quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Amigo sempre é amigo



Conheci há muito tempo, por causa do autismo, somente por causa do autismo, grande amigo que se afastou de mim. Como é um amigo virtual, fico a pensar o deve ter acontecido. A ausência dele é tão grande que chega a doer o meu coração que não é virtual. Quando estava dando os primeiros passos do autismo, triste e abandonada (eu me sentia assim na época e foi ele responsável por ser feliz como sou) nos meus melindres: "não vou dar conta", "esta tarefa é muito para a minha cabeça" e todas a indagações de uma mãe aflita e sempre recebia e-mails de consolo e incentivo.
Foi ele que me fez soerguer, foi ele que me fez abraçar a causa do Orgulho Autista, foi ele que me ensinou o lado espiritual do autismo. Foi ele que compreendeu quando eu dizia que o meu filho não È autista, ESTÁ AUTISTA.
E ele foi embora, foi embora e está presente, mas longe da minha tarefa com o autismo. Já não mais me passa uma mensagem, já não mais me descobre, já não mais me clama. Continuo, de longe, timidamente a aprender com ele, mas sem um contato direto e meigo. Continuo admirando o seu trabalho, mas a chance de trocar ideias sobre o autismo nunca mais aconteceu. Por mais inteligente que uma pessoa seja, ela deve ter a consciência da humildade e da benevolência. Refiro-me à minha pessoa. A inteligência não é a minha força, mas o esforço mental sim, de aprender sempre mais com ele. A humildade de escutá-lo continua intacta e a benevolência dele faria grande bem a este coração novamente aflito.
Perdi? Sim, perdi o melhor dos melhores dos amigos entendidos no autismo. Foi citado na minha tese de doutorado e na minha monografia de Direito. Ele pode até me abandonar, mas eu, eu nunca o abandonarei. Sempre estarei à espreita, para aprender mais e mais com ele, sem julgar seus motivos, sem ponderar o seu afastamento. As suas ideias me bastam. E se um dia ele quiser voltar, saiba ele que será do mesmo modo. Eu, a aprendiz, ele o grande mestre. Eu, a filha e ele o meu pai, representando o PAI ETERNO. Eu a irmã menor e ele o Irmão de Todos.
Saiba ele que estou a postos, que leio seus pensamentos de longe, continuo a filtrá-los e ele me faz tão bem. Faz bem para o André, faz bem para o pessoal lá de casa.
E, eu, novamente, só tenho a pedir perdão por algo que não sei se fiz. Mas, minha vida é assim, eterno perdão conquistado e mitigado, no esforço de ser uma pessoa melhor, levando para onde vou, futuramente, as esperanças do meu grande e fiel amigo voltar. Saiba ele que sempre espero por ele. Sempre oro por ele. O seu sucesso é o meu sucesso. A sua trilha é a minha trilha. A sua linda família é a minha família. Amigos são responsáveis uns pelos outros. A minha responsabilidade continua intacta, mas já não me atrevo mais a lhe escrever. Beijos, amigo querido, esteja você em que canal estiver. Estarei sempre aqui. E torno a lhe oferecer o meu carinho e a minha amizade eterna, solidária e carente de VOCÊ.

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