domingo, 11 de dezembro de 2011

Crianças Índigo


É difícil, com efeito, acreditar que crianças rebeldes, que agridem os seus pares, que não respeitam os adultos, que se envolvem em situações de delinquência, que não sabem respeitar normas básicas de convivência, possam ser Espíritos Superiores em missão!
No livro Crianças Índigo, de Lee Carroll e Jan Tober é esta a ideia que se tenta passar.
Nancy Ann Tape, que se diz capaz de ver as cores da aura, foi quem iniciou esta ideia "moda", e não hesita em afirmar que as crianças com as características acima mencionadas, e mais umas quantas, tais como deficiência de atenção e hiperactividade, são todas Índigo. Aliás, para Nancy, 90% das crianças são-no! Que mercado para os terapeutas New-Age!...

Estranhamente, nos meios espíritas, estas ideias têm colhido alguma credibilidade por parte de pessoas que fazem confusão com aspectos básicos da doutrina. Há, de facto, Espíritos mais evoluídos que encarnam na Terra para impulsionar a Humanidade na senda do progresso moral e intelectual. Mas a que propósito tais Espíritos têm que se manifestar como crianças problemáticas? É até um contra-senso. Nunca foi observado que crianças "diagnosticadas" como Índigo se mostrassem, na idade adulta, exemplos de virtude, missionários, portadores de mensagens transcendentes...

Uma criança pode ser rebelde por muitos factores. O mais improvável deles é que seja por ser um Espírito muito evoluído. É difícil imaginar uma Madre Teresa, um Raoul Follereau, um Mahatma Ghandi, um Chico Xavier, como crianças dispostas a pegar numa arma a massacrar os seus colegas de escola! Mas é isto que afirma Nancy Ann Tape; para ela, as crianças que têm protagonizado massacres em escolas são todas Índigos!
O Espiritismo é uma doutrina de bom-senso, e extremamente céptica. Allan Kardec afirmava que é preferível recusar-se nove verdades que aceitar uma mentira. E esta história das crianças Índigo contraria o mais elementar bom-senso. Observamos muitas vezes que irmãos criados exactamente da mesma forma, apresentam personalidades completamente diferentes. Um pode ser sensível, correcto, amável, e outro exactamente o oposto. Excluídos outras causas, o Espiritismo vê nessas ocorrências o reflexo do grau de evolução do Espírito. O Espírito mais rude pode encarnar num meio moralmente mais evoluído para ter oportunidade de se melhorar. Devemos-lhe carinho, apoio, compreensão. Mas nunca a "receita" habitual das filosofias New Age, que mandam "não contrariar os Índigos"!

Uma última advertência sobre este assunto: muita cautela com terapias e terapeutas. Não é todo o que se enfeita com este título que é digno de se lhe colocar a nossa saúde entre mãos. Não faltam casos de crianças e jovens que entram nos caminhos da delinquência por os pais terem sido aconselhados por duvidosos terapeutas a "não contrariar" as tendências da suposta Criança- Índigo...




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