Dias após as manifestações sobre a luta pela consciência do Autismo, as atividades e repercussão sobre o tema continuam e não podem parar. A ONU decretou em 2008, que todo dia 02 de Abril, seja mundialmente reconhecido, como um dia para a conscientização sobre o Espectro Autista. Este ano o dia foi lembrado ao redor do mundo com o uso de uma iluminação em cor azul, escolhida para simbolizar o autismo. Vários monumentos e locais de destaque receberam essa luz e aqui em Maceió uma escola de educação infantil, localizada na Av. Sandoval Arroxelas, na Ponta Verde, abraçou o movimento iluminando-se também. Os alertas continuam e ganham força a cada dia, quando as associações voltadas para a causa tentam chamar a atenção das autoridades e governantes para a importância do caso.
No dia marcado por essa luta, a Associação de Amigos do Autista, a AMA, em Alagoas ganhou um novo espaço, localizado no bairro Stella Maris. Lá funcionará um centro de tratamento multidisciplinar, onde as crianças, em maioria associadas, terão assistência psicológica e pedagógica, com atividades educativas e musicais. Profissionais de fonoaudiologia e terapia ocupacional também darão um apoio para que estas crianças evoluam de alguma forma.
Mas o que é o autismo? Caracterizado pelo isolamento, é uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa em se comunicar, ter relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Um indivíduo com autismo usa as pessoas como ferramentas e resiste a mudanças de rotina. Ele não se mistura com outras crianças, se apega a objetos, agindo como se fosse surdo, resistindo ao contato físico. O autista não mantém contato visual, se comporta de forma arredia e indiferente e não demonstra medo do perigo. Uma criança, até os dois anos de idade, que apresente essas características, acompanhada do atraso da fala, precisa ser levada ao médico, pois pode ser portadora da doença.
Ao bater um papo com Márcia Moraes, que é mãe de uma criança autista, pude perceber a dificuldade sentida por pessoas envolvidas nessa luta. O diagnóstico de Espectro Autista em Gabriel só foi dado após 02 anos de vida e a batalha foi grande para ambos. Entre problemas pessoais e a corrida contra o tempo com a procura de médicos especialistas que descobrissem porque o menino não se comunicava, era grande o desejo de ajudar seu filho. Ela me confessou que a primeira vez que ouviu a palavra – AUTISMO- entrou em desespero, chorava muito, era duro de acreditar. O que fazer nessa hora? Botar a cabeça no lugar e procurar forças não é? Participar de cursos ligados ao assunto, entender o processo, foi assim que essa mãe fez e conseguiu ver a evolução de seu filho, que hoje fala, lê e frequenta uma escola “normal”.
Mas ainda não é fácil, a barreira para conseguir adaptação na vida escolar é um problema para um autista e a maior delas, segundo Márcia é de não ter profissionais capacitados. Ai vem um desabafo: “Eles desconhecem o que é o autismo e de certo modo tem medo do desconhecido. Também tem o lado das escolas de não terem o interesse de capacitar esses profissionais, pois acabam por ter despesas. Negar a matrícula eles não podem, mas aceitar o aluno e não trabalhar é inaceitável”.
Com relação ao preconceito quis saber como lhe dava com a situação e me foi revelado que Gabriel já foi sim, vítima deste mal. Algumas mães da escola reclamavam com a coordenação que o tirassem do convívio com seus filhos e sem cerimônia alguma pediam que o colocasse em outro lugar. De fato, fica nítida a falta de compreensão e amor ao próximo dentro dessa realidade.
O autismo ainda é um assunto desconhecido de muitos, não só em Alagoas como em outros Estados. Mas aqui infelizmente há poucos profissionais que trabalham ou até mesmo conhecem os métodos corretos de intervenções para um autista. Ainda não se sabe sua causa , não há remédio para curá-lo, mas uma coisa é certa: o amor, a paciência, a dedicação e a vontade de ver essas crianças se desenvolvendo, são os maiores incentivos que muitas famílias e poucos profissionais engajados buscam para continuar a caminhada.
Hoje, a mãe de Gabriel batalha em conjunto com outros pais de autistas, uma lei Federal que possa dar assistência dentro dos métodos adequados, conscientizando a população que é possível sim, a inclusão dessas crianças no meio social. E o ganho é para todos, pois elas também aprendem a conviver e a respeitar a diversidade.
Como ajudar um autista? Familiares e amigos devem tratá-los de maneira normal, procurando entendê-los e dando condições de apoio e tratamento em todas as áreas envolvidas. Não se deve achar estranho seu comportamento, mas sim poder integrá-los à sociedade, estimulando o desenvolvimento de atividades diversas, sem nenhum preconceito ou descriminação. Não vamos deixar só para lembrar no dia 02 de Abril, mas todos os dias, que existem pessoas especiais necessitadas de apoio e atenção para poder ter uma melhor qualidade de vida e também ter o direito de ser feliz! Vamos todos abraçar a causa do AUTISMO!
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