Blog do André Luís Rian, rapaz autista que quer conversar com você sobre os problemas soluções do autismo...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
BEIJAMOS AS FLORES
silvania mendonça almeida margarida
maurício martinez
"Beijamos as flores por que elas entendem
Que somos pequenos, mas preenchemos o mundo
Mesmo que nos passe a vida em segundo
Somente as flores aos beija flores se rendem"
O autismo são flores de experiência
São laços de ternura e emoção
É um choro sentido que eles não expressam
Que recobra toda evolução.
O autista e as flores
com muitos beija flores
não são pequenos num mundo galático
espairam no ar a brisa da vida
e mostram o tesouro
na seara do amor:
entre pais e mães
entre família e irmãos
entre beija flores que os autistas se rendem...
Projeto de fotodocumentarismo retrata o mistério do mundo dos autistas
Qua, 23 de Junho de 2010 09:28
Mais de 500 imagens reunidas em um livro que retrata o mistério do mundo dos autistas, seus sentimentos e seu cotidiano nas escolas especiais. O projeto “Artista Autista”, de Edu Baggio, estudante de Jornalismo da PUCPR, chama a atenção da sociedade para que olhem para essas pessoas, vítimas de preconceito, muitas vezes, da própria família. As imagens vão contar pequenas histórias, que se misturam a depoimentos e dados científicos.
Mais de 500 imagens reunidas em um livro que retrata o mistério do mundo dos autistas, seus sentimentos e seu cotidiano nas escolas especiais. O projeto “Artista Autista”, de Edu Baggio, estudante de Jornalismo da PUCPR, chama a atenção da sociedade para que olhem para essas pessoas, vítimas de preconceito, muitas vezes, da própria família. As imagens vão contar pequenas histórias, que se misturam a depoimentos e dados científicos.
sábado, 19 de junho de 2010
BEIJA-FLOR AUTISTA
silvania mendonça almeida margarida
Trovões estremecem o tempo do autismo
É hora de ressurgir e voar aos quatros ventos
Beija-flor aflito que procura as rosas e diversas flores
que abre frestas e pétalas na imaginação
No celeiro do amor melodia
nas minas do outro espiritual
Beija-flor autista pensa e reflexiona:
“Por que as crianças são autistas?
Por que são como passarinhos alados?
Por que são todos os seres especiais?
Como explicar esse desapego,
Que não determina o nosso voo?
Que apenas nasce a cada dia de novas estereotipias?”
“Eu, que sou pequenino, mas tenho muito a contornar
Seria como oferecer às flores o néctar do orvalho
Que continuam paradas, no jardim, sem cortar seu sulgo.
E volto a trinar minhas asas para todos dormir
Procuro as casas de flores e rosas
quando os meus ombros e braços não nos
tocam, as palavras nos acariciam,
e as flores nos perfumam memórias...
e beijo as flores, beija-flores
Mas confesso neste arauto de rosas
Eu sou o tema de uma sugestão
um beija-flor autista que
sempre olhei a vida como um canto
silencioso, expressivo, calado
encantado e misterioso
como o cheiro das flores no sopro de poesia.
No jardim da minha alma,
encontrei feito pétala da metáfora
em flor autista, em rosa especial
Multicores e amores
De uma síndrome celestial”
Assim cantou o beija-flor autista
Quando se perde um bardo e um trovador,
Seus pensamentos ressurgem,
Suas idéias ultrapassam barreiras,
E seus conhecimentos, se necessários,
ganham o mundo.
Às vezes, nós artistas, beija-flores autistas
somos confundidos com estranhos sentimentos.
Que a alma não divulga ou expõe.
Flagra somente o nosso íntimo na intimidade.
Mas não revelam segredos.
Guardados entre paredes das flores ocultas
Dos aromas e fragrâncias do autismo velado.
Emoções que não propagam e não se alastram
Nas veredas autísticas de nós beija-flores...
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Fármaco mostra-se eficaz contra o autismo
Cientistas da Mount Sinai Medical Center, em Nova Iorque, identificaram um fármaco que mostrou ter um efeito terapêutico, ao melhorar a comunicação entre as células nervosas de um modelo de ratinho com a Síndrome Phelan-McDermid (PMS), avança o site Saúde na Internet.
Os sintomas de PMS enquadram-se na categoria das perturbações do espectro autista.
Estudos anteriores já tinham demonstrado que a mutação de um gene, denominado por SHANK3, que é expresso nas células do cérebro podia provocar atrasos graves na capacidade da fala, ou mesmo ausência dessa capacidade, deficiência mental e autismo.
Neste estudo, a equipa liderada por Joseph Buxbaum desenvolveu ratinhos que apresentavam a mutação no gene SHANK3, e verificou que existia um lapso na comunicação entre as células nervosas do cérebro que podia conduzir a problemas na aprendizagem. Essa falha de comunicação indica que as células nervosas não se desenvolveram da forma adequada.
Na segunda fase da experiência, a equipa injectou nos roedores um derivado de um composto semelhante à insulina, denominado “factor de crescimento 1” (IGF1), utilizado para tratar a deficiência de crescimento nas crianças.
Duas semanas após o início do tratamento, os cientistas verificaram que a comunicação entre as células nervosas era normal e que a adaptação das células nervosas à estimulação, uma parte essencial da aprendizagem e da memória, tinha sido reparada.
"O resultado do tratamento com IGF1 nestes animais é animador e abre caminho para uma nova terapia para as pessoas com PMS", afirmou à EurekAlert o líder da investigação.
Fonte: RCM
Os sintomas de PMS enquadram-se na categoria das perturbações do espectro autista.
Estudos anteriores já tinham demonstrado que a mutação de um gene, denominado por SHANK3, que é expresso nas células do cérebro podia provocar atrasos graves na capacidade da fala, ou mesmo ausência dessa capacidade, deficiência mental e autismo.
Neste estudo, a equipa liderada por Joseph Buxbaum desenvolveu ratinhos que apresentavam a mutação no gene SHANK3, e verificou que existia um lapso na comunicação entre as células nervosas do cérebro que podia conduzir a problemas na aprendizagem. Essa falha de comunicação indica que as células nervosas não se desenvolveram da forma adequada.
Na segunda fase da experiência, a equipa injectou nos roedores um derivado de um composto semelhante à insulina, denominado “factor de crescimento 1” (IGF1), utilizado para tratar a deficiência de crescimento nas crianças.
Duas semanas após o início do tratamento, os cientistas verificaram que a comunicação entre as células nervosas era normal e que a adaptação das células nervosas à estimulação, uma parte essencial da aprendizagem e da memória, tinha sido reparada.
"O resultado do tratamento com IGF1 nestes animais é animador e abre caminho para uma nova terapia para as pessoas com PMS", afirmou à EurekAlert o líder da investigação.
Fonte: RCM
quarta-feira, 16 de junho de 2010
10 coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse
1) Antes de tudo eu sou uma criança. Eu tenho autismo. Eu não sou somente "Autista". O meu autismo é só um aspecto do meu caráter.
Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope.
Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente.
Sendo criança eu ainda estou descobrindo.Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim.E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?
2) A minha percepção sensorial é desordenada. Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo.
Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim.
O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender.
Vou explicar o porquê: uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível.
Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes.
O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível.
O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja.O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual.
Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho.
O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando.
Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.
3) Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer) Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim.
Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo.Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João".
Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.
4) Eu sou um "pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras.
É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer.Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.
5) Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto.
Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado).
Por outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem.
Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.
6) Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender.
Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas.
Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.
7) Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer. Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de CONSERTO.
Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.
8) Por favor, me ajude com interações sociais, pode parecer que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído.
Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente.
Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: Você esta bem?.
9) Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo.
Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação.
Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.
10) Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse…" ou "Porque ele não pode…" Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso.
Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa.
Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu.
Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol.
Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para Alzaheim o enigma da vida extraterrestre
O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha Base. Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir.
CONTO COM VOCÊ!!!
Retirado do site: http://www.autimismo.com.br/
Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope.
Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente.
Sendo criança eu ainda estou descobrindo.Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim.E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?
2) A minha percepção sensorial é desordenada. Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo.
Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim.
O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender.
Vou explicar o porquê: uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível.
Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes.
O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível.
O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja.O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual.
Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho.
O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando.
Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.
3) Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer) Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim.
Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo.Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João".
Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.
4) Eu sou um "pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras.
É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer.Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.
5) Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto.
Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado).
Por outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem.
Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.
6) Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender.
Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas.
Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.
7) Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer. Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de CONSERTO.
Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.
8) Por favor, me ajude com interações sociais, pode parecer que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído.
Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente.
Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: Você esta bem?.
9) Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo.
Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação.
Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.
10) Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse…" ou "Porque ele não pode…" Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso.
Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa.
Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu.
Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol.
Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para Alzaheim o enigma da vida extraterrestre
O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha Base. Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir.
CONTO COM VOCÊ!!!
Retirado do site: http://www.autimismo.com.br/
Movimento Orgulho Autista Brasil
O Autismo pede socorro!
Uma mensagem a todos os membros de Movimento Orgulho Autista Brasil
Caros Colegas de Luta,
É hoje.
Audiência Pública sobre Autismo
16junho2010, 14h, Câmara Federal, anexo 2, plenário 9, Brasília.
Vamos todos participar!!!!
Mara - avó do Victor, autista, 10 anos - Brasília/DF
Diretora de eventos do Movimento Orgulho Autista Brasil
Conselheira de Saúde do DF - Segmento Usuários - MOAB
Comissão de Saúde Mental do Conselho
Visite Movimento Orgulho Autista Brasil em: http://movimentoorgulhoautista.ning.com/?xg_source=msg_mes_network
Uma mensagem a todos os membros de Movimento Orgulho Autista Brasil
Caros Colegas de Luta,
É hoje.
Audiência Pública sobre Autismo
16junho2010, 14h, Câmara Federal, anexo 2, plenário 9, Brasília.
Vamos todos participar!!!!
Mara - avó do Victor, autista, 10 anos - Brasília/DF
Diretora de eventos do Movimento Orgulho Autista Brasil
Conselheira de Saúde do DF - Segmento Usuários - MOAB
Comissão de Saúde Mental do Conselho
Visite Movimento Orgulho Autista Brasil em: http://movimentoorgulhoautista.ning.com/?xg_source=msg_mes_network
quinta-feira, 10 de junho de 2010
RESERVADO A MIM AUTISTA
silvania mendonça almeida margarida
Reservado a mim autista
O meu filho autismo
Escutou uma melodia
Em buliçosas ocasiões
Inquietos ensejos
Nunca, não,
Não estava desvairado
Buscava apenas a luz do seu piscar
No olhar adsorvo do seu teto
Meu filho autismo
Contempla o espaço
Lança-me no abraço distante
Do toque não me toque
Num momento eterno
Da quietude do seu ser
De interioridade e serenidade
Tentando escutar
por horas a mesma harmonia
No disco que roda na vitrola
E o seu olhar bailava
Seu aforismo e pensamento
Ah! Quisera eu
Plasmar o seu pensar
O seu sorriso infinito
Ah! Quisera eu retê-lo
Em meu semblante ameno
Frente ao seu olhar distante
Absorver um caráter insano
Não é seu real desejo
Nas virtudes e nos dajos
De um mundo cerceado por ações
Talvez em meu desvairo.
Talvez, eu não consiga entender jamais
Sua forma particular de ser só sendo
Autista que vive a cada momento
Que busca o vento e canta em ninhos
Nichos e gaiolas doiradas
Prosas e lúdicas harmonias
No balançar do seu corpo fâmulo
Todavia, tenho a certeza que
Meu filho autismo está feliz....
PARTIDAS
silvânia mendonça almeida margarida
É estranho como a inspiração brota
Quando está entorpecida na reflexão
Ao esperar que um axioma se desperte
Almejando o tempo judicioso
Quantos devaneios
e quantos contentamentos tidos...
Quantas verdades e vontades vividas,
Quantas realizações e nostalgias...
Partidas!
Mas, prezam-se todos os tirocínios
Se a cólera que espuma,
a aflição que mora no espectro da alma,
e aniquila cada alucinação que desaparece,
Tudo o que tortura, tudo o que amaina
E vem o autismo, vem o desaparecimento
que hostilizam a vida e o encantamento
Das palavras ditas e faladas ao vento
Ou se é nômade ou se vive em ócio infeliz
Ou se chama o trabalho ou se açoita o tempo
Nas baladas e canções que ainda não se cantaram
Versos apenas... Letras pequenas
Quantos alvitres abalizam os anos idos
E que não voltam mais...
PERGUNTAS E DÚVIDAS
Qual sua dúvida sobre o autismo?
Qual sua dúvida sobre a inclusão?
Qual sua dúvida sobre educação especial?
Não deixe de escrever.
Abraços
Qual sua dúvida sobre a inclusão?
Qual sua dúvida sobre educação especial?
Não deixe de escrever.
Abraços
terça-feira, 8 de junho de 2010
evento comemorativo do "Dia do Orgulho Autista - 6ª edição mundial"
Este é um
Horário: 14 junho 2010 de 10:00 a 13:00
Local: Polícia Rodoviária Federal - BR-040
Organizado por: Eduardo Lins
Descrição do evento:
(2ªfeira)14/06/2010
Blitz do Autismo
Polícia Rodoviária Federal, BR-040.
Nós o Movimento Orgulho Autista Brasil em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, Corde/DF e amigos dos autistas participamos destas Blitz entregando panfletos aos usuários da rodovia BR-040 esclarecendo sobre a síndrome do autismo.
Ver mais detalhes e RSVP em Movimento Orgulho Autista Brasil:
http://movimentoorgulhoautista.ning.com/events/event/show?id=4610742%3AEvent%3A1769&xgi=5BXFhLEXNe2VAS&xg_source=msg_invite_event
Sobre Movimento Orgulho Autista Brasil
O Movimento Orgulho Autista Brasil procura promover ações que visem à melhoria da qualidade de vida da Pessoa com Autismo e seus familiares.
158 membros
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15 eventos
71 postagens no blog
Horário: 14 junho 2010 de 10:00 a 13:00
Local: Polícia Rodoviária Federal - BR-040
Organizado por: Eduardo Lins
Descrição do evento:
(2ªfeira)14/06/2010
Blitz do Autismo
Polícia Rodoviária Federal, BR-040.
Nós o Movimento Orgulho Autista Brasil em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, Corde/DF e amigos dos autistas participamos destas Blitz entregando panfletos aos usuários da rodovia BR-040 esclarecendo sobre a síndrome do autismo.
Ver mais detalhes e RSVP em Movimento Orgulho Autista Brasil:
http://movimentoorgulhoautista.ning.com/events/event/show?id=4610742%3AEvent%3A1769&xgi=5BXFhLEXNe2VAS&xg_source=msg_invite_event
Sobre Movimento Orgulho Autista Brasil
O Movimento Orgulho Autista Brasil procura promover ações que visem à melhoria da qualidade de vida da Pessoa com Autismo e seus familiares.
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"Dia do Orgulho Autista - 6ª edição mundial":
Este é mais um evento comemorativo do Movimento Orgulho Autista Brasil.
Esperamos o comparecimento de todos.
Horário: 8 junho 2010 de 14:00 a 18:00
Local: Plenário 11, anexo II da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Organizado por: Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados
Descrição do evento:
(4ªfeira)16/06/2010
Audiência Pública
Câmara dos Deputados
Palestrantes convidados:- Argemiro Garcia (BA);
- Eliana Rodrigues (RN);
- José Salomão Schwartzmann (SP)
- Sandra Cerqueira (RJ)
Esperamos o comparecimento de todos.
Horário: 8 junho 2010 de 14:00 a 18:00
Local: Plenário 11, anexo II da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Organizado por: Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados
Descrição do evento:
(4ªfeira)16/06/2010
Audiência Pública
Câmara dos Deputados
Palestrantes convidados:- Argemiro Garcia (BA);
- Eliana Rodrigues (RN);
- José Salomão Schwartzmann (SP)
- Sandra Cerqueira (RJ)
segunda-feira, 7 de junho de 2010
o BRASIL NÃO TEM ESTRUTURA
O psiquiatra Estevão Vadasz é coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, centro de referência no país. Também é o psiquiatra responsável pela Associação de Amigos do Autista (AMA), de São Paulo. Há 30 anos trabalha com autismo e em entrevista feita por telefone à Gazeta do Povo, fala sobre o transtorno, os desafios que são enfrentados hoje e os avanços que ainda são necessários no Brasil.
Qual é o retrato do autismo no Brasil?
Pela avaliação da Organização Mundial da Saúde temos no Brasil um milhão de pessoas com autismo. A cada 150 meninos que nascem um deles tem autismo. É mais comum em meninos, a cada quatro, uma menina desenvolve o problema. No caso dos Aspergers, são nove meninos para uma menina. Não há cura, não sabemos a causa. Há grande expectativa para que se confirme a hipótese de que é um componente genético importante. Infelizmente, quando o caso é muito grave, é comum que pais deixem os filhos com autismo dentro de casa, trancados em um cômodo e amarrados. Além de não saberem como lidar com aquela criança ou adulto, os pais têm vergonha de sair de casa com ela, não vão a shoppings, restaurantes. Isso é um problema cultural do Brasil. Falta civilidade, falta mudar nossa mente.
Como tem sido a evolução no tratamento?
Tivemos uma evolução enorme, especialmente nos últimos dez anos. Há 30 anos pensava-se que o autismo era uma doença ou síndrome causada pela baixa qualidade na relação entre a mãe e os filhos. Ou seja, acreditava-se que as causas do autismo eram psicológicas e que a mãe era a responsável pela doença do filho. Hoje sabemos que se trata de um transtorno biológico do desenvolvimento do sistema neurológico. Houve melhora na qualidade do diagnostico, a imprensa dissemina informação e então os pais se tornam mais conscientes e mais precocemente tomam providências.
Quem é o profissional adequado para fazer a primeira avaliação da criança?
Ainda há divergências a respeito do diagnóstico?
Quem faz o diagnóstico é o psiquiatra infantil. Já o tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Pode ser formada por neuropediatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e musicoterapeuta. No Brasil há divergência, fora não. Aqui os pais passam por uma via-crúcis, cinco, seis profissionais.
Existe estrutura para atender todos os que sofrem desse mal no Brasil?
É impossível atender a toda a demanda com a estrutura que temos. No Hospital das Clínicas temos o centro que é uma referência para autismo no Brasil, é o único e não damos conta de atender todo mundo que nos procura.
Precisaríamos de dezenas de outros centros de atendimento, ao menos um em
cada capital. Política pública não existe nenhuma. Nem no nível nacional, no estadual ou municipal. Nos Estados Unidos eles investem U$ 30 bilhões por ano em pesquisa, treinamento, residências especiais, tratamento, escolas. Aqui temos programa de inclusão nas escolas, mas não há preparo para isso. A intenção é boa, mas o treinamento é zero. Nós pagamos o equivalente aos suecos, mas não recebemos nada em troca. Além de políticas públicas, falta mobilização e autoridades sanitárias para identificar mais o problema além de investimento com valores substanciais para atender a todos.
Como vê o futuro da luta contra o autismo no Brasil?
Teremos pelo menos meio século sombrio. Ao menos nas próximas décadas.
Levam-se muitos anos para se formar pessoal, para qualificar pessoas. Especialmente nas dimensões continentais que nós temos. Mas o autismo não é prioridade da saúde no Brasil. Se você perguntar ao ministro da saúde o que é autismo e o que precisa ser feito, ele não saberia responder.
Nos Estados Unidos, estudos dizem que o número de divórcios entre pais de autistas chega a 80%, como vê essa questão no Brasil?
É verdade. Os pais fogem de casa quando descobrem e as mães ficam sozinhas. Eles têm medo porque não tem cura, é para sempre, pede grande investimento e muita dedicação. Uma clínica em São Paulo custa em média R$ 3 mil por mês. Mas em muitos casos nem adianta, por que o custo não garante qualidade. Então a mãe fica em uma situação crítica, tem que atender o filho que pede 24 horas de assistência e tem que trabalhar.
Na Suécia é tudo muito bem preparado, eles têm definidos programas pedagógicos assistenciais.
Então para se ter a chance de conseguir real assistência é preciso se mudar para a Suécia?
Sim, vão para a Suécia, lá todos são muito bem assistidos, o governo cuida, todo mundo sabe o que é autismo e aceita muito bem.
Como podem agir aqueles que não têm condições de deixar o país?
Esses têm de lutar, exercitar a cidadania, mobiliar a comunidade e o poder público. Correr atrás da evolução, por que se formos esperar pelo governo isso nunca vai acontecer. Mas estamos trabalhando, fazendo pesquisas, inclusive com células-tronco. O fato é que essas crianças deveriam ser acompanhadas em unidades básicas de saúde desde o nascimento e avaliadas pelos primeiros anos. Aí seria detectado precocemente se é necessário algum profissional.
Ainda temos muitos anos para preparar o pessoal da rede básica de saúde para que eles possam ter esse diagnóstico precoce, para um bom prognostico. Os pais devem procurar ajuda independente do poder público.
Não podem ficar esperando um governante ou administrador público. Se o filho tem atraso do desenvolvimento, atraso de linguagem, deve procurar ajuda. Pesquise na internet, na mídia, informação é que não falta.
Publicado em 18/01/2009
Retirado de http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=848075&ti=Brasil-nao-tem-estrutura-para-atender-pacientes às 15:40 09/02/2009
Qual é o retrato do autismo no Brasil?
Pela avaliação da Organização Mundial da Saúde temos no Brasil um milhão de pessoas com autismo. A cada 150 meninos que nascem um deles tem autismo. É mais comum em meninos, a cada quatro, uma menina desenvolve o problema. No caso dos Aspergers, são nove meninos para uma menina. Não há cura, não sabemos a causa. Há grande expectativa para que se confirme a hipótese de que é um componente genético importante. Infelizmente, quando o caso é muito grave, é comum que pais deixem os filhos com autismo dentro de casa, trancados em um cômodo e amarrados. Além de não saberem como lidar com aquela criança ou adulto, os pais têm vergonha de sair de casa com ela, não vão a shoppings, restaurantes. Isso é um problema cultural do Brasil. Falta civilidade, falta mudar nossa mente.
Como tem sido a evolução no tratamento?
Tivemos uma evolução enorme, especialmente nos últimos dez anos. Há 30 anos pensava-se que o autismo era uma doença ou síndrome causada pela baixa qualidade na relação entre a mãe e os filhos. Ou seja, acreditava-se que as causas do autismo eram psicológicas e que a mãe era a responsável pela doença do filho. Hoje sabemos que se trata de um transtorno biológico do desenvolvimento do sistema neurológico. Houve melhora na qualidade do diagnostico, a imprensa dissemina informação e então os pais se tornam mais conscientes e mais precocemente tomam providências.
Quem é o profissional adequado para fazer a primeira avaliação da criança?
Ainda há divergências a respeito do diagnóstico?
Quem faz o diagnóstico é o psiquiatra infantil. Já o tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Pode ser formada por neuropediatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e musicoterapeuta. No Brasil há divergência, fora não. Aqui os pais passam por uma via-crúcis, cinco, seis profissionais.
Existe estrutura para atender todos os que sofrem desse mal no Brasil?
É impossível atender a toda a demanda com a estrutura que temos. No Hospital das Clínicas temos o centro que é uma referência para autismo no Brasil, é o único e não damos conta de atender todo mundo que nos procura.
Precisaríamos de dezenas de outros centros de atendimento, ao menos um em
cada capital. Política pública não existe nenhuma. Nem no nível nacional, no estadual ou municipal. Nos Estados Unidos eles investem U$ 30 bilhões por ano em pesquisa, treinamento, residências especiais, tratamento, escolas. Aqui temos programa de inclusão nas escolas, mas não há preparo para isso. A intenção é boa, mas o treinamento é zero. Nós pagamos o equivalente aos suecos, mas não recebemos nada em troca. Além de políticas públicas, falta mobilização e autoridades sanitárias para identificar mais o problema além de investimento com valores substanciais para atender a todos.
Como vê o futuro da luta contra o autismo no Brasil?
Teremos pelo menos meio século sombrio. Ao menos nas próximas décadas.
Levam-se muitos anos para se formar pessoal, para qualificar pessoas. Especialmente nas dimensões continentais que nós temos. Mas o autismo não é prioridade da saúde no Brasil. Se você perguntar ao ministro da saúde o que é autismo e o que precisa ser feito, ele não saberia responder.
Nos Estados Unidos, estudos dizem que o número de divórcios entre pais de autistas chega a 80%, como vê essa questão no Brasil?
É verdade. Os pais fogem de casa quando descobrem e as mães ficam sozinhas. Eles têm medo porque não tem cura, é para sempre, pede grande investimento e muita dedicação. Uma clínica em São Paulo custa em média R$ 3 mil por mês. Mas em muitos casos nem adianta, por que o custo não garante qualidade. Então a mãe fica em uma situação crítica, tem que atender o filho que pede 24 horas de assistência e tem que trabalhar.
Na Suécia é tudo muito bem preparado, eles têm definidos programas pedagógicos assistenciais.
Então para se ter a chance de conseguir real assistência é preciso se mudar para a Suécia?
Sim, vão para a Suécia, lá todos são muito bem assistidos, o governo cuida, todo mundo sabe o que é autismo e aceita muito bem.
Como podem agir aqueles que não têm condições de deixar o país?
Esses têm de lutar, exercitar a cidadania, mobiliar a comunidade e o poder público. Correr atrás da evolução, por que se formos esperar pelo governo isso nunca vai acontecer. Mas estamos trabalhando, fazendo pesquisas, inclusive com células-tronco. O fato é que essas crianças deveriam ser acompanhadas em unidades básicas de saúde desde o nascimento e avaliadas pelos primeiros anos. Aí seria detectado precocemente se é necessário algum profissional.
Ainda temos muitos anos para preparar o pessoal da rede básica de saúde para que eles possam ter esse diagnóstico precoce, para um bom prognostico. Os pais devem procurar ajuda independente do poder público.
Não podem ficar esperando um governante ou administrador público. Se o filho tem atraso do desenvolvimento, atraso de linguagem, deve procurar ajuda. Pesquise na internet, na mídia, informação é que não falta.
Publicado em 18/01/2009
Retirado de http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=848075&ti=Brasil-nao-tem-estrutura-para-atender-pacientes às 15:40 09/02/2009
quarta-feira, 2 de junho de 2010
ESFORÇO AUTÍSTICO
silvania mendonça almeida margarida
Todo esforço vale como esperança
Pontos que brilham no céu da eternidade
Revestido de imortal beleza
Para mais tarde agasalhar estrelas
Que irão espancar as trevas da tristeza
Todo esforço é riqueza incalculável
Não perde nunca o fio da criação
E ser autista é estar sempre pronto
Para a transcendência da essência
É valor que não passa nem envelhece
Nas dobras da infinita perfeição
Todo esforço autista
É som que vibra
É tudo, é luz, é tema universal
É força que voa além do espaço
Nos estágios da vida em evolução
Para acordar em espírito de um novo dia
O esforço autista é prece sublime
Que ajuda pais a se elevar em obras eternas
Que falam bem alto no próprio coração
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