domingo, 5 de fevereiro de 2012

O DESENHO


 

Através da observação do desenho da criança, podemos obter dados sobre o seu desenvolvimento geral, assim como levantar hipóteses de comprometimento afetivo-emocional, intelectual, perceptivo e motor em suas múltiplas interferências.

A expressão gráfica é uma manifestaçào da totalidade cognitiva e afetiva. Quanto mais a criança confia em sí e no meio, mais ela se arrisca a criar e a se envolver com o que faz.

A criança segura, consegue concentrar nas atividades porque ameaças internas ou externas não a pressionam demais. Consegue de soltar, acreditar no que faz e se identificar com suas representações. Não há treino ou exercício de coordenação motora que leve a criança a se expressar criativamente através do desenho.


PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO DESENHO:

O começo da auto-expressão gráfica – a etapa da garatuja. De 1 a 4 anos.

1.          A garatuja desordenada:

·      Aproximadamente de 1 a 2 anos;
·      Ainda não há consciência da relação gesto-traço, e, portanto a criança muitas vezes não olha para o que faz;
·      Seu maior prazer está em explorar o material, o corpo e o ambiente;
·      Faz inicialmente figuras abertas, ou seja, linhas verticais ou horizontais, muitas vezes num movimento amplo de vaivém.





2.        A garatuja ordenada: 

·      Aproximadamente a partir dos 2 anos,
·      A criança descobre a relação gesto-traço, e se entusiasma muito.
·      Passa  a olhar o que faz, começa a controlar o tamanho, a forma e a localização dos desenhos no papel.
·      Varia as cores intencionalmente.
·      Começa a fechar suas figuras através de formas circulares ou espiraladas.
·      Descobre relações entre o que desenhou e a realidade.

3. A garatuja nomeada:

· Aproximadamente a partir dos 3 anos, faz a passagem do pensamento cinestésico, motor, ao imagético, frente ao desenho;
·      Passa mais tempo desenhando;
· Distribui melhor os traços no papel;
· Descreve verbalmente o que fez e começa a anunciar o que vai fazer;
· Relaciona o que desenha ao que viu ou vê, sendo que o significado do seu desenho é só inteligível para ela mesma;
· Alguns movimentos circulares associados a verticais começam a dar forma a uma figura humana ( esquema céfalo-caudal).


A afirmação da representação gráfica – A fase pré-esquemática. Dos 4 aos 6 anos.

·      A consciência da analogia entre a forma desenhada e o objeto representado se afirma.
·      Maior organização de seus desenhos devido combinação de formas circulares e longitudinais, formando figuras reconhecíveis;
·      A representação da figura humana evolui em complexidade e organização, seguindo dois eixos principais: um vertical ( céfalo-caudal) e depois um horizontal ( próximo-distal);
·      Elaboração cada vez maior da cabeça e do corpo;
·      Ainda não é capaz de organizar uma representação gráfica formando um todo coerente;
·      Quanto mais caminha para o período operatório, mais organiza seus desenhos de forma coerente e objetiva, o desenho vai perdendo o caráter mágico e anímico que caracteriza o período pré-operatório.


DO RITMO SENSÓRIO-MOTOR AO SÍMBOLO, DO SÍMBOLO A PROGRESSIVA COMPREENSÃO DA TOTALIDADE OPERATÓRIA, A EVOLUÇÃO DO DESENHO MANIFESTA O PROCESSO DE ESTRUTURAÇÃO MENTAL. 

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE O DESENHO DA FIGURA HUMANA:

“Piaget enfatiza, ao analisar o simbolismo inconsciente, segundo o qual os conteúdos e os processos inconscientes não seriam apenas patrimônio da vida emocional, mas que a maior parte da atividade cognitiva é também inconsciente e, na amioria dos casos, só nos damos conta dos resultados de tais processos. Portanto, será impossível na representação de uma figura separar um simbolismo afetivo de um simbolismo cognitivo, toda vez que os traços empregados se acham integrados em esquemas que, por sua vez, constituem-se pela coordenação dos esquemas mais simples provenientes da própria atividade do sujeito sobre os objetos.”

                               Sara Pain

“A imagem do corpo humano é a representação que nós formamos mentalmente de nosso corpo, e isso através de sensações múltiplas que encontram sua unidade através da experiência imediata do esquema corporal.”

Paul Schilder




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