terça-feira, 5 de julho de 2011

O DIÁLOGO DAS FLORES



silvânia mendonça almeida margarida


Fragrantes e formosas flores
que viviam placidamente
num imenso jardim róscido
a cantar diziam:



“Conheci um jovem autista
Esteve aqui por ora
A cantalorar lindas canções
Ninguém o viu
É lindo, meigo e puro
E somente nós
Podemos entrever o quão
Sinceros são os seus trejeitos...



E diziam felizes: “como é humilde
a posição que ocupamos diante deles.
O autista tem posição privilegiada
nos haustos divinos e eternos
seu brilho é interior e sem tormento
nunca murcha diante da aflição
e seu coração pleno e inocente
logo muda no coração da felicidade
da inocência e do perdão...


A rosa ouviu as palavras de sua vizinha
“Como é dolorosa a pregação dos felizes
para o coração do miserável!
Eu seco e tenho espinhos
Morro mesmo em vasos d’água
Sou inconformada e intranqüila
Não sou a rainha das flores?
Como é estranha a sua fala!”



As outras avizinhavam o diálogo florido
A violeta abriu os lábios azuis e disse
“Também sou infeliz, não de me pensar
Sem o benefício da divindade maior
Não seria a vida do autista dolorida?
a voltar sua face ao sol?
que queima as folhas e não fenece frutos?”


“Que nada, não penso assim
Não quero ser a conselheira dos fracos!”
Diz a avenca próxima às flores
“Somos pequenas,
vivemos próximas da terra,
e não estamos a salvo
da ira dos céus”.


“O autista”, completa a bromélia
“É soldado ferido num campo de batalha
Pompea sobre nós e outras em todos os jardins
na tempestade da vida, confina-se numa elevada
e vigorosa tranquilidade de espírito”...



E assim as flores, as mais diversas
Lindas e belas, no abrigo final
de todas as folhas
Dialogavam sobre o autismo
no silêncio da existência dos raios
Aquele jardim solitário sofreu muito
ao impacto dos céus adversos.


Estações e estações se passaram
Noites de brilho e céus de orvalho
Esperaram o calor e se calaram no inverno
E a natureza estendeu os dedos misteriosos e mágicos...


Flores brotaram novamente, as mais cristalinas
E o moço autista veio novamente ao Jardim
E o seu brilho intenso provou as novas moradas
Era bem-aventurado e feliz, perfeito enfim...


E o diálogo das flores recomeçou!!!!!

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