Silvania Mendonça Almeida Margarida
Ao
abordar essa questão do autismo, estamos necessariamente falando da inserção da
educação especial no currículo, na prática docente e em nossas vidas de pais.
Alguns doutrinadores até pronunciam e versam que somos pais especiais. Não
creio nisto. No meu humilde ponto de vista, creio que nos tornamos pais
meticulosos, mitigados por uma questão positiva de esperança, da palavra
pronunciada e cantada na dita inclusão social. Particularmente, eu, não
acredito que ela aconteça numa escola regular. Mas também não deixa de fomentar
uma lépida esperança que estamos caminhando para o conhecimento paulatino desta
síndrome: seja em aspectos biofísicos como espirituais. Temos sim, a chamada
inclusão digital.
Há dois aspectos igualmente importantes apontados
como objetivos da Educação Especial: o primeiro e mais importante ser parte da
educação geral, preparando o indivíduo para a cidadania, e servir de base para
uma as futuras tentativas, às vezes infundadas da educação inclusiva. Ambos são
igualmente necessários e, obviamente, vinculados. Mas com preocupação pode-se
notar que nenhum desses dois objetivos vem sendo satisfatoriamente contemplado
ao longo dos anos. E há um risco de desaparecimento da inclusão social, como
vem sendo praticada no Brasil, como um desejo autônomo das autoridades, das
políticas públicas dos sistemas escolares, pois se mostra, na sua maior parte,
obsoleta, inútil e desinteressante.
Ambos os aspectos mencionados acima devem contemplar
o conhecimento da educação especial atual, como ele se manifesta no dia a dia, no "modus vivendi" e na educação especial
do momento. Mas os estudiosos do autismo parecem focalizar sua atenção numa
espécie de romantismo inclusivo, ensinando coisas para as nossas crianças que
podem ter sido interessantes e úteis em outros tempos, mas que hoje estão
desvinculadas do cotidiano inclusivo. Para não dar a impressão falsa que só
estou pensando no aspecto utilitário do “autismo”, lembro-me de que as formas de
lidar com as diversas modalidades de inclusão. Hoje são atrativas para as
crianças e jovens que têm grande relação com a síndrome, mas que vez ou outra
tramitam dentro de um contexto de pequena ou média lucidez e aprendizagem
construtivista do cotidiano. Mas mudanças espetaculares no mundo da educação autista nunca ocorreu. Sempre a mesma colagem, os mesmos caderninhos básicos, o coloridinho fora da órbita da página e o preço da escola lá em cima. Houve mudanças? Há 22 anos convivo com os mesmos coloridos, as mesmas colagens, os mesmos relatórios. Está certo. Eu poderia afirmar. Meu filho não desenvolveu nada, mas isto não é verdade. Seus aspectos sociais são cada vez mais comportados, sua fala cada vez mais cadenciada. E nossas viagens, cada vez mais, produtivas. Ele evoluiu muito e o caderninho está ficando para trás.
Também, em outros ambientes, podem ocorrer um momento de fala, o cumprimento de
uma pessoa, a leitura de uma página, a formatura no ensino fundamental. Há também
os Aspergs que levam uma vida normal, prestam vestibular, namoram, casam e
alguns são até PHD.
Existe, portanto, uma antissíndrome dentro de outra
síndrome que ensina pais, professores, profissionais, os mais belos horizontes,
quais sejam que podemos evoluir sim dentro do autismo. Podemos destacar alguns segmentos: a música, a arte, a arte da
paciência, a amizade entre pais, a virtualidade, a sensibilidade, a vontade de
superação, a adequação, a luta por políticas públicas, a medicina, a alimentação, a troca de idéias, dentre outros aparatos. Poderíamos fazer dos belos
horizontes do autismo uma interpretação multidisciplinar como uma história da
cultura, o que é válido, mas não basta para atingir os objetivos da educação
especial. Mas não deixa de ser um começo.
O que quero precisamente afirmar quando trato dos
belos horizontes do autismo?
Simples e corriqueiro. No dia a dia encontramos uma
enorme gama de informações sobre o autismo que nos fazem pensar e repensar
nossa postura como pais. A troca cibernética de informações desta democracia
digital acende em nós uma chama de união e de clamor público e somos uma única
voz a refletir sobre as benefícies e os desmandos em torno do autismo. Vejamos
o recente caso da emissora MTV e sua retratação pública junto aos pais de
autistas. Há uma rede social ou redes sociais que aconselham, nos acolhem,
oram por nossos filhos e os amam como se todos fôssemos uma única família
brasileira, que espera pela tão sonhada inclusão social, como ela deveria
ser.
Os belos horizontes do autismo já fizeram
movimentar novas legislações e julgados em São Paulo, Rio de Janeiro e na Bahia.
Projetos em trâmite estão chegando a Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Acontecerão aos poucos uma nova aderência, e, nesta democracia digital
autística, blogs e sites são abertos aos públicos quando pais buscam informações úteis. Tais informações corroboram a singeleza e lisura
da palavra pronunciada e escrita numa intuição positiva. Oficialmente,
a principiologia do autismo está bem inerente no artigo 5º da Constituição
Federal quando trata da dignidade da pessoa humana. Torna-se necessário
evidenciar que a esperança positiva é
legal, está legalizada na Carta Maior e a Lei Maior de um país é pois sua Carta
Magna.
Os belos horizontes do autismo tomaram-se o meu
mundo há 12 anos e foram por intermédio deles que conheci novos médicos, novos
comportamentos, novas experiências, novos amigos, e meu filho ganhou muito com
esta experiência. Esta experiência deve ser passada à escola, à famosa inclusão social, que no meu entender não inclui nada e por aí vai.
Grande exemplo para o Ministério de Educação e
Cultura e para a Presidente Dilma Rousself que precisam olhar e avaliar com
mais singularidade a inclusão social do autista.
Dizem que a esperança é a última que morre. A minha
nasce a cada dia. Recentemente, cientistas brasileiros deram passos importantes
sobre a análise da síndrome. Como não dizer que os belos
horizontes do autismo estão a cada dia nos oferecendo uma questão
positiva de luta e de aprimoramento da palavra pronunciada na inclusão virtual?
Solicitar a notícia
e o desenvolvimento contínuo das nossas crianças e jovens, estimulando a
inovação das práticas educativas e a investigação no âmbito da educação especial
é trabalho não tão-somente para a escola, como também para pais e profissionais
clínicos e terapêuticos. E se houve um resultado positivo no desenvolvimento de
uma determinada criança anunciar e divulgar
para que ocorram ações conjuntas com pais e
profissionais similares . É esta a intenção maior da palavra pronunciada: exercer
atividades no campo da educação, quer sejam nacionais, estrangeiras ou
internacionais colaborando com entidades
oficiais e particulares na promoção da educação do autismo.
Afinal, o que temos a perder? Nada. Não estaremos excluídos, não
estaremos sozinhos e cada voz virtual que se levanta, será uma palavra pronunciada nos belos
horizontes de aprendizagem que o autismo nos oferece. Tenho dito que sou a maior aprendiz. Sou a maior autista quando me calo e aprendo na inclusão digital dos belos horizontes que o autismo me proporciona.
Sábias palavras de quem já conviveu com o autismo há muito tempo. Parabéns! Excelente texto!
ResponderExcluirOs belos horizontes do autismo são demonstrados nos olhos do seu filho. Que rapaz lindo! Quanta ternura no olhar vibrante e meigo. O seu filho não tem autismo, tem? Sinceramente, não parece!
ResponderExcluirO que ele deve ter é algo que ainda não conhecemos neste planeta. Quero dizer o seguinte: seu filho tem algo diferente, transcendental e angelical. Não precisa de palavras. Ah! desculpa-me não sei como explicar o que sinto de ver a beleza dele. Parabéns pelo seu texto. Vocês são privilegiados!
um texto exemplar a ser divulgado, em jornais e revistas políticas educativas. Enfim muito interessante, um abraço Manuel Fernandes
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