sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PROSA POÉTICA SOBRE MEU FILHO




silvânia mendonça almeida margarida



Passivamente,
sem dizer sim, ou não,
você, meu filho,
se tornou o sujeito e o objeto
do presente texto.


Constitui-se em uma doce presença
a primeira emoção ritualizada
enquanto fita
o que existe no seu mundo
uma ilha inacessível
que sacode as mãos
um útero eterno
de bem-querer
que se deixou
nascer diferenciado



A presente elucidação
é uma forma de fazer justiça
ao dono da matéria que tornou possível
a realização de tanta inspiração


Perdão, por haver invadido a sua privacidade,
e, assim, relatar episódios de sua vida
em forma de alentos e pequenas obras
Inseridas na cronologia dos anos e do autismo


E, assim, eu fui aprendendo, amando
Ao longo desta caminhada
Se alguém nos deu a mão
foi por entendimento
Era ator e autista também


Se ficou alguém para trás
Perdoar e perdoar, devemos
Pobres daqueles que não sabem
que a vida terrena é um eterno autismo
para a aprendizagem da vida espiritual



O que levamos deste mundo?
A não ser a doce e faceira
experiência do conhecimento
Aquilo que, paradoxalmente,
não costumamos perceber,
São sentimentos de
estupor e incompetência
as mais duras penas
para compreender...



E você, meu filho, seguirá,
Até onde Deus mandar
Como um trilho invisível
Do Seu próprio amor
Uma melodia oculta
Que me mostra
a diferença da sua poesia
E também me faz
nascer todos os dias...

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