DEPOIMENTO
Há mais de quarenta anos trabalho em escolas particulares de ensino comum que incluem entre seus alunos alguns com necessidades especiais. Na escola atual temos alunos que apresentam diagnósticos que se enquadram na Síndrome de Asperger, Síndrome de Tourrette, Deficiência Intelectual, e vários Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade e outras dificuldades de aprendizagem. Realizamos um estudo minucioso destes alunos e preparamos um texto que foi trabalhado junto aos professores, com o objetivo de ajudá-los em sua práxis, tendo em vista que a nossa proposta é de turmas reduzidas para atendimento individualizado.
Por suas características particulares, resolvemos dedicar a um aluno. Este Estudo de Caso se transformou em uma monografia para conclusão de Curso de Especialização e, posteriormente, tornou-se uma dissertação de Mestrado.
Trata-se de um adolescente de 14 anos, aluno do 7º ano do Ensino Fundamental. Sua inclusão nesse grupo se deve à necessidade de que ele participe, junto com colegas da mesma idade, das atividades definidas para esse grupo classe.
Esse aluno apresenta deficiências múltiplas, sendo as mais evidentes uma Deficiência Intelectual, Hipotonia Muscular acentuada com Déficit Motor, comprometendo o Movimento Ocular Simétrico, Atemporalidade e Epilepsia, dentre outras dificuldades que interferem no seu processo de desenvolvimento. Por outro lado, trata-se de aluno carismático, aceito por to dos da comunidade escolar, embora alguns adultos demonstrem certo receio de trabalhar com ele. O aluno apresenta uma grande capacidade de relacionamento interpessoal, uma audição excelente, que o leva a se envolver prazerosamente com música.
Quando iniciamos o trabalho, o conceito de inclusão ainda estava duvidoso para nós. Agora já podemos afirmar que é possível incluir um aluno com deficiências múltiplas em uma escola comum.
É importante salientar que só a escola pode oferecer oportunidades de exercício de cidadania, de respeito a normas e aos outros. Horários, uniformes, atividades de classe e extra-classe, são valores que não podem ser abandonados no processo de inclusão, além dos conhecimentos adquiridos, assim como habilidades de convivência em grupo, a oportunidade de trabalhar com uma equipe de colegas em que a sua participação seja efetiva. Temos a ressaltar que as suas escolhas nas relações sociais e afetivas são fontes de prazer e de frustração, tornando-o mais forte para encarar desafios.
Os professores já conhecem melhor o aluno e se sentem mais seguros na elaboração das atividades. Cada disciplina tem características próprias, as orientações gerais que se encontram neste documento são apenas um início do que juntos ainda podemos fazer.
Quando escolhemos o sujeito para realizarmos o nosso trabalho sabíamos que teríamos um grande desafio pela frente, tendo em vista a complexidade do caso.
Hoje, podemos dizer que alcançamos nossos objetivos, embora ainda haja um longo caminho a percorrer, porém melhor ancorados na ciência. Se não fizemos tudo, com certeza dedicamos o máximo de nossos esforços.
Em conversa com a Dra. Márcia, descobrimos que o problema de visão convergente do aluno, que compromete sua percepção visual periférica, poderá ser avaliado no Hospital de Olhos, com um possível tratamento baseado no sistema proprioceptivo.
Uma pesquisa com seres humanos tende a evoluir conforme a evolução do sujeito, e assume as características desse crescimento.
Maria Christina Fonseca Penna é Screener e diretora pedagógica do Centro Educacional Ouro Preto (Ouro Preto-MG)
http://www.dislexiadeleitura.com.br/artigos.php?codigo=44
o texto é muito bom!!! E é muito importante sabermos que ainda existem pessoas preocupadas com pessoas que só querem receber amor e carinho!!! :)
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