricas. E as
suas mãozinhas podem ser colocadas à frente do rosto e na linha
média do corpo. Entre três e quatro meses, reage ao seu reflexo no
espelho. Mostra interesse por outras crianças. Meninas, mais do
que meninos. Parece que já há uma diferença atuando quanto à
empatia e à competência social e, depois, marca a diferença entre
os sexos, já na criança pequena.
Os cientistas sociais fazem uma distinção entre diferenças sociais,
que são as diferenças biológicas entre homens e
mulheres, e as diferenças de gênero, que são as diferenças
culturais nos papéis e comportamentos dos dois sexos
(BERGER, 2000, p. 210).
Diferença apoiada em bases genéticas e em recentes pesquisas
em neurobiologia, que descobriram diferenças nos cérebros
dos homens e das mulheres. O cérebro feminino seria, em geral,
mais bem adaptado para o mundo social, mais ligado aos sentimentos
e às emoções. Nas mulheres, o corpo caloso tende a ser
mais espesso, e a maturação total do cérebro parece ocorrer mais
rapidamente do que nos homens. Isso pode justificar o fato de as
meninas tenderem a ser ligeiramente mais avançadas que os meninos
em habilidades tais como ler, escrever e olhar mapas que
demandam a coordenação simultânea de várias áreas do cérebro
(DUDEK et al., 1994). O cérebro feminino é muito bem adaptado
para entender a relações entre as pessoas e para as atividades
que envolvam o cuidado com gente, como a maternagem (cuidado
para com o bebê), a medicina e o magistério (BARONCOHEN,
2003).


O cérebro masculino estaria mais preocupado com o mundo
abstrato, com as regras por trás de sistemas como computadores,
automóveis, equações matemáticas ou música. Nos homens,
a atividade do neurônio e a formação dos dendritos, no hemisfério
direito, tendem a ser mais pronunciada do que nas mulheres.
O hemisfério direito está relacionado com as habilidades lógicas
e espaciais e com os processos matemáticos, de modo que
poderia justificar a típica superioridade dos meninos nessas áreas,
uma superioridade que acaba levando mais homens do que
mulheres para a área de engenheiros, físicos e pilotos. O cérebro
masculino é muito bem adaptado para a matemática, engenharia,
computação e para áreas técnicas em geral, em que o conhecimento
é organizado de acordo com leis ou regras (BARONCOHEN,
2003).
Essas diferenças cerebrais, de acordo com Gaulin (1993),
Hines (1993) e Baron-Cohen (2003), são fruto de hormônios que
agem durante a gestação e na infância e que talvez sejam controlados
pelos genes.
Esta evolução continua até chegar aos padrões que a gente
considera serem do adulto. A acuidade visual (grau de pormenores
que podem ser observados em um objeto), por exemplo, aumenta
rapidamente a partir do nascimento. No nascimento, é menor
que 6/24m e, à medida que o tempo vai passando, rapidamente ela
vai chegando aos 6/6m, que é o padrão normal do adulto, adquirida
por volta dos dois anos. A criança pequena não tem acomodação,
isto é, a capacidade de fixar objetos em diferentes distâncias,
permitindo ao cristalino a habilidade de cada olho variar sua curvatura
a fim de acomodar a imagem na retina em um foco preciso.
De modo que seu foco visual é muito limitado. Ela enxerga relativamente
bem objetos colocados a 20 e 30 centímetros do seu rosto.
E, coincidentemente, é a distância que vai do seu rosto, quando
mama no peito, ao rosto da mãe. Desse modo, parece ser um equipamento
que já esteja pronto. Em suma, sua visão é nublada ao
nascimento, melhorando até a idade de dois anos."




fonte: O que os bebês sabem? Um modo diferenciado de pensar do bebê


autor: Gérson Carneiro de Farias

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