silvânia mendonça almeida
margarida
Conheci Nilton há 15 anos. Eu e meu filho André Luís Rian. Nós compartilhávamos na Esauluz mensagens de
otimismo e carinho. Até hoje a Esauluz é uma comunidade que vislumbra o mais alto
astral da espiritualidade em favor do autismo, principalmente pela irmandade do
Cristiano e outros amigos. Numa primeira
instância, eu, a recém-mãe do autismo, medrosa e acanhada, pelo o que estava
por vir, leu a corajosa história de Germano (Eros Daniel) e a saga do
desconhecido, no livro Vida de Autista. Um presente da minha querida amiga
Arlete. O autismo é assim, ele tem este dom. O que o autismo tira dos nossos
filhos, ele também oferece em outra face.
A outra face do autismo transborda. Transborda em experiências quando
encontramos pessoas como Salvador. O nome do escritor até combina. Salvador me apresentou Hermínio
de Miranda e sua filosofia de vida espiritual. Comprei em Petrópolis o seu
livro sobre os autistas, nossos anjos espirituais. Na sua saga do desconhecido Nilton
me ensinou muitas coisas. Escritores e poetas registram impressões para abrigar
os nossos destinos e o autismo traz amizades verdadeiras, embora
geograficamente distantes, mas que se unem na mesma dor, e, por que não dizer,
vigor.
Para
Nilton Salvador, a chama incandescente das suas palavras, dos seus ensinamentos,
das suas expressões, chama pais e mães ligados ao autismo para uma trilha maior
do conhecimento, do estudo, da experiência. Afinal de contas, nossos filhos “cresceram”
e junto, lá, para nos apoiar irrestritamente, estava Nilton Salvador.
Por
isto, o seu último livro é seu marco de oferecimento, de singeleza, de uma gama de informações palpável da
realidade do nosso dia a dia. Quem lê “Vida
de Autista... E eles cresceram” sabe precisamente a que me refiro. O livro
está dividido em depoimentos, textos terapêuticos e, inclusive, a tão sonhada
lei do autismo, tendo como um dos precursores o próprio escritor. A linguagem desse singelo escritor tem
a função inata que permite ao
ser humano a simbolização do seu pensamento e a decodificação desse e do outro,
facilitando a percepção da realidade do autismo, da troca de experiências e
conhecimentos.
Vem com a escrita do recente livro depoimentos singelos de mães que já estão acuradas no processo de socialização do autismo. À medida que Nilton estimula o ambiente do autismo, ele adequa as narrativas e transforma as pequenas histórias em associações diferentes entre as áreas sensitivas, perceptivas e motoras do conhecimento do autismo. Além disso, o leitor sente que se unindo a outros fica mais forte e tem possibilidades maiores de sobrevivência e aprendizagem. Existem muitas pessoas que estão começando agora a lidar com o autismo e merecem ler este livro. Espero sinceramente que o façam.
Neste longo trajeto, Nilton Salvador começa a
criar ferramentas que prolongam e melhoram suas possibilidades de atuação no citado
livro e nos outros que, com certeza, virão. As funções bio-psico-social-culturais e espirituais (termo do próprio escritor) do autismo começam a se
desenvolver mais ainda e se notam que “ferramentas de amor” surgem com a
linguagem límpida, cristalina, meiga que passa durante o tempo de escrita.
E, como explica na Estética da Recepção da
Leitura: o leitor cresce com a sua própria leitura e traduz tudo o que ihe
indica ser necessário para entender que o autismo é uma linda experiência de
aprendizagem.
Nunca vi o escritor pessoalmente, nem
a sua amada família, principalmente D. Roseli, mas ele está nas nossas vidas,
nos nossos blogs e na nossa página do Facebook. Por tudo e muito mais, as almas dos nossos filhos
autistas se encontram e completam. Sabemos disto!