uma crítica ao movimento Pós-Autista
Flávio Combat, Hugo Corrêa, Rodrigo Matos e Thales Viana*
Introdução
Neste artigo pretendemos oferecer uma visão do movimento pós-autista, de modo a destacar as principais vindicações deste movimento e das diversas abordagens que nele se manifestam. Como poderá ser constatado nesta exposição, as próprias ambigüidades e insuficiências do movimento reclamaram as críticas elaboradas ao fim do artigo. Sem pretender ter esgotado, em nossa análise sobre o movimento, todos os debates suscitados pelas discussões nele ocorridas, esperamos ter contribuído ao debate proposto pelos "pós-autistas" na direção da construção de alternativas à hegemonia da tradição neoclássica nos cursos de ciência econômica.
Comecemos por um breve histórico sobre o movimento. Os "pós-autistas" surgem na França como expressão da insatisfação dos estudantes com os cursos de ciência econômica em vigor. A rigor, os estudantes contrapõem-se decididamente à forma como a Ciência Econômica vem sendo ensinada e estudada na atualidade.
A partir de um manifesto publicado em junho de 2000, o movimento ganhou destaque nos meios de comunicação franceses e encontrou eco na opinião pública de diversos países, ganhando, ainda, a simpatia entre economistas de renome internacional. No Brasil, destacam-se as contribuições de alguns professores do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo, que vêm se debruçando sobre o assunto e produzindo relevante material sobre a discussão.
De início, é preciso constatar que a insatisfação expressa pelo movimento no manifesto que lhe dá origem se direciona aos princípios fundamentais da tradição neoclássica, a qual, por sua vez, se funda sobre os cânones do Positivismo.
Assim, com o fim de esclarecermos os fundamentos das críticas dos pós-autistas, dedicaremos toda a primeira parte de nosso texto à apresentação do objeto da crítica do movimento: a economia neoclássica.
Contudo, o fato do positivismo lógico exercer papel fundamental como epistemologia da tradição neoclássica faz com que seja necessária uma breve apreciação desta tradição na filosofia da ciência, vinculando-a com as influências que exerceu na metodologia científica da escola neoclássica.
Na segunda seção, passaremos a abordar o movimento pós-autista em si, tendo como objetivo salientar os principais questionamentos sugeridos por suas críticas. Estas se resumem basicamente aos três pontos seguintes: crítica à construção de "mundos imaginários" (sistemas fechados); crítica à matematização excessiva na ciência econômica; e crítica à falta de pluralismo metodológico nos cursos de economia.
Na terceira seção, desenvolveremos algumas críticas às principais vindicações da corrente pós-autista, tentando apontar os motivos pelos quais o movimento não atinge, de fato, os problemas da tradição neoclássica, mesmo que por suas críticas obtenha ampla aceitação social.
Por último, desenvolveremos uma conclusão do artigo, na qual será feito um balanço geral sobre as páginas aqui propostas, explicitando também, as criticas desenvolvidas no decorrer do texto.
1. A Tradição Neoclássica
1.1 As Raízes Positivistas da Tradição Neoclássica
A tradição neoclássica, objeto da crítica pós-autista, tem seus fundamentos no método positivista, sobre o qual traçaremos, então, um breve histórico.
Foi o Círculo de Viena – grupo de discussão organizado pelo físico e filósofo Moritz Schlick, da Universidade de Viena, em 1925, formado por matemáticos e filósofos – que, inclinado essencialmente para a Filosofia, fundou o chamado "positivismo lógico". Embora tenha se desintegrado ainda em fins da década de trinta, em meio ao conturbado período da Guerra, seus trabalhos influenciaram diversas manifestações científicas e todo o debate em filosofia da ciência feito a partir de então.
O positivismo lógico foi reconhecidamente influenciado pelos filósofos europeus da tradição empirista, pelos cientistas que contribuíram com a lógica simbólica ou axiomática e pelos pensadores que manifestaram tendências antimetafísicas ou antiespeculativas. Dentre esses pensadores sobressaem: Ernest Mach, com sua teoria dos elementos; Bertrand Russel, com o desenvolvimento da lógica simbólica; e Ludwig Wittgenstein, com "Tractatus logico-philosophicus", obra que contribuiu decisivamente para a cristalização do enfoque filosófico característico do Círculo de Viena.
Por estas influências este grupo de filósofos se propôs a sepultar os discursos metafísicos que aspiravam ao estatuto de conhecimento científico. Faziam isto, ou pelo menos tentavam fazê-lo, lançando mão de um discurso teórico pretensamente livre de ambigüidades, fundado numa "análise lógica" das proposições utilizadas nesse discurso. Desta forma, propunham um papel único à filosofia: "filosofia é aquela atividade mediante a qual o significado das proposições é revelado ou determinado" (SCHILICK, M. Apud. CALDWELL, B. 1982). A análise lógica é afirmada, então, como o objetivo da filosofia e seus objetos tornam-se as ciências empíricas ou positivas.
Graças à sua pretensa capacidade de distinguir, no interior do emaranhado de proposições permeado por uma grande quantidade de lixo metafísico, as proposições analíticas e sintéticas, os fundadores desta análise lógica defendiam que se poderia estabelecer o critério para a determinação das únicas proposições dotadas de "significância cognitiva". Por proposições analíticas, entendemos aqueles termos da teoria formados por convenção e, por este fato, tornados vazios de qualquer conteúdo factual, o que, evidentemente, faziam destas proposições termos que asseguravam a não ambigüidade da teoria, livrando-as ainda de qualquer tipo de contradição; por outro lado, as proposições sintéticas são aquelas derivadas de fatos observáveis e passíveis de teste empírico, por meio das quais estaria assegurada, à teoria, a possibilidade da verificação dos discursos teóricos nela contidos.
De acordo com o programa do positivismo lógico, somente as proposições analíticas (tautológicas ou autocontradições) e sintéticas (proposições que podem ser verificadas ou falsificadas pela evidência) seriam passíveis de consideração científica. Isto porque esta seria a única forma de se assegurar aos termos utilizados na teoria o estatuto de "vindicações de conhecimento". Em consonância com essa ótica lógico-positivista, as proposições metafísicas seriam desprovidas de sentido e não poderiam apresentar o estatuto de conhecimento – o que não significaria que elas fossem necessariamente falsas ou que não exercessem influências sobre a vida das pessoas.
Por meio desta metodologia proposta pelos positivistas, poder-se-ia não somente alcançar "a" verdade pelo discurso científico (um conhecimento absoluto), mas também unificar as diversas abordagens científicas, de modo a existir somente um método de construir o conhecimento científico humano sobre qualquer fenômeno do mundo: o método positivo.
O que teríamos, a partir de então, como diversidade na ciência seria apenas fruto da segmentação dos estudos consoante os respectivos objetos pertinentes a cada um deles, derivando daí apenas pequenas peculiaridades quanto às sub-linguagens de cada um destes ramos do conhecimento humano. Por esta lógica, a Física se diferenciaria da Economia, por exemplo, pelo simples fato da primeira versar sobre fenômenos físicos, pois ambas estariam se utilizando do mesmo método positivo.
No caso específico dos fenômenos econômicos, ao falarmos de um método positivo que sobre eles pudesse teorizar, estamos nos referindo à tradição neoclássica, a qual teria como objeto peculiar não a "interdependência entre as instituições econômicas e classes sociais definidas segundo os direitos de propriedade sobre os meios de produção" (Hollis e Nell, 1977: 73) tal como vista pelos chamados economistas Clássicos, mas sim um indivíduo abstrato destituído do caráter social que lhe é intrínseco.
Nas palavras de Eleutério Prado:
Assim, todas as versões da teoria neoclássica partiram da suposição de que a economia é formada por um conjunto de agentes econômicos, e que estes são possuidores, de um lado, de preferências ou escalas de utilidade e, do outro, de dotações de fatores dentre as quais se inclui determinadas "quantidades de capital". A tarefa, então, de todas elas foi a de mostrar como o "mecanismo de mercado", por meio da produção, da circulação e da repartição, faz um casamento ótimo ou quase ótimo entre o emprego dos fatores e a satisfação dos consumidores. (Prado, 2001: 12)
Ao se pressupor o "homem econômico" como a faceta fundamental da ação econômica humana, em outras palavras, uma economia em que o indivíduo maximizador de utilidade é sua força motriz, torna-se logicamente dedutível, a partir de um modelo posto nestes termos, previsões sobre o funcionamento do mercado. E mais do que isto, o que Prado nos mostra é como a partir desta premissa metodológica o mercado passa a apresentar uma tendência quase inexorável ao equilíbrio, concepção esta que, como sabemos, apresenta muitas restrições quando se considera a realidade.
Esta dinâmica, que Prado explicita como a concepção essencial da teoria neoclássica sobre o funcionamento do mercado, depende ainda da tematização mais detida de um conceito que é fundamental a esta tradição, sobretudo em suas pretensões positivistas: o conceito de utilidade.
O conceito de utilidade na tradição neoclássica não é importante apenas pelo fato de constituir o meio pelo qual as forças econômicas, ao maximizarem a utilidade, alcançam o equilíbrio de mercado, mas também, e isto era crucial àqueles que se ocupavam em traçar os contornos de um método positivo na economia, por tentar eliminar as proposições que faziam da metafísica um dos meios de explicação na ciência econômica. Pois, uma vez que o comportamento humano, especificamente em sua ação econômica, passava a ser explicado por ações (manifestações eminentemente empíricas) que se fundavam na evidência dos desejos que cada indivíduo pudesse possuir (nas suas escalas de utilidade), restava à ciência econômica somente o papel de apreciar as conseqüências emanadas da busca pela maximização.
Este posicionamento da tradição neoclássica, no sentido de transformar o indivíduo no eixo central na determinação do valor, se estruturava em detrimento das teorias do valor-trabalho vigentes àquela época, as quais se viam às voltas com problemas metafísicos. Como expôs Ludwig von Mises, um dos maiores expoentes da escola austríaca:
[...] é neste subjetivismo que se assenta a objetividade da nossa ciência. Por ser subjetivista e considerar os julgamentos de valor do agente homem como dados irredutíveis não passíveis de qualquer outro exame crítico, coloca-se acima de disputas de partidos e facções, é indiferente aos conflitos de todas as escolas de dogmatismo ou doutrinas éticas, é livre de valorações e de idéias ou julgamentos preconcebidos, é universalmente válida e absoluta e simplesmente humana. (Mises, 1995: 23)
Estruturada nestes termos, à ciência econômica dita positiva passava a ser reservado um papel particular: não versaria ou tematizaria os valores que cada indivíduo pudesse vir a tomar como regente particular de suas respectivas decisões, uma vez que não caberia à ciência positiva dizer por quais fins os agentes "deveriam" pautar suas ações. Contudo, esta ciência teria o papel crucial de determinar quais seriam os melhores meios para que cada um daqueles fins pudesse vir a ser logrado.
Ainda nas palavras de Mises (op cit: 10): "A ciência nunca diz a alguém como deveria agir; meramente mostra como alguém deve agir se quiser alcançar determinados fins".
Posta nestes termos, a ciência se torna, evidentemente, uma praxeologia. Mas não nos parece que explicitar este fato seja algo visto pelos neoclássicos como uma crítica à sua tradição. O próprio Mises se gaba deste fato ao nos dizer: "Da economia política da escola clássica emerge a teoria geral da ação humana, a praxeologia" (op cit: 3).
Pelo contrário, é ao se tornar uma praxeologia que esta determinada concepção de ciência dá como resolvido o dilema que lhe assolava implacavelmente: entre a positividade e a normatividade, entre os fatos e os valores, a teoria econômica em questão tenta, pela não tematização dos valores (os quais se tornam questões pertinentes somente à esfera subjetiva peculiar de cada indivíduo), eliminar qualquer vestígio de arbitrariedade metafísica da alçada científica.
Mas será que ao tentarem solapar a problemática do valor objetivo da esfera da ciência, os neoclássicos não estariam também fazendo ruir o próprio edifício científico que tentavam construir? Posicionando-se com esta praxeologia diante da questão do conhecimento científico, não estariam os neoclássicos flertando com o instrumentalismo?
Acreditamos que sim. No afã de dotarem a ciência econômica de uma positividade incontestável, os neoclássicos negligenciavam o papel precípuo de uma teoria científica: o de explicar os fenômenos que a ciência elege como objetos de estudo. Assim, mais que o caráter explicativo de uma teoria, era o poder de predição por ela possuído que a tornaria suficientemente útil a ponto de constituir um relevante instrumento para o alcance dos fins desejados. É neste sentido que cumpre-nos analisar aquilo que é a pedra angular do poder preditivo e, por conseqüência, da utilidade da teoria neoclássica: os sistemas fechados.
1.2 Os Sistemas fechados
Um dos pilares das teorias neoclássicas, os chamados sistemas fechados se constituem em modelações que são "parte significativa" dos objetos analisados. Tais modelos são fundamentados sob hipóteses que permitem fazer um recorte simplificador da realidade, de forma a adequar a teoria que assim se estrutura aos fins que motivaram o estudo. Como se observa nas palavras de um dos maiores representantes desta tradição:
Do modo mais geral, uma hipótese, ou teoria consiste de uma asserção de que certas forças se mostram importantes – e, por implicação, de que certas forças não são importantes – para uma particular classe de fenômenos e de uma especificação de como atuam as forças declaradas importantes. Podemos encarar a hipótese como algo que envolve dois elementos: o primeiro é um mundo conceptual, ou um modelo abstrato, mais simples do que o "mundo real", contendo apenas aquelas forças que a hipótese dá como importantes; o segundo é um conjunto de regras que definem a classe de fenômenos relativamente aos quais o "modelo" se torna adequada representação do "mundo real", e que, a par disso, especificam a correspondência entre variáveis ou entidades do modelo e fatos observáveis. (Friedman, 1981: 183)
A inspiração clara destes modelos pode ser verificada no chamado modelo hipotético-dedutivo (H-D). Tal abordagem de explicação científica foi desenvolvida pelos filósofos do Círculo de Viena em detrimento da abordagem padrão da ciência do século XIX. Esta última propunha que as investigações científicas fossem iniciadas por observações livres, as quais, por sua vez, embasariam uma inferência indutiva por meio da qual se tornaria possível formular leis universais, permitindo assim a construção de teorias.
Já os partidários do modelo H-D defendem que as explicações legitimamente científicas possuem uma estrutura lógica comum: envolvem pelo menos uma lei universal e uma declaração de condições iniciais relevantes, que, juntas, constituem o explanans, a partir do qual deduz-se o explanandum, enunciado sobre um evento que se deseja explicar. Com base nesta estrutura lógica que seria comum a todas as explicações científicas, os positivistas procuraram defender a idéia de que as operações denominadas "explicação" e "previsão" envolvem as mesmas regras de inferência lógica, diferenciando-se apenas pelo fato de que as explicações sucedem os eventos, ao passo que as previsões os antecedem, em outras palavras: uma explicação é uma "previsão escrita pelo avesso" (tese da simetria).
Estes sistemas fechados acarretam ao programa neoclássico uma incapacidade (ou uma negligência) de capturar e explicar o mundo na sua complexidade real. Isso levanta uma questão no mínimo curiosa, a saber, como uma tradição limitada científicamente conta com uma hegemonia tão avassaladora na academia? E mais, como esta mesma tradição recolhe tão ampla aceitação social? O indicativo mais evidente para a validação social do programa neoclássico é a eminência do instrumentalismo na sociedade, derivado este do reconhecimento da impossibilidade de formação de uma ciência axiologicamente neutra, isto é, livre das proposições metafísicas. Este fato, levado às suas últimas conseqüências, acarretaria a inevitável desconsideração da realidade como esfera última do conhecimento. Conforme sintetizado por Duayer:
O instrumentalismo se caracterizaria por um pessimismo quanto à possibilidade de se conhecer a realidade. Na verdade, o cientista que, por antecipação, é pessimista em relação a todo o esforço sistemático de conhecer a realidade, só pode racionalizar sua prática (científica) desde uma perspectiva pragmática. Conhecer para manipular seria a máxima do instrumentalista. (Duayer, Medeiros e Paincera, 2001: 733)
Com esta análise sobre os sistemas fechados terminamos esta breve, mas necessária exposição da ciência econômica neoclássica, objeto ao qual é dirigida a crítica dos "pós-autistas".
Cumpre-nos ainda salientar, que as críticas à metodologia neoclássica acima delineadas não figuram no corpo do "manifesto pós-autista", sendo de responsabilidade dos que escrevem este artigo. E é pelo fato destas críticas não figurarem no debate pós-autista, que nos vemos impelidos a retomá-las na seção dedicada à crítica ao movimento, pois, como tentaremos mostrar, a negligência dessa análise mais detida da teoria neoclássica torna inócua a súplica pela construção de uma ciência dita "pós-autista".
2. O Movimento Pós-Autista
O programa crítico do movimento pós-autista centrou-se em três proposições básicas acerca da tradição neoclássica: uma crítica à construção de "mundos imaginários" (sistemas fechados), a contestação da matematização excessiva e indiscriminada; além de uma crítica à falta de pluralismo metodológico nos cursos de ciência econômica.
Como mote ao início da exposição sobre este movimento, é interessante que verifiquemos algumas das razões que tentam justificar a denominação "pós-autistas" ao grupo originado na França. Isto porque a analogia entre o autismo econômico e a patologia é estabelecida em termos de algumas características comuns às duas manifestações. Listemos, pois, algumas delas.
Primeiro, o fato de a tradição neoclássica desvincular a ciência econômica da realidade, fazendo-se reportar mais aos modelos que desenvolve do que aos próprios fenômenos que tenta explicar, sugere um paralelo com a patologia, que se evidencia pelo efeito que o autismo (a doença) provoca naqueles que dela sofrem: a criação de um mundo autônomo em relação à realidade.
Segundo, e no mesmo sentido, a inabilidade em relacionar-se com o mundo exterior que esta doença provoca aos seus enfermos, sugere a incapacidade da tradição neoclássica em propor explicações que correspondem, efetivamente, à dinâmica real dos fenômenos que se propõem a estudar.
No intuito de construir uma ciência não-autista, a crítica do movimento aos modelos fechados (mundos imaginários), como expressa em sua petição, reclama uma maior proximidade com a esfera empírica do conhecimento no ensino da ciência econômica:
Com efeito, se a teoria legitimamente destaca-se das contingências, em um primeiro momento, ela raramente efetua o retorno necessário aos fatos: a parte empírica (história dos fatos, funcionamento das instituições, estudo dos comportamentos e das estratégias dos agentes...) é praticamente inexistente. Por outro lado, esse afastamento do ensino em relação a realidades concretas coloca, necessariamente, um problema de adaptação para aqueles que gostariam de se tornar úteis aos atores econômicos e sociais. (Manifesto Pós-Autista)
Segundo Steve Fleetwood (2002), um dos aspectos que denunciam tal autismo nos sistemas fechados é a pretensão de fazer emanar do método dedutivo em que se baseiam proposições de conhecimento sobre o mundo real. Esta crítica se justificaria na medida em que este método se desenvolve a partir de "condições iniciais", "assunções" e "axiomas" (isto é, de proposições analíticas, vale dizer, sem conteúdo empírico), de forma que o conhecimento dele emanado só poderia ser válido como lei científica dentro da totalidade da teoria que estivesse a significá-lo, ou seja, no interior do próprio modelo de onde é deduzida.
Neste caso, as hipóteses adotadas pelos modelos fechados, por serem extremamente restritivas, acabam por desconsiderar muito da complexidade do funcionamento da economia, o que leva a ciência baseada nestes modelos a negligenciar alguns dos maiores problemas que assolam a humanidade, tais como: as crises econômicas, as questões sobre desenvolvimento sustentável, o subdesenvolvimento dos países periféricos e etc. Portanto, uma ciência econômica desenvolvida nestes termos não corresponderia aos anseios daqueles que estivessem a buscar, na economia, os instrumentos cognitivos para o entendimento e a atuação em nosso mundo.
Outro objeto de crítica pelo movimento, consiste na excessiva utilização do instrumental matemático, o qual, além de estar se desenvolvendo como um fim em si mesmo, estaria sendo utilizado indevidamente como forma de validação científica de tais modelos.
Em um artigo publicado no Le Monde Diplomatique, Lawson relata com precisão a problemática da excessiva matematização, estabelecendo um paralelo com a questão da eleição de uma abordagem soberana na Ciência Econômica. Diz ele:
[...] os métodos matemáticos dos tipos usados pelos economistas são (tal como qualquer método) úteis para a tarefa de iluminar a realidade somente sob certas condições. Especificamente, a utilidade dos tipos de procedimentos matemáticos em questão está restrita aos sistemas nos quais regularidades de eventos (determinísticos ou probabilísticos) ocorrem. Desta forma, para aqueles que supõem que ciência significa utilização da matemática, a asserção de que a economia pode e deve ser científica é, com efeito, uma reivindicação de que a regularidade de eventos prevalece no domínio social." (Lawson, 2001)
O excerto questiona, portanto, a consideração da matematização, dentro da tradição neoclássica, como o critério principal para estabelecer a cientificidade de determinado ramo do conhecimento, uma vez que este critério está baseado na idéia de que o domínio social é formado por regularidades de eventos, captáveis pelos sistemas fechados.
Por outro lado, Solow, em sua resposta à reivindicação dos estudantes franceses no que tange ao uso excessivo da matematização, advoga que não há problemas com relação à matematização, pois uma vez que o procedimento científico consiste na produção de modelos, a matemática seria o instrumento que confere cientificidade (e rigor?) a estes sistemas de explicação legitimamente científicos. Nas suas palavras:
Advogar a favor ou contra o uso da matemática não é pertinente, como admitem os estudantes na sua manifestação. A economia aplicada consiste numa série de modelos – isto é, de representações simplificadas da realidade – adaptáveis a contextos diferentes. A maioria desses modelos é redigida em termos matemáticos. Quando se tenta analisar uma situação relativamente complexa cujas principais características são numéricas (preços, quantidades produzidas, taxa de juros, emprego, graus de desigualdade etc.) e que se tenta respeitar as regras da lógica, então a matemática é uma ferramenta indispensável. (Solow, 2000)
Desta forma, assim como os modelos fechados não dariam conta de muito dos problemas contemporâneos acima explicitados (as crises econômicas, as questões sobre desenvolvimento sustentável, o subdesenvolvimento dos países periféricos etc.), a sua formalização apenas serviria para justificar o autismo que atualmente permeia a ciência econômica. É importante salientar que a crítica à matematização proposta pelo movimento não tem como fim a denegação deste instrumento na ciência econômica, mas sim a de seu uso indiscriminado apenas como forma de legitimação para a retórica neoclássica.
Por último, cabe ressaltar a súplica pós-autista por um pluralismo metodológico no ensino e na pesquisa dos cursos de economia. Segundo os signatários do manifesto, uma ciência econômica mais plural traria ganhos para todos os estudantes de economia: a ciência se veria livre dos dogmatismos e, em meio a uma infinidade de métodos, todos se veriam mais estimulados pela maior possibilidade de apreensão de diversos aspectos da realidade.
Raveaud (2001), por exemplo, enfatiza a existência das controvérsias da ciência econômica que são, no entanto, ignoradas pelos neoclássicos ou ensinadas como erros ou desvios percorridos para se chegar a um ponto último da evolução. Ele argumenta que muitas visões rivais à da economia neoclássica foram consideradas e ensinadas, em alguns casos, há até pouco tempo e ainda hoje seu conteúdo é discutido no campo da ciência. Dessa forma, não parece pertinente, segundo Raveaud, desconsiderar as demais partes do debate, ensinando na academia apenas uma delas.
Está implícita na crítica pós-autista à falta de pluralismo a noção de que a ciência econômica não se desenvolve tal como defende a tradição neoclássica, isto é, pela incorporação de conhecimentos sobre o mundo cada vez mais precisos e completos. Seguindo esta lógica, a história da análise econômica passa a ser uma história de "tentativas e erros": as teorias quando confirmadas seriam acolhidas pela fronteira do conhecimento e adotadas no ensino presente da ciência, enquanto que as infirmadas seriam descartadas e esquecidas.
Além dos pontos principais que constam no manifesto do movimento pós-autista, é importante salientar aqui a expressiva abertura presente no debate proposto pelo mesmo, onde as contribuições variam da condenação completa da tradição neoclássica até a defesa dos pontos mais básicos desta tradição. Para verificar este fato, é interessante observar a controvérsia ocorrida em virtude da contribuição de Bernard Guerrien (2002) no debate pós-autista, e a própria divergência entre Lawson e Solow sobre a questão da matematização explicitada acima.
Dentro do debate pós-autista se manifesta ainda uma outra de suas características: a heterogeneidade quanto à própria motivação central do movimento. Isto porque foram propostas no debate distintas concepções sobre o que seria uma ciência econômica não-autista, permanecendo ainda em aberto qual seria o caminho a ser trilhado para se chegar a esta ciência, bem como o tipo de ciência que se encontraria ao se chegar ao fim deste caminho. Todavia, é ponto pacífico no debate pós-autista a constatação do autismo da tradição neoclássica.
3. Crítica ao Movimento Pós-Autista
Uma vez apresentada a natureza do movimento pós-autista e de suas críticas, tentaremos agora retomar um pouco das críticas feitas na primeira seção deste artigo para: (i) explicitar a razão pela qual a economia neoclássica não logra, a partir de sua metodologia dedutivista e sua epistemologia positivista, propor explicações apropriadas aos fenômenos econômicos; (ii) indicar porque os pós-autistas, mesmo que denunciem esta inabilidade em construir teorias explanatório-causais, não chegam a fornecer uma crítica que realmente aponte a limitação da tradição neoclássica. (a correção foi feita até aqui
3.1 Insuficiências da tradição neoclássica
Falar sobre a limitação da tradição neoclássica é apontar duas insuficiências cruciais às suas pretensões na construção do conhecimento científico: uma é ontológica, e se refere à forma como esta tradição concebe ser possível a prática científica, vale dizer, pela experiência sensível dos sujeitos; a outra é metodológica, e consiste na forma dedutivista pela qual tenta desenvolver o tipo de ciência que a sua ontologia subentende como possível.
De início, deve-se explicitar aqui que acreditamos não ser possível nenhuma forma de ação pelos sujeitos, sem que esses previamente signifiquem (percebam) de alguma forma o mundo. Assim sendo, toda forma de conhecimento (científica ou não) deve necessariamente remeter-se a uma ontologia particular, ou seja, a um conjunto de valores, idéias, preconceitos, ideologias, significações e crenças que orienta toda e qualquer ação humana. A partir daí, torna-se evidente a inconsistência daqueles que se propõem a fazer uma ciência neutra ("livre de idéias"), uma vez que todas teorias são carregadas de conhecimento (theory laden).
Nas palavras de Lawson: "(...) qualquer teoria do conhecimento pressupõe alguma ontologia. Pois é preciso supor, ainda que só implicitamente, que a natureza da realidade é tal que ela pode ser objeto do conhecimento do tipo requerido ou especificado".
O tipo de conhecimento "requerido ou especificado" pela tradição neoclássica, fundado na ontologia positivista, se restringe à esfera empírica do conhecimento (ou seja, aos limites do observável e do sensível) e a tarefa reservada à ciência passa a ser a de constatar correlações entre os eventos observados, de forma a retirar daí, como lei científica, aqueles padrões de associação entre eventos que constituem regularidades empíricas. Como devemos perceber, esta concepção de lei científica pressupõe, para que seja válida, que a realidade social seja imutável e a-histórica.
Essa concepção de lei científica acaba por inviabilizar também o objetivo central da própria ciência: o de fornecer explicações causais acerca dos fenômenos empíricos. Ou seja, ao reservar à ciência o mero papel de procurar regularidades empíricas, é negado a esta o seu papel de apontar as determinações causais dos fenômenos observados e acaba-se, então, por retornar-se ao problema da demarcação dos discursos científicos (dado que, ao se falar em explicação sem admitir a existência de uma esfera do conhecimento que vai além do que é empírico, se impossibilita o discernimento de quais conhecimentos poderiam ser designados como ciência – conforme vimos na tradição positivista).
Essa atitude condiciona o conhecimento científico a uma enorme carga ideológica ligada a interesses específicos, limitando a esfera dos conhecimentos sociais a pré-concepções dogmáticas. Conforme destacado por Fullbrook:
Ao invés de identificar os fenômenos que em seguida procuraria explicar, a economia evita a dialética considerando apenas fenômenos consistentes com as explicações existentes. Nas décadas recentes, essa "ciência" ao avesso – escolha que é vista com o objetivo de justificar uma teoria e a sua ontologia, ao invés de usar a teoria para entender realidades intransitivas, tornou-se hegemônica à medida que a economia construiu um suporte para novas narrativas da prática científica [...]. (Fullbrook, 2001)
Na ótica de Fullbrook, a tradição neoclássica orienta a sua prática científica rumo à consideração exclusiva dos fenômenos sociais que se adaptam às teorias existentes, limitando o conhecimento científico às fronteiras dos modelos fechados. Em outras palavras, realiza-se um processo de ajustamento da realidade social aos métodos empregados por determinada concepção de ciência, o que Lawson denomina "reducionismo epistemológico".
Assim, além de incorrer neste reducionismo epistemológico, um óbice às suas pretensões científicas, a tradição neoclássica é levada, pela sua própria constituição, a uma outra limitação: o método dedutivista. E dizemos limitação porque as leis científicas propostas nos modelos fechados são tautológicas, isto é, já estão implícitas no conjunto de pressupostos que formam as condições iniciais do próprio modelo.
A contestação pós-autista da validade social da tradição neoclássica é, portanto, infundada, pois apesar dos sistemas fechados não permitirem a formação de leis científicas que explicam as determinações causais dos fenômenos empíricos, eles, de fato, funcionam. O importante a ressaltar neste fato é que as teorias da tradição neoclássica, além de não poderem alcançar a complexidade da realidade em suas explicações, nem sequer objetivam fazê-lo, pois elas se pretendem um instrumento supostamente livre de valores (uma praxeologia). No entanto, se o nosso pressuposto de que existe uma esfera do conhecimento além do empírico estiver correto, deve-se seguir que mesmo pretendendo ter somente um caráter instrumental, qualquer tipo de conhecimento se remete à um sistema de crenças particular.
3.2 Pós-autistas?
Com base na análise desenvolvida até aqui, torna-se evidente que as principais reivindicações do movimento pós-autista, na realidade, estão limitadas à própria esfera "autista" do conhecimento, isto é, ao empírico, não alcançando o real.
Ao propor uma solução ao autismo da teoria neoclássica, sugerindo o retorno dos modelos fechados à esfera empírica do conhecimento (um meio de confirmação de suas implicações), o movimento fica limitado pela não observância dos mecanismos causais que compõem a estrutura dos fenômenos sensíveis, incorrendo assim no mesmo reducionismo epistemológico anteriormente abordado.
Desta forma, deve-se esclarecer que a crítica aos sistemas fechados, desprovida de uma anterior crítica ontológica que sinalize para uma outra metodologia, não passará de uma crítica insuficiente.
No mesmo sentido, a reivindicação pela emergência do pluralismo metodológico na Academia, sem ser acompanhada por uma ontologia que submeta o pluralismo à necessidade de objetividade científica, faz com que o movimento incorra num relativismo epistemológico (um "pluralismo conciliador") vertido à acomodação de diversas abordagens teóricas dentro da ciência econômica. Não se trata aqui, certamente, de defender uma nova posição hegemônica na ciência econômica, mas sim delimitar o alcance deste pluralismo, marcado pelo reconhecimento da necessidade de uma prática científica ontologicamente orientada para a explicação da realidade, e mais, de uma metodologia comprometida com a natureza aberta da sociedade, respeitando, pois, seu caráter histórico.
4. Conclusão
Durante a elaboração deste artigo, uma questão central norteou todos os argumentos desenvolvidos: será que o movimento pós-autista realmente alcança a essência dos problemas da tradição neoclássica? A análise dos principais pontos que compõem o manifesto pós-autista revelou que não.
A oposição aos sistemas fechados (ou "mundos imaginários") revelou-se superficial, não logrando alcançar a essência do problema: a significação do mundo através das percepções do sujeito (redução da esfera intransitiva à transitiva), limitando a prática científica à mera captação de fenômenos empíricos.
No contexto dos sistemas fechados, a matematização foi abordada como o instrumento que conferia aparente cientificidade às teorias neoclássicas, pressupondo, conforme destacamos, que o domínio social é formado por um conjunto de regularidades empíricas. Há de se perceber, no entanto, que a simples crítica à matematização, desprovida de um anterior questionamento sobre as razões da utilização do instrumental matemático, é débil, pois uma ciência baseada na construção de modelos necessita da formalização.
No tocante à petição por uma maior pluralidade de enfoques no ensino da ciência econômica, é crucial que não se incorra numa concepção relativista de pluralismo. Acreditamos que o pluralismo em uma prática científica que não percebe a existência de uma realidade objetiva, nega, por conseqüência, a possibilidade de uma racionalidade julgamental, sendo necessariamente levada a uma prática relativista.
Por fim, convém destacar que a análise desenvolvida neste artigo não propõe o aperfeiçoamento das teorias da tradição neoclássica. Procuramos, ao contrário, oferecer uma crítica à forma vigente de se fazer ciência tentando destacar que, embora bem intencionada, a crítica pós-autista não consegue apontar uma saída para os problemas derivados dessa abordagem científica. Defendemos que somente por meio da adoção de uma ontologia preocupada em identificar nos fenômenos empíricos as causas de suas determinações últimas, é que seria possível construir um método científico capaz de conduzir a uma ciência realmente não autista e a um pluralismo "não conciliador", evidentemente que, ambos, concebidos para além do empírico.
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