domingo, 11 de dezembro de 2011

TV Globo faz confusão entre a sindrome de autismo e crianças índigo


A TV Globo apresentou em 2003 e reprisou em 2008 a novela “Mulheres Apaixonadas”, na qual a atriz infantil Bruna Marquezine emocionou o Brasil noveleiro por representar a personagem Salete, uma Criança Índigo, que tinha percepção da Luz, premonições, paranormalidade avançada e via anjos, tendo no seu diretor Manoel Carlos, um conhecedor e defensor do tema importado dos Estados Unidos, que causou espanto na época.
Uma lembrança boa da novela foi à canção de abertura: Pela Luz dos Olhos Meus, interpretada por Tom Jobim e Miúcha. Inesquecível.
Cerca de 10 anos depois, a TV Globo está gravando a próxima novela das seis, desta vez comparando Crianças Índigo por terem intuição acima da média são confundidas com paranormais, com os dotados da síndrome de Asperger, que se distinguem do autismo clássico e não comportam retardo global no desenvolvimento, e que se tratados precipitadamente, podem ser diagnosticados pacientes de TDA, ou do TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade -, com base em invencionices inaceitáveis, e pior ainda, serem medicados com drogas que seus efeitos colaterais no futuro os levarão a drogadição e a estigmatização como mais uma diferença.
A moda índigo para crianças “normais e especiais” não pegou no Brasil, embora gere controvérsias para os defensores daquelas possuidoras de talentos especiais como fará a menina Klara Castanho, interpretando na novela a personagem que nasceu com consciência sobre o sentido da vida, iniciando a reestruturação de uma família, após cinco anos em estado de coma, e ao despertar para um mundo novo, não sendo compreendida, começa a receber apoio, repetindo assim as apostas vencedoras da emissora na temática espírita.
Ao ler as primeiras divulgações da nova novela, fiquei feliz, pois, pretensioso pensei que a TV Globo iria incluir no seu contexto de teledramaturgia, um fragmento do projeto mundial para a “conscientização do autismo” o que muito contribuiria para aliviar um pouco a dor que nós pais sentimos quando defendemos nossos filhos do preconceito de mal informados, cada vez que a sindrome é usada pejorativamente ou para desqualificá-los. Ledo engano meu.
A estréia será justamente na época em que os pais de autistas e aspergers estarão se engalfinhando com o despreparo das escolas para matriculá-los, na Educação Inclusiva, o que seria uma ótima oportunidade para a imprensa e a televisão, antecipando a novela, mostrarem como padecem as famílias para incluir seus filhos deficientes no sistema educacional.
 A preocupação principalmente dos pais, interessados, estudiosos e profitentes da Doutrina Espírita, é que quando não for transmitido o verdadeiro sentido de como as pessoas dotadas daquelas síndromes vivem, estará sendo criado mais um estigma absurdo contra quem não tem como se defender ao ser relacionado com irrealidades paranormais como é o caso das Crianças Índigo, que por refletirem uma aura azul, teriam uma espiritualidade mais desenvolvida.
Preocupa-nos saber que o padrão televisivo da qualidade global, pelo crédito que tem, seja protagonista de uma imensa confusão ao fazer a analogia entre autismo e crianças índigo gera dúvidas e impasses na continuação das conquistas já obtidas no progresso destes pacientes, que massacrados pela vida, ainda tenham que se defender de irrealidades, as vezes com danos irreparáveis.  
Comparar autista ou Asperger com Criança Índigo ou de outro matiz qualquer, é um preconceito sem precedentes, pois além de criar “um ser diferente dos outros”, quem acreditar, alargará mais ainda o abismo nas relações humanas, impedindo convivência.
Ultimamente a Psicologia está apresentando questões interessantes sobre inteligências mais sagazes, contudo assuntos como o das Crianças Índigo não passam de deslumbrantes jogos de palavras que surgem das atividades manipuladoras de massas em tempos de indecisões espirituais.
Colocar a síndrome do autismo ou Asperger no mesmo patamar sem conhecer a sua real condição como fenômeno, não é o caminho.
Não queremos acreditar que a TV Globo exiba numa novela o advento de crianças índigos caracterizadas por um sistema para classificar seres humanos, ou compará-las com autistas, descritos por Léo Kanner e Hans Asperger, cada um no seu espectro, que na verdade é um modelo defeituoso de educação determinado por facções doutrinárias importadas, sem buscar informações básicas com quem conheça a causa do autismo, inoculando na população como ressonância, o veneno do separatismo de personalidades fictícias e transitórias.
Antes de encarnar um Espírito, a criança escolhe o lugar e a família que preencherá as suas necessidades de crescimento e evolução, ou seja, nada que a diferencie da outra, sendo que seus pais devem responsabilizar-se por encontrar formas de estimular esta sensível e bela energia, além de ajudá-las no desenvolvimento dos seus dons e talentos, autista ou não, como parte da missão espiritual delas na Terra.
José Saramago ensinava: Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
Que cada um faça sua parte. 

Fonte: www.escrita.com.br

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