quinta-feira, 7 de julho de 2011

O AUTISMO, A TERAPIA OCUPACIONAL E MUITO AMOR





Helio P. Leite

29.06.2011

Olhando para trás, trinta anos depois do meu primeiro contato com o autismo, quanta coisa mudou, quantos sentimentos foram transformados em experiência e quanto ainda me sinto jovem. Jovem sim, que ainda busca caminhos com entusiasmo e empolgação por aprender e descobrir trilhas com o amadurecimento da idade.

Escolhi o autismo antes mesmo de escolher ser terapeuta ocupacional. Fui trabalhar numa escola de ensino especializado,l fui coordenadora por 20 anos. Lá além de crianças e jovens com autismo também convivi com a deficiência intelectual e outras síndromes. Paralelamente atendia crianças com paralisia cerebral numa clínica em terapias individuais de 40 minutos.

Por característica pessoal e por ter tido o privilégio de estar ao lado da profa. Nylse Cunha que trouxe a Brinquedoteca ao Brasil e defende o Brincar como o principal recurso para a aprendizagem, eu me tornei uma profissional extremamente lúdica e uma terapeuta ocupacional apaixonada pelo brincar e fazer rir.

É importante enfatizar que a abordagem centrada no cliente, seguindo o quadro de referência humanista da TO, é a que escolhi como alicerce de minha atuação profissional.

Esse texto é a expressão de uma prática amorosa profunda que agora se encontra em um momento reflexivo. A emoção fica oculta por restrição da palavra escrita.

Em 2006, resolvi mergulhar e dedicar todo o meu tempo ao Autismo, ou melhor, à criança que está autista e sua família que tem garra e esperança, pois o autismo é tratável. AH! Como tudo mudou e isso é maravilhoso.

Nas sessões a mudança começa pelo tempo de terapia, não há condições de construir uma interação com a criança em apenas 40 minutos e nem uma atmosfera lúdica e divertida. Se respeitarmos o ritmo da criança e o seu tempo para se preparar para interagir, podemos perceber que muitas vezes, quando estamos sentindo que o ambiente está ficando favorável e surge um contato de olho, um sorriso ou um toque.....a terapia acaba! E outra criança está a sua espera. A troca da quantidade de pacientes pela qualidade da terapia foi fundamental para os resultados positivos.

O terapeuta atua como um facilitador, oferecendo oportunidades, capacitando a criança a explorar pensamentos e sentimentos em um ambiente seguro e provendo recursos que a criança identifique como necessários. São importantes o desenvolvimento da auto valorização e a sensação de controle da situação.

A criança é encorajada a dirigir sua própria terapia, as brincadeiras e atividades são escolhidas por ela e devem ter significado para ela.

Nessa abordagem é fundamental que o terapeuta não exerça poder sobre a criança, e é preciso assegurar que o controle será dado á ela, mesmo ás custas de uma lenta tomada de decisão. Novamente como facilitador, o terapeuta promove oportunidades e informações para ajudar a criança decidir aquilo que deseja e então organizar os recursos ou intervenção para que isso seja alcançado.

Outra e muito importante mudança que percebo nos dias de hoje é a participação dos pais nesse processo de tratamento de seus filhos.

Não são mais os profissionais que estão com o saber, o saber está cada vez mais com as famílias que nos oferecem o genuíno dossiê de como seu filho aprende, como seu filho sente, como seu filho reage, como seu filho se diverte.

E cabe a nós profissionais adiar o julgamento e pensar junto, interpretar esses dados, associar com o nosso conhecimento e experiência e desenvolver um programa de tratamento criativo, dinâmico, divertido e viável para cada família e não impor planejamentos engessados.

Na TO, temos tanto a ensinar mas se a criança não estiver interessada, nada teremos...

Estabelecer os desafios, os objetivos e as ações e embarcar nessa viajem de amar incondicionalmente, amar é uma viajem a ser feita com alguém na qual, ao mesmo tempo em que curtimos essa entrega, desvendamos os mistérios que ela nos apresenta a cada momento.

fonte: http://www.formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12682:o-autismo-a-terapia-ocupacional-e-muito-amor&catid=38:saude&Itemid=139

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