domingo, 8 de abril de 2012

APRENDENDO A ESTABELECER RELAÇÕES DO MUNDO DO AUTISMO



 silvania mendonça almeida margarida


ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA

Conforme o quadro abaixo:
Aferências
Percepção
Imaginação
Simbolização
Conceitualização
auditivas
visuais
táteis
sinestésicas
conhecimen-to seguro e exato das aferências sensoriais
relação da percepção e conhecimen-to perceptual prévio (parte da memória)
fala
escrita
leitura
linguagem interior
classificação
generalização
categorização

Fonte: STELLING, Stella. Dislexia. Rio de Janeiro: Revinter,
Autores: Johnson e Myklebust (1967)

Como a criança  autista aprende ?

HIPÓTESE

Conforme o quadro abaixo:
Aferências
Percepção
Imaginação
Simbolização
Conceitualização
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Fonte: Somente a pesquisa dará resposta a todas estas interrogações



Para se alcançar melhor compreensão sobre o autismo e as implicações contidas no quadro sindrômico, visando à educação da criança autista, é preciso ter conhecimento sobre o desenvolvimento normal da criança e suas funções várias, para que haja distinção do que seja realmente um comportamento autista. Discernindo suas características principais, seus limites, seu potencial capacitador, suas necessidades e prioridades que precisam ser estudadas e trabalhadas, com a finalidade de se proporcionar à pessoa com autismo, maior estabilização emocional possível e nível de desenvolvimento global mais próximo da normalidade.

Por intermédio do conceito de categorização (FIALHO e SANTOS, 1998) somos capazes de dividir o mundo em unidades menores, mais facilmente gerenciáveis e, deste modo, determinar a pertinência de um objeto a um grupo por meio do  reconhecimento da sua similaridade com os membros reconhecidos de uma categoria. Tais considerações, baseadas no conceito de frames para representação do conhecimento, explicam a dificuldade de incorporação de formas distintas daquelas já conceitualmente consagradas.

A forma representa um elemento tão fortemente arraigado à cultura geral das populações, que dificilmente alguém imaginaria sua casa de forma
distinta da habitual sobreposição e justaposição de cubos ou hexaedros. Entretanto, essas simplificações formais observadas na cultura arquitetônica predominante, originam imagens mentais que formalizam-se, criando barreiras à incorporação de formas diferenciadas das estruturas mentais existentes.
O trabalho que ora se propõe, tem por origem uma situação vivenciada a partir do desenvolvimento de projetos residenciais, que utilizam:

A linguagem é uma herança social, uma “realidade primeira”, que, uma vez assimilada, envolve os indivíduos e faz com que as estruturas mentais, emocionais e perceptivas sejam reguladas pelo seu simbolismo.

A compreensão da arbitrariedade da linguagem pode permitir aos alunos a problematização dos modos de “ver a si mesmos e ao mundo”, das categorias de pensamento, das classificações que são assimiladas como dados indiscutíveis

                  A linguagem permeia o conhecimento e as formas de conhecer, o pensamento e as formas de pensar, a comunicação e os modos de comunicar, a ação e os modos de agir. Produto e produção cultural, nascida por força das práticas sociais, a linguagem é humana e, tal como o homem, destaca-se pelo seu caráter criativo, contraditório, pluridimensional, múltiplo e singular, a um só tempo.

                     Nas práticas sociais, o homem cria a linguagem verbal, a fala. Na e com a linguagem, o homem reproduz e transforma espaços produtivos. A linguagem verbal é um sementeiro infinito de possibilidades de seleção e confrontos entre os agentes sociais coletivos. A linguagem verbal é um dos meios que o homem possui para representar, organizar e transmitir de forma específica o pensamento.

A família como base individual

A família é a base do indivíduo, é o primeiro meio social em que ele está inserido e onde se estabelece o início das relações de comunicação. Ao observar o desenvolvimento da fala na criança, podemos determinar dois períodos: período pré-lingüístico (até dez meses de idade), caracterizado por manifestações respiratórias, respiratórias iniciais, seguidas, ao redor do terceiro mês, por lalações, entre seis e dez meses aparece o balbucio, inicialmente ao acaso e estabelecendo uma conexão sensório-motora entre as áreas auditivas corticais e a motricidade do aparelho fonatório; e período lingüístico, no fim do primeiro ano de vida, inicia-se quando a criança começa a compreender a comunicação do adulto com ela, aos dois anos de idade já sabe combinar palavras e produzir frases elementares, pois consegue solicitar o dispositivo audiofonatório e a sua conexão e percepção de um objeto.

Ao lado da atividade de leitura orientada pelo gosto, pelo prazer de atribuir sentido a um texto, cada professor, na aula de sua respectiva área (ou dois ou mais professores em trabalho multidisciplinar), vai promover a leitura de textos que valem a pena ser aprofundados: agora todos vão viver o encantamento da descoberta dos muitos sentidos em um texto decisivo para o conhecimento produzido pela humanidade. Esta leitura de inserção do aluno no universo da cultura letrada desenvolve a habilidade de dialogar com os textos lidos, por intermédio da capacidade de ler em profundidade e interpretar textos significativos para a formação de sua cidadania, cultura e sensibilidade.



  O mesmo para a escrita: se nós, professores de todas as áreas, proporcionarmos a nossos alunos oportunidades para que escrevam muito para dizer coisas significativas para leitores a quem querem informar, convencer, persuadir, comover, eles acabarão descobrindo que escrever não é aquela trabalheira inútil de preencher 25 linhas, de copiar livro didático e pedaços de enciclopédia. Nossos alunos descobrirão que são capazes de escrever para dizer a sua palavra, para falar deles, de sua gente, para contar a sua história, para falar de suas necessidades, de seus anseios, de seus projetos e acabarão por descobrir que são gente, que têm o que dizer, que têm história, que têm necessidades, anseios, que têm direito a satisfazer suas necessidades, a fazer projetos, que podem aspirar a uma vida melhor, enfim.


A  AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM DO AUTISTA


       As idéias acima são os parâmetros considerados “normais” para todos os indivíduos. No entanto, o mesmo não acontece com a criança especial, com a criança autista que se vê desprovida da organização do pensamento e, consequentemente, da linguagem que exige raciocínio lógico, regras gramaticais e normativas  a serem seguidas, exteriorização de um pensamento,  transmitir informações a outrem mas sim, realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor     ( ouvinte/leitor), e outros aspectos que envolvem a comunicação ao longo da existência de cada um.

    O autismo é uma das excepcionalidades do indivíduo que se sabe muito pouco. Estudiosos vários tentam dar-lhe uma definição vaga e outros afirmam que o autismo é um jeito de ser. A lesão afeta um cérebro imaturo e interfere na maturação da linguagem, com conseqüências específicas em termos do tipo de disfunção neuromotora desenvolvida e dos distúrbios associados (problemas de fala, visão, audição, percepção). A lesão cerebral não é progressiva e não ocorre na totalidade dos neurônios, dessa forma teremos "neurônios supérfluos" intactos, prontos para serem ativados por meio de estimulação adequada (tratamento).  Por outro lado, quando o sujeito apresenta alguma defasagem e/ou alteração nos seus níveis de comunicação, normalmente isso afeta também a sua estrutura familiar.

          


        Para criança autista,  o desenvolvimento da linguagem não acontece e não ocorre:
- o amadurecimento do Sistema Nervoso (atividade adquirida progressivamente);

-  não existem etapas interdependentes e seqüencializadas na estrutura da consciência (se uma for prejudicada, poderá ocorrer retardo ou distúrbios nas seguintes);

-  não existem níveis (ou hierarquias de experiências) dos processos de aprendizagem: sensação, percepção, imaginação, simbolização e conceitualização.

      Neste contexto, a  escola  especial  entra  como uma das instrumentalizadoras do processo  da aquisição da linguagem.

            




       Se a escola existe como um  espaço é nesse espaço que a criança autista deve estar todo o tempo. Lá poderá  encontrar  a contribuição da aquisição da  sua linguagem.  Faz-se necessário entender e interpretar a criança especial pede tratamento também fora do reduto familiar, fora do consultório médico, fora dos exercícios fonoaudiológicos, entre outros.

            
               A escola faz parte da linguagem.   A educação especial em todas as áreas do trabalho pedagógico, inclusive os de aspectos da socialização, da convivência comum com professores especializados. A escola é o ambiente que deve cobrir de afeto essas crianças especiais, que são relegados dos benefícios amplos da família (pelo desconhecimento) da sociedade (pelo preconceito),  para que possam ter resultados mais satisfatórios, em diversos níveis dos seus níveis de defasagem. 


             Ou seja, linguagem e inserção social caminham juntas para que as áreas do conhecimento pedagógico possam entrever-se e se manifestar para o bem-estar de nossas crianças que não são meros objetos, mas sim pessoas livres de preconceitos da linguagem, pois elas mesmas não compreendem porque são estigmatizadas.




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