domingo, 30 de maio de 2010

QUEM É MAIS FELIZ?



silvania mendonça almeida margarida

A minha visão é fulgente como um lírio
flutua como a vitória-régia
navega em ondas sobre as águas do meu mundo
Tenho a anuência de caminhar entre flores
Olho para todos os lados autísticos do meu ser
Olho para a direita e para esquerda
Para frente e para o alto
e por incrível que pareça
Ser andar muito bem, mesmo olhando para trás

Vejo que a cada instante sou um ser especial
E o que nunca observo ao meu redor
Não tenho a preocupação aflita incontida
minha mãe e meu pai vêem por mim
e são minha identidade, quer melhor?

Sei ter a surpresa efetiva e o sentimento inerte
De uma criança sem maldade, de um ente angelical
Sinto-me comemorado a cada momento
Pois como autista,
de certa maneira e em certo estágio
Porque tudo é efêmero e não se basta
Sou a novidade do Mundo,
sou a notícia das estrelas

E não sinto a dor pungente do seu peito amargurado
Quem é mais feliz?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

REPETINDO

"Ter um filho especial implica mudar radicalmente o nosso ponto de vista sobre o mundo, reavaliar os valores. Aceitar uma criança com limitações e confiar em sua recuperação exige esforço e consiste em um grande avanço, mesmo para os pais. Pais de crianças diferentes não convivem apenas com renúncia, abnegação e sofrimento. Um filho diferente exige, sim, muita dedicação. Exige amor, fé e paciência para ensiná-lo a tornar-se dono do próprio futuro.”

"Rejeitar a matrícula de uma criança especial é crime sujeito a pena de prisão".

FONTE: elosautisticos.blogspot.com

terça-feira, 25 de maio de 2010

AUTISMO E TEATRO

Cinco talentos do teatro para menores
24 de maio de 2010 | 0h 00
Leia a notícia
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1. O diretor e autor: pelas diferenças


Cachorro Morto, além do público adulto que gosta de teatro, tem atraído a plateia jovem de forma incrivelmente bem-sucedida. Qual o segredo?

Essa resposta tão bem-sucedida do público jovem tem sido uma surpresa maravilhosa, porque o espetáculo nunca foi pensado para um público ou uma faixa etária específica. Não sei qual é o segredo, mas tenho a impressão que Cachorro Morto tem um apelo juvenil forte porque há uma narrativa linear clara, uma história envolvente sendo contada, mas de forma múltipla e dinâmica. Conversando com o público adulto, percebo que há um envolvimento com a trajetória da personagem, com o drama familiar. Já com o público jovem, há um envolvimento com a estrutura do espetáculo, com a multiplicação dos personagens pelos cinco atores e o humor dos diálogos. Há outro fato determinante também: um dos livros que inspirou a peça foi lançado simultaneamente para adultos e pré-adolescentes (em duas edições, apenas com capas e divulgações diferentes). Isso faz com que a linguagem da peça seja ao mesmo tempo concisa (já que é estruturada a partir do ponto de vista de um autista) e profunda. Acredito que a identificação dos jovens com a peça acontece tanto por uma camada linear - a história contada - como por uma camada múltipla e que corresponde ao ritmo de acesso a informações a que está acostumado.

Por que você escolheu a temática das diferenças?

Atualmente, esse é o tema que mais me atrai e intriga. Até mesmo o nome da companhia que formei com os atores de Cachorro Morto remete a isso: Hiato. Porque é exatamente o que eu me pergunto o tempo inteiro: qual a distância entre o que eu digo e o que você entende/quer entender do que eu disse? Qual o tamanho da lacuna que existe entre a minha experiência e a linguagem? O que eu consigo expressar da minha experiência? E, para responder a essas perguntas, eu tenho que considerar que existem outras formas de perceber o mundo além da minha. E isso me faz voltar ainda mais e perguntar: como percepções de mundo, comportamentos, formas de pensamento podem ser consideradas adequadas ou inadequadas, se elas são únicas? Acredito que transformar isso em espetáculos é uma forma de, mais do que responder, compartilhar essas perguntas. No caso de Cachorro Morto, o espetáculo partiu da minha experiência pessoal, da minha "inadequação", a minha "diferença" durante a infância e pré-adolescência e de como isso determinou a minha forma de perceber o mundo. E esse tema volta agora, dessa vez direcionado às crianças, num espetáculo infantil que estamos criando (e que deve estrear no segundo semestre): Gente e Monstro.

Conte alguma reação da plateia que o tenha marcado durante a temporada da peça.

Como o espetáculo está há quase dois anos em cartaz, em locais diferentes, viajando pelo interior, tivemos respostas muito diferentes. A primeira apresentação que fizemos foi para um grupo de autistas e seus familiares (que tinham contribuído com nossa pesquisa). Enquanto os pais estavam emocionados com o espetáculo, as crianças tinham um envolvimento muito diferente. Há uma cena em que um dos atores diz "eu tenho um mapa". Nesse momento, um menino com Síndrome de Asperger na plateia grita: "Mãe, cadê meu mapa? Mãe, cadê meu mapa?" e permanece assim até que a mãe lhe entregue o mapa. Em outra apresentação, havia um jovem que, a cada diálogo da peça, repetia "nossa!" Uma vez, um senhor veio conversar conosco, dizendo ter se emocionado muito porque recentemente (aos quase 50 anos) tinha descoberto ser Asperger. É muito curioso que é possível perceber um movimento diferente na plateia quando há familiares e pessoas envolvidas indiretamente com a síndrome: os familiares se emocionam muito e frequentemente vêm conversar conosco, compartilhar suas experiências.

QUEM É
LEONARDO MOREIRA

DIRETOR E DRAMATURGO

CV: Tem 27 anos e nasceu em Areado-MG. Formou-se em Artes Cênicas pela USP. Em 2007, junto a um grupo de jovens atores, criou a Companhia Hiato. Por Cachorro Morto, foi apontado como um dos novos autores em destaque da cena paulista. Atualmente, além de dirigir um espetáculo em Buenos Aires, trabalha na criação de roteiros para a televisão.


2. O figurinista: paixão pela moda

Como surgiu seu interesse pela criação de figurinos?

Desde a infância, meu interesse pelas artes plásticas era muito evidente. Desenhar e pintar eram parte da minha rotina. Vendi meu primeiro quadro aos 12 anos para um casal de colecionadores de arte, amigos de meus pais. O vestuário era como uma extensão das pessoas e parte do universo que eu tentava ilustrar. Tinha um grande interesse pela moda e não só por aquilo que eu mesmo poderia vir ou não a usar, mas também pelo vestuário das pessoas que me circundavam. Como era costume no interior de Minas daquela época contratar costureiras para irem em casa fazer as roupas da família, eu mesmo acabava escolhendo o tecido e criava o modelo das roupas que seriam feitas para mim. O que eu vestia tinha sempre algo que saía do óbvio.

Como você resume suas intenções artísticas ao transformar as histórias de Oscar Wilde em roupas (O Poeta e as Andorinhas)?

Eu considerava as histórias de Wilde, embora voltadas para o público infanto-juvenil, um tanto duras na sua incisiva observação das nossas imperfeições. Assim, pensei inicialmente em tentar compensar essa crueldade criando algum tipo de alento para o jovem espectador. Como o J.C. Serroni já havia adiantado que seus cenários tenderiam mais para o sombrio e para o árido, achei que os figurinos poderiam servir de oásis para alguns olhares perplexos e, possivelmente, inexperientes. Parti, como sempre acabo fazendo, em busca da combinação das cores ideais. A criação dessa harmonia é sempre o que inicialmente me move. Começo com as cores e só então parto para as formas e para a escolha dos materiais. Uma outra coisa que me ocupou bastante foi o trabalho com as texturas dos figurinos e dos adereços. Queria, através da estimulação visual, aguçar também uma percepção tátil na plateia. Às vezes, eu acho uma pena que a distância entre o palco tradicional e o público, principalmente o infantil, seja tão grande. Uma das maiores recompensas que tive com o trabalho foi escutar de um espectador que ele havia passado o tempo inteiro do espetáculo com vontade de tocar os figurinos.

Quem são seus mestres na área de figurinos/estilistas?

Por coincidência (ou não!), gosto muito de duas figurinistas japonesas: Emi Wada e Eiko Ishioka. A Emi já contribuiu com algumas obras-primas para o cinema de Kurosawa e Peter Greenaway, por exemplo, e pode ser apreciada também no mais recente O Clã das Adagas Voadoras e na ópera de Tan Dun O Último Imperador. Fico pasmo com a extraordinária e precisa escolha das cores e com a riqueza das texturas que ela utiliza. Já a Eiko faz de tudo: eventos, publicidade, teatro, cinema, Cirque du Soleil, ópera. O que me fascina nela é aquela sensação de que, para a sua imaginação, não parece haver limites. No Brasil, sou um devoto do trabalho de figurinista do diretor teatral Gabriel Villela. Seus figurinos têm uma beleza - nada vulgar! - e uma singeleza tão raras que só me resta ficar comovido. Para ficar apenas com um exemplo, o seu trabalho para o recente Vestido de Noiva é digno de qualquer prêmio. O uso do plástico bolha é nada menos do que genial. E não é apenas uma questão de gerar o mero encantamento visual - como muito se vê por aí. Suas personagens trajam sempre alguma coisa que está a serviço de algo maior, de uma transcendência, a serviço do teatro. Criar assim é para poucos. Na área da moda, as recentes e trágicas circunstâncias acabaram por me aproximar mais de Alexander McQueen. Seu trabalho seria um ótimo parâmetro para alguém que tivesse a incumbência de discernir o que é pura tendência daquilo que seria a verdadeira criação artística. Essa moda-arte ou arte-moda me fascina demais. E são muitos os gênios dessa área, principalmente da haute couture, que, a meu ver, fazem do seu trabalho verdadeiras obras de arte. Christian Lacroix, Gaultier...

QUEM É
LEONARDO DINIZ

ATOR, CANTOR E FIGURINISTA
CV: Leonardo Diniz, de 38 anos, nasceu em Curvelo, Minas Gerais. Pelo figurino de O Poeta e as Andorinhas, ganhou os prêmios APCA e Femsa de Teatro Jovem. Como ator, esteve na trilogia de Gabriel Villela da obra teatral de Chico Buarque, entre muitos espetáculos. Como cantor, fez o show-solo Tempo e o recente musical Emoções que o Tempo não Apaga.


3. A atriz: aprender a lidar com a morte
Sua personagem, em O Travesseiro, perdeu o irmãozinho e inventa uma fantasia para (não) lidar com isso. Fale de sua experiência em lidar com a morte em cena, e numa plateia mirim.

Adoro criar tipos, mas esse meu trabalho atual é um drama para crianças, coisa não muito habitual no teatro infantil. Eu tenho pavor da morte, por isso me identifico com os autores, os personagens que falam de morte, que morrem em cena. De maneira catártica, canalizo esse medo na arte, tentando talvez driblá-la (risos). De certa maneira, estou agindo como a menina da peça, a Didi. Para as crianças não há todo esse peso. Não queríamos usar a palavra morte, na boca da Didi, simplesmente para que os pais tivessem o direito de dar vazão aos questionamentos dos filhos, ou não. A maioria das crianças não fala que o Celinho morreu. Fala que ele virou travesseiro. E aí cabe aos pais essa decisão. Mas elas sentem sim, que algum tabu existe ali. Já tivemos pais que durante o espetáculo perguntavam aos filhos se queriam ir embora e as crianças relutavam até o fim. Isso é lindo. O tabu está nos adultos. Talvez se a gente soubesse lidar melhor com a morte como em outras civilizações, essa passagem toda fosse mais tranquila.

Na temporada de O Travesseiro, houve uma reação da plateia, curiosa, engraçada, triste, que sirva para ilustrar esse comportamento do público infantil diante do tema da morte?

Além dessa de os pais ficarem pedindo para o filho para irem embora, temos os casos do menino que me chamou de assassina, na cena em que os pais descobrem que eu matei o passarinho; o menino que, quando eu chego no lugar onde o poeta diz que mora Deus, falou desesperadamente: "Aí é que é o Deus? Fala papai, aí é que é o Deus?"; a menina com paralisia cerebral, que a mãe tentava levá-la em vários espetáculos e não havia jeito de ela se acalmar - a mãe nos escreveu um relato emocionado, dizendo que a filha ficou o espetáculo todo atenta e encantada; e muitos outros.

Recentemente, que atores/atrizes chamaram sua atenção pelo carisma com as crianças?

Jacqueline Obrigon e Maurício de Barros em Assembleia dos Bichos; e Mariana Lima e Renato Linhares em A Mulher Que Matou os Peixes.


QUEM É
VIRGINIA BUCKOWSKI
ATRIZ
CV: Natural de Porto Alegre, 33 anos, formou-se no Indac e, em 1995, ingressou no grupo Círculo dos Comediantes, de Marco Antônio Braz, atuando numa trilogia de Nelson Rodrigues. Depois fundou a Velha Companhia. Por Ay, Carmela!, recebeu o Prêmio Qualidade Brasil 2007. Além de O Travesseiro, está também em cartaz com A Alma Boa de Setsuan.


4. O compositor: ampliar os sentidos
Muita gente diz que peça infantil sem música é um pecado mortal. Você concorda?

Penso a música para a cena - seja teatro infantil ou adulto - como um componente que deva, mais do que manter a atenção do público ou dar "cama" para os atores, ampliar os sentidos da encenação. A música é fundamental para apoiar e fazer subir os degraus da dramaturgia, além de atuar no sensorial e emocional da plateia para além da compreensão do texto e da encenação.

Quando compõe para crianças, sua inspiração vem da sua própria infância ou de onde?

Na verdade, imagino o que faria surpreender as crianças de hoje, tão espertas e estimuladas. Surpreender - no sentido de apresentar timbres que elas ainda não reconheçam e que não estejam nos programas que assistem na televisão. E geralmente me inspiro no que estou ouvindo no momento da criação.

Há instrumentos musicais que caem melhor em trilhas infantis do que em adultas?

Uma das coisas maravilhosas em fazer trilha infantil é que é um lugar infinito para se inventar música. Vale rock, música eletrônica, timbres eruditos como cordas, madeiras e metais, banda de coreto, arranjos vocais, caixinha de música... Realmente vale tudo, tanto com relação a estilo quanto a instrumentos. Eu me desafio a cada trabalho a não repetir os universos de timbres e estilos por onde "já estive".

Qual trilha de sua carreira teve mais repercussão até hoje (mesmo que não seja para teatro infantil)? A que você atribui isso?

As que criei para os espetáculos sob direção de Gabriel Villela: Fausto Zero e Vestido de Noiva (pelas quais fui indicado para o Prêmio Shell), e as trilhas criadas para a Cia. de Dança Palácio das Artes: Coreografia de Cordel e Transtorna. O Gabriel (Villela) é um gênio, que leva todas as partes criativas de um espetáculo para além dos limites; sempre supero as minhas expectativas com relação à criação da música quando sou dirigido por ele. Já com a Cia. de Dança Palácio das Artes, o processo de criação é instigante, são 23 bailarinos criando simultaneamente, mais diretores e coreógrafos. E as trilhas resultam intrincadas com os espetáculos, causando um impacto positivo no público.

5. O cenógrafo: de olho na surpresa
Ao pensar num cenário para peça infantil, você pensa inicialmente no quê?

Em realidade, eu sou cenógrafo de um grupo só, a Pia Fraus. Como meu papel no grupo é o de conceber os espetáculos, as ideias chegam já se completando. O cenário está integrado a toda a ideia da encenação.

Há algo que considere como pecado mortal quando se fala em cenografia para teatro infantil, algo inadmissível e equivocado?

Acho que o tempo de cenários descritivos - reprodução da realidade - já passou. Prefiro os cenários sugestivos, que permitam surpresas.

Em Filhotes da Amazônia, seu cenário prima pela simplicidade e funcionalidade, surpreendendo a todos no final, com a transformação que se revela. Fale um pouco dessa sua criação.

Eu estava em Manaus, no projeto Palco Giratório, e contei o roteiro de Filhotes para o Vinícius, um dos atores, e ele comentou que estava faltando uma estória de tartaruga. Aí me veio a ideia de a tartaruga ser o centro da estória, o invólucro. No mesmo dia, fui visitar um centro cultural em forma de oca e fiz as associações com a tartaruga. Depois, foi só buscar as soluções de criar várias aberturas nessa oca/tartaruga, que dessem a sugestão de conter toda a natureza, como o rio, a floresta. E quando a tartaruga se materializa é prazeroso ver a surpresa nas pessoas, porque ela estava lá e as pessoas só notam no fim.

Você acha que, ainda hoje, as produções infantis têm de pensar em cenários fáceis de montar e desmontar, pensando no pragmatismo de liberar o palco para a peça adulta que virá a seguir?

Talvez eu seja uma voz dissonante, porém eu acho que as produções devem, sim, se adequar à essa realidade de monta/desmonta do cenário. O teatro é um prédio muito complexo e caro, ele deve ser utilizado ao máximo, abrigar várias produções. Eu não vejo como problema, vejo como situação que deve ser enfrentada com criatividade e competência técnica.

De que cenários recentes de teatro infantil você gostou?

Gostei do cenário do Serroni em O Colecionador de Crepúsculos, direção de Vladimir Capela, pela monumentalidade e solução de materiais, todos de custo baixo e grande impacto final.


QUEM É
BETO ANDREETTA
ATOR, DIRETOR E CENÓGRAFO
CV: Há 26 anos na Cia. Pia Fraus, Beto Andreetta, de 48 anos, ganhou o Prêmio APCA de melhor cenografia por Filhotes da Amazônia, entre muitos outros prêmios. Já atuou com os grupos XPTO, Parlapatões e Acrobático Fratelli e ajudou a criar o Circo Roda Brasil. Para adultos, fez recentemente Primeiras Rosas, baseado em contos de Guimarães Rosa.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100524/not_imp555677,0.php


domingo, 23 de maio de 2010

ADRÍSTICO



Silvania Mendonça Almeida Margarida

Já vai embora?
Já vai sonhar?
Sonhe comigo
Paute-me em seu amor
Adrístico e romanesco

Vai pegar o trem
De que horas?
Espere um segundo
Vou pegar minha Bengala
E irei também

Vai por aí?
Sorrindo em rimas?
Com beleza e consonância
Espere por mim
Quem sabe dará certo
o nosso festival de canções românticas

Já deixou para trás?
Toda dor de amor?
Pergunte à tarde
Se embora, perto da noite
Dos risos incontidos
Poderemos ser felizes?



E o autismo?
É certo que acabou?
No símbolo da história?
Não se preocupe
A eternidade, mesmo na revolta
Renova todos os corações

Bhz, 23 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Britânica é acusada de matar filho autista de 11 anos

Uma mulher britânica é acusada de matar seu filho autista de 11 anos por ter supostamente se cansado de vê-lo sendo motivo de chacota na rua.
Yvonne Freaney, 48 anos, foi presa no sábado após seu filho Glen ter sido encontrado morto em um hotel perto do aeroporto de Cardiff, no País de Gales.
Segundo a polícia, amigos e familiares haviam dado o alerta no sábado por temerem pela segurança do menino. Os policiais teriam chegado ao hotel três minutos depois, mas Glen já estaria morto sobre a cama, com a mãe a seu lado segurando sua mão.
Corpo
Segundo a descrição da cena relatada durante uma audiência judicial na terça-feira, ela teria dito aos policiais: "Pelo menos agora ninguém mais pode ficar apontando o dedo para ele".
Acredita-se que ela tenha permanecido no hotel com o corpo do filho por dois dias. Yvonne, que tem outros três filhos, com 14, 19 e 22 anos, teria se separado recentemente do marido.
Após a audiência, ela foi levada a uma clínica psiquiátrica, onde deve permanecer pelo menos até a próxima audiência, no dia 14 de junho."


Fonte: http://noticias. terra.com. br/mundo/ noticias/ 0,,OI4438587- EI8142,00- Britanica+ e+acusada+ de+matar+ filho+autista+ de+anos.html

domingo, 16 de maio de 2010

NUEVAS EVIDENCIAS


Imágenes del cerebro tomadas durante el experimento. (Foto: 'Neuron')











Las 'neuronas espejo' de los autistas funcionan bien
El sistema espejo del cerebro es clave para la interacción social
Varios estudios señalaban que su función es anómala en las personas autistas
Un nuevo trabajo determina que su actividad es normal

CRISTINA DE MARTOS

MADRID.- Cuando alguien nos saluda con la mano, nuestro cerebro es capaz de procesar ese gesto como algo amistoso y nos permite imitarlo. Esto es posible gracias al sistema de neuronas espejo, un conjunto de células nerviosas que, hasta la fecha, se pensaba que podrían funcionar mal en los trastornos del espectro autista. Sin embargo, un estudio publicado en 'Neuron' indica que su actividad en normal en estos pacientes.

La teoría tenía sentido. Una de las características más llamativas de las personas con autismo es su incapacidad para la imitación, la empatía y la comprensión de la intención de los gestos de los demás. Si las neuronas espejo son cruciales para la interacción social, era lógico pensar que algo funcionara mal en este sistema cerebral. De hecho, algunos estudios parecían confirmar la hipótesis.

Pero estos trabajos pasaron por alto algo importante. "No evaluaron la selectividad de la actividad cortical en las áreas del sistema espejo para movimientos concretos", subraya el principal investigador, Ilan Dinstein, del departamento de Psiquiatría de la Universidad de Nueva York (EEUU). Esta selectividad del movimiento no es otra cosa que la distinción que nuestro cerebro hace de cada gesto, almacenándolo mediante una respuesta neuronal única.

Es decir, cuando vemos a alguien con el puño cerrado y el dedo pulgar apuntando hacia arriba se activan una serie de neuronas, distinta de las que se 'encienden' cuando el pulgar está hacia abajo. Lo mismo sucede al ejecutar un gesto. Esto permite una percepción e interpretación precisa de los movimientos observados. Con la repetición, además, estas subpoblaciones dedicadas a la selectividad del movimiento se adaptan.

Según la hipótesis del sistema espejo, las personas con trastornos del espectro autista (TEA) tienen respuestas más débiles en estas neuronas y una menor adaptación. Sin embargo, Dinstein y sus colaboradores pensaron que si los estudios con monos no han aportado pruebas de que exista una relación causal entre el sistema espejo y la habilidad del primate para comprender el significado de un determinado movimiento, cabe la posibilidad de que en humanos sea similar.

Así que diseñaron un nuevo experimento para determinar la actividad de estas neuronas espejo en personas con TEA y concluyeron que su adaptación ante la observación o ejecución repetida de un gesto, en este caso de la mano, era normal. Este hallazgo sugiere que las dificultades que estos individuos tienen para comunicarse socialmente no se deben a un mal funcionamiento de este sistema.

"Nuestras investigaciones se centraron en un aspecto clave de la percepción del movimiento que estudios previos habían pasado por alto –la habilidad de las poblaciones neuronales de las áreas del sistema espejo para diferenciar distintos movimientos de la mano-", explica Dinstein. "El hallazgo de que estos grupos de células responden con normalidad y de manera selectiva ante un gesto en particular discute la existencia de una disfunción en este sistema cerebral", añade.

UM POETA DO CREPÚSCULO















silvania mendonça almeida margarida

Enquanto é tempo, viva,
respire encantos em prosas e verso
Não é preciso ser poeta para ler poesia
O autismo não é assim tão difícil
De alcançar e apreender

O risco está na vivência autística
Dia após dia, noite após noite
Você encontrará pincéis a descobrir
Colorir ou descolorir sua sutil biografia

Chama que alenta e consome
Alerta e hostiliza que não se chama luz
É a agonia do passarinho flechado
no interminável;
Quando há o assombro da gaiola
E não há retorno...não há presságio
E o corpo se exaure na existência...

O autista é um poeta no crepúsculo
Tem diferentes suavidades em cada pétala de flor
Uma flor imaculada, branca e multicor
Que desvia todos os padrões que pessoas
não querem entender...

Em busca do diagnóstico preciso

Pesquisa investiga perfil cerebral de crianças com autismo
Por: Lia Brum
Publicado em 01/03/2006 | Atualizado em 25/09/2009



Médicos do Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, encontraram uma pista fisiológica para um futuro diagnóstico do autismo, distúrbio neurológico até então detectado apenas pelas alterações comportamentais dos pacientes. Por meio de técnicas de eletroencefalografia, percebeu-se que crianças autistas apresentam uma menor ativação dos neurônios no hemisfério direito do cérebro. Se os resultados desse estudo se confirmarem em outros pacientes, será possível diagnosticar a doença de forma objetiva, o que permitiria intervenções precoces e mais eficazes.

A pesquisa foi realizada com 13 crianças autistas e 16 crianças normais, na faixa etária de seis a 14 anos. Todas foram expostas a uma luz estroboscópica durante 20 segundos, enquanto sua atividade cerebral era captada por eletrodos aplicados sobre suas cabeças. As freqüências em que os neurônios oscilavam, de acordo com os estímulos luminosos, foram registradas em um computador, que elaborou gráficos com os perfis de ativação dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro.

A partir da comparação dos dados, os pesquisadores constataram que, entre os autistas, o nível de atividade no hemisfério direito – ligado às emoções e à interação social – era menor do que no mesmo lado do cérebro das crianças normais. Nas crianças autistas, havia uma forte discrepância entre a atividade dos dois hemisférios. “Geralmente, o cérebro normal apresenta uma maior atividade do hemisfério esquerdo, mas, nos autistas, essa diferença foi significativamente maior”, explica o neurologista Adailton Pontes, autor da dissertação de mestrado para a qual o estudo foi desenvolvido, com orientação do neurofisiologista Vladimir Lazarev e do neurologista Leonardo Azevedo, ambos do IFF.

Para que as alterações não fossem atribuídas a outras perturbações que costumam se associar ao autismo, como epilepsia, retardo mental grave e distúrbios severos de linguagem, foram selecionadas crianças autistas sem essas manifestações, ou seja, com um quadro clínico mais brando. “A análise de casos em que os sintomas são mais tênues permitirá traçar um perfil singular do autismo, não obscurecido pelas demais complicações”, esclarece Pontes.

Na seleção de crianças participantes havia apenas garotos. Isso se deve à dificuldade de encontrar, durante o tempo do estudo, meninas autistas em número suficiente. O médico explica que o autismo é mais comum no sexo masculino (quatro meninos para uma menina), e que, quando ocorre entre meninas, normalmente é mais grave. “É provável que isso esteja relacionado a fatores genéticos”, acredita Pontes.

Transtorno de desenvolvimento
O autismo é considerado um transtorno invasivo de desenvolvimento, que se manifesta por volta dos dois anos de idade, quando já se devem dominar estruturas básicas da comunicação oral. O autista apresenta deficiências nas funções de linguagem, entendimento e convívio social. A evolução do quadro compromete as habilidades sociais, o que se retrata em comportamentos repetitivos, interesses e atividades restritas. O tratamento para a síndrome consiste, sobretudo, em programas específicos de reabilitação, por meio de fonoaudiologia, psicoterapia e terapia ocupacional, buscando uma melhor interação social das crianças.

Dependendo da intensidade do transtorno, o tratamento é capaz de suavizar o avanço dos sintomas e fazer com que as crianças autistas possam viver melhor em sociedade quando adultas. Assim, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, maiores as chances de que os sintomas não se agravem. O perfil cerebral descoberto no IFF ainda poderia antecipar a detecção do autismo, antes mesmo de os principais sintomas se manifestarem, o que significaria mais eficácia para as terapias.

Os resultados da pesquisa confirmam informações obtidas anteriormente por meio de exames de imagem funcional, como a ressonância magnética. Entretanto, os novos dados podem ser determinantes, pois o custo de aplicação do exame de encefalograma usado por Pontes, cujo valor não ultrapassa R$ 60, é cerca de 10 vezes mais baixo do que o do outro método. Portanto, o futuro diagnóstico, disponível em grande parte dos hospitais públicos, seria acessível a uma parcela maior da população.

No entanto, ainda é necessário repetir o estudo com um número maior de crianças, de ambos os sexos. Além disso, será preciso verificar se as conclusões não coincidem com as obtidas para outras doenças mentais. “Dessa forma, poderemos classificar o que é próprio do autista”, diz Pontes, que pretende desenvolver os novos testes em seu doutorado.


Lia Brum
Ciência Hoje/RJ.


Edna Coimbra

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Obras públicas: “Só devem avançar se forem os privados a assumir o risco”

O ex ministro das Finanças Eduardo Catroga defende que as grandes obras públicas só devem avançar se forem os privados a assumir o risco, mostrando-se convicto de que o Governo vai manter “a tendência para o AUTISMO”.

A PALAVRA E A ETIMOLOGIA AUTISMO AINDA SÃO USADAS NA POLÍTICA COM DESRESPEITO E FALSAS ELUCIDAÇÕES. TORNA-SE NECESSÁRIO QUE ESTES POLÍTICOS POSSAM CONHECER MELHOR A SÍNDROME DE AUTISMO E SUAS ACARRETAÇÕES.

CONTINUA O TEXTO...


(O Governo) vai manter o autismo em função do perfil psicológico do primeiro-ministro que é um homem que tem dificuldade em ouvir e tem tendência para o AUTISMO”,

NOVAMENTE A PALAVRA E FAMÍLIA SÃO LUDIBRIADAS PELA FALSA MORALIDADE DE POLÍTICOS...

PENSAVA QUE ERA SOMENTE NO BRASIL, MAS CREIO QUE A CONFUSÃO É GLOBAL.



disse à Lusa o economista que segunda-feira integrou o grupo de ex-ministros das Finanças que reuniu com o Presidente da República.
Em declarações à Lusa, Eduardo Catroga realçou que o encontro com Cavaco Silva resulta da “necessidade de chamar a atenção da opinião pública, do poder político e económico da necessidade de mudar de vida para o país não caminhar para o abismo. É para ajudar o Governo a criar um clima favorável às medidas que tem que tomar para inverter esta trajectória insustentável, porque corre-se o risco dessas medidas serem cada vez mais duras”.
Para o economista, “a prioridade é conseguir levar a banca a financiar mais o sector empresarial e para isso tem que financiar menos projectos públicos”, considerando imperativo “a redefinição do modelo de concurso e de execução das grandes obras públicas com os privados a assumir o risco sem o apoio dos contribuintes”.
Catroga, que assumiu a pasta das Finanças entre 1993 e 1995, considera que “é possível construir o aeroporto (de Lisboa) seguindo uma estratégia em que o projecto seja totalmente feito por investidores privados sem garantias do Estado”.
Em relação ao comboio de alta velocidade (TGV), o antigo ministro diz que tem dificuldade em perceber que “os resultados de exploração negativos durante muitos anos fiquem do lado do Estado”, porque “aquilo que não é bom para os investidores privados também não é bom para os contribuintes”.
“Se não definirmos prioridades estamos a atirar encargos para os nossos filhos e netos de uma forma insustentável”, disse.
Catroga defende que “nesta fase, a economia portuguesa deve dar prioridade ao sector produtivo, dos bens e serviços transaccionáveis, às empresas que exportam e que estão a ver o seu crédito restringido em consequência do crédito estar a ser orientado para projectos públicos com garantia do Estado”.
O economista diz que é imperativo “corrigir a trajectória insustentável da dívida pública da economia portuguesa”, dando o exemplo da Grécia que “foi gerida na última dezena de anos por políticos populistas que concediam tudo, criando uma situação de endividamento sem limite”.
A Belém deslocaram-se segunda-feira passada os ex-titulares da pasta das Finanças Eduardo Catroga, Bagão Félix, João Salgueiro, Manuela Ferreira Leite, Medina Carreira, Hernâni Lopes, Miguel Beleza, Pina Moura, Luís Campos e Cunha e Manuel Jacinto Nunes.
O grupo que reuniu com o Presidente da República manifestou a sua “profunda preocupação” com a situação do país e defenderam “decisões adequadas e urgentes” para a ultrapassar.
Recorde-se que sexta-feira passada o Primeiro-Ministro José Sócrates admitiu o adiamento de grandes investimentos públicos, como as obras do futuro aeroporto e a terceira travessia do Tejo, no quadro do esforço de acelerar as medidas de consolidação orçamental.
Em reacção, o Presidente da República disse que a decisão do Governo de reponderar todas as grandes obras públicas não adjudicadas “vai ao encontro daquilo que muitos economistas e políticos têm defendido”.

No Casino Figueira
Na próxima quinta-feira, dia 20, pelas 22h00, Eduardo Catroga fala da actualidade do país e do mundo em mais uma sessão de “125 Minutos Com...”, moderada pela jornalista Fátima Campos Ferreira.

Nota: Por razões de alteração da agenda, face ao quadro da actual conjuntura económica, o líder nacional do PSD, Pedro Passos Coelho, adiou (para Junho) a sua presença no programa “125 Minutos Com…”, agendada para a próxima quinta-feira.






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quarta-feira, 12 de maio de 2010

INCLUSÃO: UM SONHO REAL

Renata Martins Dias
Jornalista, formada pela Universidade do Vale do Paraíba; escreve diariamente
no Portal Planeta Educação.
Pedagogia

por Mércia Falcini

Quando pensamos na formação de um ser humano completo, deixamos de acreditar nas disciplinas isoladas, facilitando a aceitação e a adaptação do aluno especial na sala de aula.

A inclusão, apesar de todos os mitos, é um processo simples que permite o crescimento holístico dos agentes envolvidos no processo.

O projeto que vem sendo desenvolvido pela Escola de Educação Infantil Lua Crescente, Salto, SP (onde sou a coordenadora do projeto) revela algumas dicas importantes para os professores que desejam ou necessitam desenvolver o mesmo trabalho.

Em primeiro plano, a Instituição que aceita o desafio de incluir, deve contratuar com os pais do aluno especial, a necessidade da criança receber atendimento dos especialistas de apoio. Geralmente são fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, neuropediatras, entre outros. Tais suportes são extremamente importantes para o desempenho do aluno em sala de aula.
O Processo na Escola: dicas aos professores
Adaptação e Socialização: não gere expectativas, nem a você mesmo, muito menos ao aluno. Deixe a criança livre e natural, convide-a para participar das suas atividades. Planeje atividades simples e rotineiras, dê preferencia para atividades que fazem parte do domínio caseiro. Observe - a .
É nesse momento que surge as dúvidas, os questionamentos e a necessidade de traçar a metodologia. Anote todas as dúvidas e observações, que serão as diretrizes das pesquisas. Durante o período de adaptação inicia-se também o período de pesquisa e capacitação da equipe pedagógica.

Dica: A nossa equipe manteve durante quase um ano reuniões periódicas com todos os profissionais responsáveis pela estimulação extra escolar. Fonoaudióloga, Terapeuta etc. Hoje os encontros são mais esporádicos.

O processo de socialização geralmente é demorado, porém o mais importante é tentar manter a criança em grupo, apesar da sua tendência em isolar-se. Cabe ao professor planejar atividades grupais, principalmente em ambientes livres, como parque, pátio e arei. Nesse período introduza nas aulas atividades onde o aluno especial possa expressar comportamentos imitativos, contribuindo para auto-estima e colaborando para sua socialização. Contar com o apoio dos demais alunos da classe é fundamental - se for explicado de maneira clara e objetiva, os alunos compreendem e solidarizam com o problema apresentado e ainda se disponibilizam para contribuir com os objetivos do professor - garantindo a união da classe.
Desempenho Cognitivo : a assimilação e a acomodação do conteúdo pedagógico é sempre muito lento. Esse fator deve ser considerado pelo professor que deverá respeitar e aceitar. O aluno especial irá conduzir o ritmo e expressar qual a melhor maneira de aprender, por isso o professor deve estar aberto e flexível a novas formas de trabalho. O aprendizado através da repetição pode ser bem sucedido , mas não se deve determinar a melhor ferramenta. Variar (a variação acontece muitas vezes de forma individual, conforme cada etapa do conteúdo desenvolvido) e explorar diferentes metodologias é o melhor caminho. O aluno especial tem o direito de ser incluído na mesma metodologia adotada pela Escola.
Professor: o responsável pelo grupo que incluiu um aluno especial deveria ser capacitado para tal. Enquanto isso não ocorre por via da formação acadêmica/ universitária, resta somar as boas experiências e a prática profissional recheada de insistência e perseverança para encarar o grande desafio de oferecer as crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais a oportunidade de uma melhor adaptação na sociedade, qualificando assim, a vida de todos.
Nota: propositadamente não inclui o item avaliatório no processo escolar, por acreditar que a avaliação não se aplica, principalmente nesse projeto, formalmente. É preciso uma avaliação conjunta com todos os agentes envolvidos na história do aluno, desde os pais, demais profissionais e a Escola. Afinal estamos trabalhando com vidas e não com um simples conteúdo acadêmico.
Como diz o Professor Reuven Feurstein - psicólogo e um dos maiores contribuidor da psicopedagogia atual - "Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra".
Sugestões de livros para leitura e pesquisa: SCHWARTZMAN , José Salomão e colaboradores - "Síndrome de Down"- Editora Mackenzie , São Paulo, 1999.
WERNECK, Claudia - "Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva" - Editora WVA, Rio de Janeiro, 1997.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér e colaboradores - "A integração de pessoas com deficiência" - Editora Memnon Edições Científicas Ltda.,1997
O projeto está sendo desenvolvido na Escola de Educação Infantil Lua Crescente, na cidade de Salto, SP, coordenado por Mércia Falcini, pedagoga e responsável por diversos trabalhos educacionais desenvolvidos aos professores da cidade e região, e executado pela professora Elisângela Luiz. O nosso aluno especial é Leandro Cardoso Nicácio, nascido em 23.09.97, hoje com 2 anos de idade, portador de síndrome de Down. Uma criança encantadora e que nos ensina que há na vida muito mais do que simplesmente o intelecto.
Depoimento de Elisângela Luiz, professora do Leandro

"A minha primeira experiência com criança especial está acontecendo com o Leandro, e certamente vem sendo muito gratificante. Posso conhecer seus sentimentos, suas capacidades e suas fraquezas. Quando o Leandro começou a freqüentar a minha classe, pensei de maneira simplista que seria o máximo ter uma criança especial envolvida no grupo. Os dias foram passando e eu me dei conta de que eu não sabia como trabalhar com ele e comecei a me preocupar. Partindo das minhas preocupações e das reuniões com minha coordenadora, fui entendendo que precisava me capacitar, mantendo a perseverança onde repetia freqüentemente os objetivos desejados com ele. E assim com toda motivação do mundo fui vencendo os desafios e conhecendo cada vez mais sobre crianças portadoras da síndrome de Down.

Os resultados demoraram, muitas vezes despertando dúvidas sobre o que estava fazendo, mas quando o Leandro começou a expressar o seu aprendizado, pude sentir que não havia palavras para definir a satisfação e alegria que invadiram a todos os envolvidos no projeto, principalmente a mim. Por isso afirmo que a inclusão é o passo mais correto na vida das pessoas portadoras de qualquer deficiência. A interação com outras pessoas pode despertar aprendizados eternos para a conquista de um espaço digno e promissor, garantido esperança de futuro na sociedade."


Educação Especial
Diga não à Exclusão



A escola inclusiva é uma tendência internacional. Considera-se escola inclusiva aquela que abre espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com necessidades especiais. O principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada na criança.

Essa escola deve ser capaz de educar a todas, sem discriminação, respeitando suas diferenças, oferecendo respostas adequadas às suas necessidades, solicitando o apoio de especialistas e de instituições quando julgar necessário. O processo de integração deve fazer parte do projeto educativo da instituição.

A qualidade do processo de integração, segundo os referenciais, depende da estrutura organizacional da instituição, pressupondo e considerando as seguintes particularidades:

• Grau de deficiência e as potencialidades de cada criança;

• Idade cronológica;

• Disponibilidade de recursos humanos e materiais existentes na comunidade;

• Condições socioeconômicas e culturais da região;

• Estágio de desenvolvimento dos serviços de educação especial, já implantado nas unidades federais.

As principais mudanças na escola inclusiva:

• Certezas: de que as demais crianças vão se tornar solidárias, pois naturalmente aprendem a conviver com as diferenças;

• Os pais dos outros alunos passam a se interessar mais por uma realidade que antes não os afetava;

• Dúvidas: não é possível saber como a chegada de um aluno especial poderá ou não interferir no desempenho escolar do resto da turma;

• Não existem pesquisas ou estudos que comprovem que a convivência e comparação com os novos amigos possam afetar emocionalmente a criança especial.

Ultrapassar o preconceito significa trabalhar com o potencial do indivíduo e, não questões adjacentes. Acreditar nas possibilidades do indivíduo é basear o seu trabalho nos desenvolvimentos real e potencial deste, extinguindo a idéia de que para a criança com necessidades especiais, a aprendizagem consiste somente em atividades de rotina como higiene, maneiras de portar-se à mesa ou em festas ou, mesmo, amarrar um cadarço de sapato.

A aprendizagem deveria, além disso, capacitar o indivíduo ao convívio, participação e auto-sustentação na sociedade. Isto implica, necessariamente, o não abandono de objetivos curriculares relativos, também, ao desenvolvimento intelectual do cidadão, ou seja, os de leitura, escrita e cálculo, conforme prevê a própria Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990).

A postura do educador perante a diversidade de seus alunos, oferecendo oportunidades de construção do conhecimento e respeitando o ritmo próprio de cada um, pode ser considerado um primeiro passo para a superação do preconceito. Esta postura, não advém somente da prática cotidiana; deve estar interligada a um conhecimento científico que revela o desenvolvimento da criança nos níveis afetivo, cognitivo e social, e suas respectivas relações com os processos de aprendizagem de cada indivíduo. Afinal de contas, a aprendizagem ocorre para qualquer indivíduo.

O conhecimento científico permitirá ao educador elaborar, ressignificar o currículo de acordo com sua realidade e contexto histórico-social; vislumbrar um planejamento flexível ao grupo e a cada criança em sua singularidade, utilizando-se de metodologias eficazes.A formação de educadores, numa idéia prospectiva, deve firmar-se numa transformação: a passagem de uma atenção centrada numa pequena percentagem de crianças consideradas como tendo dificuldades de aprendizagem para uma atenção que engloba todas as crianças.

Os educadores devem concentrar seus esforços na melhoria da forma como enfrentam a diversidade, cuja educação deve objetivar ajudar todas as crianças a terem sucesso na escola (na sociedade), incluindo as que têm de ultrapassar deficiências ou dificuldades específicas.

Educação Especial deve ser a aliada na pesquisa e no desenvolvimento de novas formas de se ensinar, adequadas à heterogeneidade dos alunos e compatíveis com os ideais democráticos, na função de orientação, supervisão e acompanhamento das condições educacionais apropriadas num interjogo entre o real e o necessário.

Em escolas eficazes para todos, o ambiente de colaboração trabalha baseado no enriquecimento dos intercâmbios intelectuais e culturais. Para que o educador trabalhe neste ambiente ideal faz-se necessário apoio emocional e estímulos profissionais através da valorização docente e da capacitação contínua. Também, função da Educação Especial.
Há bem pouco tempo, a Educação Especial trabalhava somente com o que concernia aos grupos excluídos em função de suas deficiências, programando atividades somente para os educadores que possuíam crianças “especiais” e não toda a escola, ou toda a rede. Bastava que apenas o professor desses alunos obtivesse o conhecimento sobre elas.

O professor que possuía somente alunos “normais” não adquiria o conhecimento importante e necessário, evidenciando muitas vezes, sua desmotivação e sua desvalorização acerca dos alunos da educação especial.

No processo de redefinição da educação especial, a reformulação das habilidades dos profissionais que se especializaram em ‘Educação Especial’ possibilita enxergarmos os profissionais que lidam com as pessoas com necessidades especiais da mesma forma que seus alunos são sempre vistos: como meros objetos a serem padronizados.

Para que esse processo se solidifique, duas dimensões devem estar presentes e unificadas: comunidade escolar e campo de atuação.Dessa forma, a educação se especializará para todos na medida em que removermos as barreiras políticas, sociais e econômicas referentes aos grupos excluídos.

Não é suficiente capacitar e reciclar somente educadores “responsáveis" pela criança especial. Por comunidade escolar queremos dizer a direção, educadores, funcionários de apoio (merendeiras, bibliotecárias), responsáveis e não-responsáveis de alunos (amigos da escola). Por campo de atuação, referimo-nos à educação especial no sentido tradicional e estrito do termo, com seu grupo técnico. Estas duas dimensões, ao estarem unificadas, viabilizarão a exclusão.

Ao reconceituar a educação especial, extinguindo seu caráter paralelo à educação regular, idealizando “Educação para Todos”, estamos buscando alcançar a diversidade humana. Diversidade de cor da pele, de crenças religiosas, de sexos, de maneiras de aprender... que a sociedade finge incluir, mas na verdade fica tudo no papel. Na realidade desejamos desmistificar o sistema educacional finalizado num padrão, favorecendo a remoção de barreiras para a aprendizagem e participação de todo e qualquer indivíduo.

“Ter um filho especial implica mudar radicalmente o nosso ponto de vista sobre o mundo, reavaliar os valores. Aceitar uma criança com limitações e confiar em sua recuperação exige esforço e consiste em um grande avanço, mesmo para os pais. Pais de crianças diferentes não convivem apenas com renúncia, abnegação e sofrimento. Um filho diferente exige, sim, muita dedicação. Exige amor, fé e paciência para ensiná-lo a tornar-se dono do próprio futuro.”

Rejeitar a matrícula de uma criança especial é crime sujeito a pena de prisão.

domingo, 9 de maio de 2010

ESPECIAL NA PALMA DO CORAÇÃO














HOMENAGEM A TODAS MÃES ESPECIAIS

silvania mendonça almeida margarida

Belo Horizonte, nova década, janeiro de 2010...




Amor de palha na palma do seu coração. Seria este o título da minha carta?

Não me lembro dos nomes dos meus pais. Fui adotado pelo Governo brasileiro. Mas também pais, pais de verdade, são aqueles que sorriem para nós filhos, nas lareiras dos nossos corações. Sei apenas que não puderam cuidar de mim.

Há muitas histórias parecidas com a minha e que me fazem pensar e repensar que um dia poderei estar em um ambiente familiar, com pais que possam sorrir para mim. O sorriso é tudo que queremos nas nossas vidas, um sorriso de luz. Há muitos companheiros como eu. Por enquanto, estou num orfanato especial à espera de pais sorridentes.

Fico a maior parte do tempo deitado. Como a maioria dos meus amigos, não falo, não ando, escuto mal e meus olhos arregalados somente vêem as paredes nuas frente ao meu berço. Os meus olhos passeiam por todos os cantos que consigo enxergar e conhecem de cor todos os detalhes desse universo. Procuro me distrair com cores, cheiros e ruídos. Também gosto muito de brincar de silêncio. Quando oram para mim e falam no nome do Menino Jesus, eu me encanto e fico imaginando se Ele é como eu, ou se está dentro de mim. Quisera saber, mas a confusão mental não me deixa raciocinar os meus diletos pensamentos. Por isto brinco com todos os silêncios musicais que posso permear no meu íntimo.

Dizer que quando o Menino Deus tira uma coisa, dá outra, consigo explicar. Talvez, seja por isto que Ele me alegra muito, principalmente quando Alguém me acaricia. O olhar de ternura e sua mão quentinha sobre minha pele, não mais parece uma suave pena a me roçar. É tão gostoso que chego a pensar que posso voar.

Como a maioria dos meus irmãos, também não sei escrever. Temos os pés e mãos tortos, algumas cabeças são fora do normal, como também os nossos corações quando recebemos um carinho. Importar-se, envolver-se conosco é a nossa maior dádiva. Mas algo me diz, que no ânimo do nosso ser e no âmago do coração não somos diferentes.

Eu também tenho um coração que bate e pulsa, estimula o meu corpinho torto, às vezes, até se mexer com muita dificuldade. Pode ser que tenhamos muitas diferenças, mas elas não são duradouras. Haja vista, que temos um dia de nascer e um dia para morrer. E ninguém pode fazer nada para evitar isto. Portanto, somos semelhantes.

É no calor dos momentos felizes que me abasteço. Visto-me com suas vestes e me alimento com a sua bondade... O seu amor por mim e pelos meus amigos não é de palha na palma do coração... Por tudo isso, eu posso dizer que eu amo... e que meu tempo vale ouro...um tesouro a descobrir...

Pedi uma pessoa para escrever esta carta. Seria tão bom que ela fosse divulgada. Contaram-me que existe uma rede de computadores, chamada Internet, que busca a construção do amor por intermédio das poesias.

Há um outro porém...como não falo, esta pessoa interpretou minhas palavras pelos meus olhos arregalados...Depois se assentou, escreveu o que eu sentia, leu a carta para mim e na minha confusão dei gritos de felicidade...

Como eu tenho a agenda sempre vazia, eu tenho o desejo de me encontrar...Peço aos poetas que divulguem esta minha carta de amor.
Não se esqueçam da rede de computadores...E todos irão me ler e me visitar.

Eu sei que sou excepcional no sentido da palavra, sou um ser especial!!! No sentido da palavra...

De todo o coração, meu muito obrigado.

Cordialmente

Eu...

sábado, 8 de maio de 2010

Exame em mãe pode detectar deficiência mental em filho

Studiopress comunicação
03/05/2010 17:18 Atualizado em 03/05/2010 16:41

Síndrome do X frágil é a malformação genética mais freqüente entre as deficiências mentais hereditárias

Encontrada em um a cada 4 mil meninos nascidos vivos e em uma a cada 6 mil meninas, a síndrome do X Frágil é a deficiência mental mais freqüente entre as malformações genéticas herdadas da mãe, segundo a Fundação Brasileira do X Frágil. A doença, uma das principais causas do autismo, está presente em forma de pré-mutação em uma a cada 259 mulheres. A falta de sintomas apresentados pelo sexo feminino não diminui o poder de transmissão do gene debilitado e apenas o diagnóstico precoce no pré-natal pode determinar se o bebê será ou não portador de alguma deficiência.

“Por meio de teste molecular, em que estudamos o DNA da mãe, podemos dizer se algum dos cromossomos X tem pré-mutação. Em caso positivo, esse cromossomo pode ser passado aos filhos, o que, no caso dos meninos, pode levar à deficiência mental”, explica o Dr. Nelson Gaburo, especialista em Biologia Molecular da DASA.
A expressão "X-Frágil" deve-se a uma anomalia causada por um gene defeituoso localizado no cromossomo X, que, por sua vez, passa a apresentar uma falha numa de suas partes. O X está presente no par de cromossomos que determina o sexo (XY nos homens e XX nas mulheres).

“Os sinais e sintomas da síndrome, por serem semelhantes a outros casos de atrasos e distúrbios gerais de desenvolvimento, necessitam de confirmação por meio de exame genético com técnicas especiais, como a análise de cariótipo, que é o estudo da célula, ou mesmo o teste por meio de DNA, que é o meio mais seguro de confirmar a deficiência”, diz o Dr. Gaburo. “A precisão dessa prova pode orientar ou redirecionar tratamentos, visando a torná-los mais específicos. Possibilita, igualmente, aconselhar as famílias afetadas sobre os riscos de recorrência e as possíveis opções reprodutivas”, complementa o especialista.

O exame pré-natal também pode auxiliar no combate a malformações, sendo recomendado quando existe diagnóstico confirmado na família e se a gestante é portadora da pré-mutação.

Detectado o problema, sugere-se que a gestante procure um médico especializado em medicina fetal para uma avaliação mais detalhada da saúde do feto e também um conhecimento maior da saúde do bebê, conseqüências e de como lidar com a situação.

http://www.circuitomt.com.br/home/materia/41765

quarta-feira, 5 de maio de 2010

MEU MENINO AUTISTA



silvania mendonça almeida margarida

Menino
Quantos destinos vi em seu olhar
Pequenos brilhos no ilimitado furor
Mundo aparente exterior
De seu espectro amotinado...
A rajada do seu refletir

Menino
Mostre-me o gráfico da sua vida
o dédalo, cerne do coração
Resgate-me do receio de viver
Postula a sua mão por onde eu andar

Venha, filho das alturas e das ternuras...
A noite aquieta-se e ao seu lado
Se eu me perder,
meu menino autista querido;
descobriremos juntos a saída
Álea da minha natureza

Menino
Rebelião e fantasia...
Para que padecer igual destarte?
Se a generosidade da sua fala
É como o gênio que brota claridades
Anelo de um desejar que nunca termine.

Tendência de qualquer biografia em procura
De uma estrela sem duendes.
De uma lua sem assombros.
Eternidade revoltosa em brancas nuvens do ser.

A história me atemoriza descomedida
Esquiva para fora de si também
Contudo sua alma aflita insurgente
Aspira hipnotizar no meu mundo
Um louco e coerente amor!

domingo, 2 de maio de 2010

A CURA DOS MEUS SONHOS



silvania mendonça almeida margarida

A casa dos meus sonhos
É bela e branca,
Às vezes, colorida
São estátuas em vôo
Crescendo para o mar...

As nuvens dos meus sonhos
São gestos brancos e delicados
Imitam imagens cândidas
Nas varandas do meu sono...

As vestes dos meus sonhos
São brancas e de teias tênues
São como fios de sol
A brilhar na escuridão...

A cura dos meus sonhos
É o palpitar latente
A meditar coisas de amor
Tecidos tão aéreos
E quer sempre estar
na primeira parte do poema...

Ser mãe nos meus sonhos
Envolvem a luz, o sol e a lua
É a linha do horizonte
Um mundo justo e feliz
Que nenhum véu encobre

A palavra nos meus sonhos
É fulgente e nítida
É o verso glorificado
É o reverso que é
possível não fazer

O mundo em meus sonhos
É o destino: amor sem conta
É a concha vazia
É o autismo ilhado
A água explícita
O beijo tácito
A sede infinita

Os sonhos dos meus sonhos
Não são ponto de partida
Englobam a minha chegada
E a minha narrada vida!

O COMPORTAMENTO VISUAL DO BEBÊ

Amigos, este artigo é de extrema importância, pois iremos ter uma outra leitura sobre como a visão do bebê é construída ao longo do seu desenvolvimento. Espero que gostem!

"Nesse sentido, o comportamento visual desempenha um papel
primordial no desenvolvimento motor e lingüístico do ser
humano, sem o qual a sua caminhada não seria alcançada
(BRONOWSKY, 1986). No bebê, alguns reflexos visuais já estão
presentes desde o sétimo mês de gestação, mostrando que, nesta
época de vida uterina, mediante as vias ópticas, já acontece uma
reação pupilar primitiva e a criança reconhece a luz. O estímulo
vai até ao córtex e se tem uma resposta em forma de constituição
visual. Por exemplo, se você acender uma luz forte na barriga de
uma gestante, o bebê vai reagir tentando fugir.
A partir do sétimo mês de vida fetal até o terceiro mês de vida
fora do útero, aparece o fenômeno dos olhos de boneca japonesa:
quando se rota, flexiona ou estende-se a cabeça da criança, seus olhos
permanecem fixos, não acompanham o movimento da cabeça, parecendo
deslocar-se em sentido inverso; este reflexo é progressivamente
inibido, isto é, suprimido ou diminuído da atividade duma parte do
organismo, por efeito da excitação nervosa, e logo substituído pelo
reflexo de fixação ocular que marca a capacidade da criança de fixar
seu olhar após um mês do nascimento (CORIAT, 1991).
De acordo com Galahue e Ozmun (2003, p. 172), “o período
de inibição desaparece se o reflexo for exercitado”; e este processo
de inibição pode ocorrer até o quarto mês de vida (SCHWARTZMAN,
2003). Na gestação, a partir do sexto mês, o bebê já tem
o reflexo palpebral à luz. Diante de uma luz intensa, ele fecha os
olhos. Depois, ele tem o reflexo que chamamos olho-pescoço:
diante de uma luz intensa ele fecha os olhos e joga a cabecinha
para trás. Obviamente, são mecanismos de defesa com os quais
essa criança já conta desde a metade da gestação. Já demonstra
reflexos palpebrais ao som. O curioso é que, a partir do sexto e
sétimo meses de gestação, a criança arregala os olhos ao ouvir o
som como se estivesse prestando atenção ao que está acontecendo.
É como se fosse um sinal de alerta. A sons intensos, ela fecha
os olhos, o que provavelmente também é um reflexo de defesa.
É a partir daí que os reflexos têm inúmeras explicações e interrelações:
reflexos ciliares, corneanos, naso-palpebrais etc., que estão
enraizados no processo de maturação do bebê; intimamente ligados
entre si; isolados, tornam-se uma abstração; eles se desenvolvem, se modificam e se adaptam às circunstâncias do momento,do meio, da saúde geral da criança, da sua idade e do seu temperamento(CORIAT, 1991). Uma série de reflexos já está presente.
Quase todos a partir da metade da vida fetal. Alguns permanecem,
fazendo parte da vida do bebê; outros se modificam, e outros desaparecem.
A carga presente desses reflexos é pequena, mas o
suficiente para piscar, por exemplo, se um objeto se dirige a seu
rosto, como se defendendo da quantidade de brilho daquele objeto.
E o comportamento vai se tornando cada vez mais complexo e organizado,
numa progressão do simples, desorganizado e inabilidoso
para o altamente organizado, complexo e habilidoso (BARELA,
2003). O neonato, já na sala de parto, dirige a cabeça para uma fonte
de luz moderada e afasta a cabeça de uma fonte de luz intensa
(SCHWARTZMAN, 2003).
Entre quatro e sete semanas de nascido, o bebê já estabelece
contato visual, ou seja, já está presente o contato visual no nascimento,
o que vai favorecer a interação social entre bebê e mãe.
O contato visual entre mãe e bebê é um argumento que se tem
hoje para demonstrar que esta condição chamada autismo – distúrbio
do desenvolvimento da cognição causado por lesões no
cérebro – é consciência, isto é, o indivíduo nasce autista, ele não
fica autista depois (SCHWARTZMAN, 2003). “Existem muitas
etiologias, tais como a genética, acidentes pré ou perinatais, infecções,
e, em 25% – 40% dos casos, o autismo está ligado a outras
síndromes neurológicas” (NILSSON, 2003, p. 23). Desse
modo, quase toda criança com esta condição, em qualquer nível
de inteligência, precisa de ajuda com planejamento, pois é muito
difícil para a criança autista ter empatia e, para ela, o mundo social
é muito confuso (BARON-COHEN, 2003).
A interação tátil entre mãe e bebê também tem um enorme
significado nos processos precoces de comunicação, certamente
inscritos e projetados no desenvolvimento emocional da criança,
cujo paradigma antagônico é ilustrado nas crianças autistas, em
que a intensa sincronização entre os dois protagonistas é inexistente
(FONSECA, 1998).
Então, como entrar em contato com uma criança autista? Para
poder estabelecer um contato com o outro ser e abrir algum canal de
comunicação, surge a necessidade de imitar o outro, ou de fazer algo
igual ao outro com quem pretendemos entrar em contato. Em se
estudos, tratando da criança autista, é necessário imitar alguns sons que ela
emite (BENZENON, 1988). É necessário também que as pessoas
que estejam próximas a ela tenham tolerância e a valorizem, do
contrário, poderá levá-la a problemas graves, até mesmo à destruição
de sua vida social (BARON-COHEN, 2003). Ninguém melhor
do que a mãe para exercer este papel: esta ajuda planejada.
Entre duas e doze semanas, a criança normal já fixa os objetos,
já fixa claramente a face da mãe e já segue alguns objetos com
o olhar. Aos três meses, coloca as mãos em frente aos olhos. Não
necessariamente porque melhorou a visão, mas porque nesta fase
de idade algo já se começa a firmar em atitudes simétricas. E as
suas mãozinhas podem ser colocadas à frente do rosto e na linha
média do corpo. Entre três e quatro meses, reage ao seu reflexo no
espelho. Mostra interesse por outras crianças. Meninas, mais do
que meninos. Parece que já há uma diferença atuando quanto à
empatia e à competência social e, depois, marca a diferença entre
os sexos, já na criança pequena.
Os cientistas sociais fazem uma distinção entre diferenças sociais,
que são as diferenças biológicas entre homens e
mulheres, e as diferenças de gênero, que são as diferenças
culturais nos papéis e comportamentos dos dois sexos
(BERGER, 2000, p. 210).
Diferença apoiada em bases genéticas e em recentes pesquisas
em neurobiologia, que descobriram diferenças nos cérebros
dos homens e das mulheres. O cérebro feminino seria, em geral,
mais bem adaptado para o mundo social, mais ligado aos sentimentos
e às emoções. Nas mulheres, o corpo caloso tende a ser
mais espesso, e a maturação total do cérebro parece ocorrer mais
rapidamente do que nos homens. Isso pode justificar o fato de as
meninas tenderem a ser ligeiramente mais avançadas que os meninos
em habilidades tais como ler, escrever e olhar mapas que
demandam a coordenação simultânea de várias áreas do cérebro
(DUDEK et al., 1994). O cérebro feminino é muito bem adaptado
para entender a relações entre as pessoas e para as atividades
que envolvam o cuidado com gente, como a maternagem (cuidado
para com o bebê), a medicina e o magistério (BARONCOHEN,
2003).


O cérebro masculino estaria mais preocupado com o mundo
abstrato, com as regras por trás de sistemas como computadores,
automóveis, equações matemáticas ou música. Nos homens,
a atividade do neurônio e a formação dos dendritos, no hemisfério
direito, tendem a ser mais pronunciada do que nas mulheres.
O hemisfério direito está relacionado com as habilidades lógicas
e espaciais e com os processos matemáticos, de modo que
poderia justificar a típica superioridade dos meninos nessas áreas,
uma superioridade que acaba levando mais homens do que
mulheres para a área de engenheiros, físicos e pilotos. O cérebro
masculino é muito bem adaptado para a matemática, engenharia,
computação e para áreas técnicas em geral, em que o conhecimento
é organizado de acordo com leis ou regras (BARONCOHEN,
2003).
Essas diferenças cerebrais, de acordo com Gaulin (1993),
Hines (1993) e Baron-Cohen (2003), são fruto de hormônios que
agem durante a gestação e na infância e que talvez sejam controlados
pelos genes.
Esta evolução continua até chegar aos padrões que a gente
considera serem do adulto. A acuidade visual (grau de pormenores
que podem ser observados em um objeto), por exemplo, aumenta
rapidamente a partir do nascimento. No nascimento, é menor
que 6/24m e, à medida que o tempo vai passando, rapidamente ela
vai chegando aos 6/6m, que é o padrão normal do adulto, adquirida
por volta dos dois anos. A criança pequena não tem acomodação,
isto é, a capacidade de fixar objetos em diferentes distâncias,
permitindo ao cristalino a habilidade de cada olho variar sua curvatura
a fim de acomodar a imagem na retina em um foco preciso.
De modo que seu foco visual é muito limitado. Ela enxerga relativamente
bem objetos colocados a 20 e 30 centímetros do seu rosto.
E, coincidentemente, é a distância que vai do seu rosto, quando
mama no peito, ao rosto da mãe. Desse modo, parece ser um equipamento
que já esteja pronto. Em suma, sua visão é nublada ao
nascimento, melhorando até a idade de dois anos."




fonte: O que os bebês sabem? Um modo diferenciado de pensar do bebê


autor: Gérson Carneiro de Farias

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