Jornalista Externo
O fito deste artigo é trazer uma reflexão sobre a função do professor e a função de seus conhecimentos refletidos nos alunos e nos familiares desses alunos - um convite a reflexão.
"Nenhum professor jamais ensinou alguma coisa a alguém. As pessoas aprendem por si. Se examinarmos a palavra `educador', vem do latim, educare, que significa dirigir, conduzir, guia. É isso que quer dizer, ser entusiasmado você mesmo, compreender-se e apresentar o assunto aos outros e dizer: `Veja como é maravilhoso. Venha comer comigo"(1)
Na qualidade de professora de direito não me parece fácil a tarefa de levar aos meus alunos uma solução puramente teórica aos litígios que constroem o direito, pois transmitir os conhecimentos dentro da academia é falar para um público que está se preparando para um conhecer jurídico - e a aplicação do mesmo.
A minha interrogação momentânea se perfaz na função efetiva dos conhecimentos adquiridos, pois não é possível que venhamos a restringir o conhecimento científico aos trabalhos de conclusão de curso - as dissertações e teses das pós-graduações (lato e stricto sensu), mas que o professor possa conduzir esse aluno a uma participação crítica da comunidade em que está inserido, pois caso contrário estaríamos formando falsos cientistas que só conseguem enumerar problemas sem vislumbrar soluções.
A função do professor que dirige o estudo é orientar o pensamento do aluno, pois o direito não é algo concedido unicamente aos estudantes de direito, pois a vida em sociedade só é possível com organização, daí a necessidade do direito, mas esse direito - que se subentende como justiça e segurança não gera bem estar social sozinho, muito mais do que a vontade do legislador é uma expressão da vontade social, pois o direito visa atender a coletividade nas regras de bom convívio social - e ao professor cabe indicar o caminho para essas conclusões e tantas outras possíveis, mas reforçando a idéia de que o acadêmico de direito também ocupa uma função social relevante, pois os ora futuros bacharéis serão os advogados, juízes e promotores, defensores, públicos e quinzá professores das gerações vindouras e se desconhecerem as regras básicas ou se atrelarem somente a ciência herméticamente fechada no mundo cultural da academia - estaremos deformando e não formando os futuros profissionais.
De fato ser professor em um país como o nosso não é tarefa dos mais fáceis - sem falar sobre questões econômicas de quaisquer ordens, a responsabilidade do professor vai além da sala de aula, seja o professor do ensino fundamental e médio, ou aquele que leciona na Universidade - seja ela pública ou particular - pois a transmissão dos pensamentos e reflexões do professor atinge não só os alunos, mas suas famílias, os amigos, os seus companheiros de trabalho, sendo assim a palavra direito traz em seu bojo a palavra cooperação, onde as pessoas vivem, estudam e trabalham, interagindo e vivendo um estado de cumpridores de suas obrigações.
Nota
(1) BUSCAGLIA, Leo. Vivendo Amando & Aprendendo, Rio de Janeiro, Record, 1995, p-23
Tais Martins é advogada, professora, mestranda em Direito, especialista em Direito Civil e Direito Processual e curso de extensão pela Escola da Magistratura do Paraná. Coordenadora do Curso de Direito da UCP. E-mail: taislawyer@hotmail.com
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