terça-feira, 23 de agosto de 2011

Arcazes lembranças do autismo



silvania mendonça almeida margarida

As minhas lembranças do autismo
Cabem em arcazes profundos
O meu coração infinito
Busca os frutos das miragens do passado

Os arcazes do meu eu
Encontraram brechas para respirar feridas
Atravessaram o peito dos meus oponentes
Mal tive tempo para sentir-me autista

Assim, o mundo me atingiu
Em sério ferimento
Nem por um momento
Trouxe verdadeira chuva de luz

Durou longos anos
Estranhamente, o autismo se instalou
Experimentou os sentimentos daqueles
Que tombaram em calor intenso
Durante os anos de polvoroso cativeiro

Que dizer dos arcazes do meu mundo autístico
Que vieram para ficar nas noites frias
de sonhos impossíveis?
Que dizer dos arcazes das lembranças não amargas
Que me ensinaram a viver na solidão?

Hoje, fechei o único arcaz que restou
Junto ao Sol que desceu no meu coração
Deitei todas as estacas que me colocaram
E por infusão levei uma das casas
Com expressão fixa e gota de orvalho.

Com o sorriso nos lábios não mais me submeteria
Teria a glória das noites e de todos os dias
Ressoaria os tambores em ritmos constantes
E não permitiria que sonhos impossíveis
Arcassem o meu autismo no pergaminho da criação...

Ele não ficaria em arca, pois tornou-se aprendizagem...

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