Fatores ambientais, em conjunto com um forte risco genético, podem ser uma possível explicação para esse aumento da condição
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Um novo estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Keck da University of Southern California, nos Estados Unidos, revelou que viver perto de uma rodovia pode estar associado com um maior risco de desenvolver autismo. Resultados do estudo mostraram que crianças nascidas de mães que vivem a 309 metros de uma estrada parecem ter o dobro da probabilidade de desenvolver a condição.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento que tem sido atribuído a fatores genéticos. Enquanto as mudanças nos critérios de diagnóstico foram pensadas para contribuir para a crescente incidência da doença, esses fatores sozinhos não podem explicar o aumento dramático no número de crianças afetadas.
Este estudo apoia a teoria de que os fatores ambientais, em conjunto com um forte risco genético, podem ser uma possível explicação para esse aumento.
Pouco se sabe sobre o papel dos poluentes ambientais no autismo, a exposição à poluição atmosférica durante a gravidez tem mostrado causar efeitos físicos e de desenvolvimento sobre o feto em outros estudos. A exposição à poluição do ar durante os primeiros meses de vida também tem sido associada ao atraso no desenvolvimento cognitivo.
Segundo os autores do estudo, este estudo é o primeiro a vincular o risco do autismo com a exposição a poluentes veiculares, embora medições diretas de poluentes não tenham sido feitas.
Para o estudo os pesquisadores analisaram crianças com idades entre 24 e 60 meses no início do estudo e viviam em comunidades ao redor de Los Angeles, San Francisco e Sacramento.
Grupos controles foram recrutados dos arquivos de nascimento do estado da Califórnia e, frequentemente, associaddos a casos de autismo por idade, sexo e área geográfica ampla. Cada família participante foi avaliada pessoalmente. Todas as crianças foram avaliadas para o autismo utilizando instrumentos devidamente validados.
O estudo examinou os locais onde as famílias das crianças viveram durante o primeiro, segundo e terceiro trimestres da gravidez da mãe e no momento do nascimento do bebê e avaliou a proximidade dessas casas com uma estrada principal ou rodovia.
A primeira autora do estudo, Heather Volk e seus colegas descobriram que viver a 309 metros de uma auto-estrada na época do nascimento foi associado com um aumento de duas vezes no risco de autismo. Essa associação não foi alterada pelo ajuste para o sexo da criança ou etnia, educação, idade materna e tabagismo pré-natal.
Poluentes associados ao tráfego foram observados para induzirem a inflamação e o estresse oxidativo em estudos toxicológicos e humanos. As evidências emergentes de que o estresse oxidativo e a inflamação estão envolvidos na patogênese do autismo, apoiam as conclusões deste estudo.
"Esperamos encontrar muitos, talvez dezenas, de fatores ambientais ao longo dos próximos anos, com cada um deles provavelmente contribuindo para uma fração dos casos de autismo", afirmou o autor principal do estudo, Hertz-Picciotto.
Com base nos resultados do estudo, os pesquisadores acreditam que é altamente provável que a maioria dos fatores ambientais funcionem em conjunto com outros riscos e ou genes, aumentando a probabilidade do desenvolvimento de autismo.
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