silvania mendonça almeida margarida
Mãe de autista é por deveras ressentida. Um dia triste, um dia alegre. Um dia acha que está cumprindo a missão, que está indo tudo bem, outros, acha que ninguém se importa com ela, que não cumpriu como devia os anos passados. Que tudo poderia ser mais atencioso e adequado. Que precisa aprender e apreender muito sobre o autismo. Mesmo que se tenham passados mais anos do que experiências. Mãe de autista é ferrenhamente família. Não é verniz e sua primeira empacagem quando ofendida é chorar, chorar e mais chorar. Quantas e quantas vezes escutei a história tal do pensamento negativo. Nossa, chega a ser chato.
Mãe de autista tem personalidade forte, pode até chorar, chorar e mais chorar, mas sua personalidade é de enfrentamento e de honra, de estar na hora e no momento certo onde se deve estar. É conversar com médicos, juízes, terapeutas, professores. E pode até ter o tal pensamento negativo, mas é um pensamento real. Tipo: "vou deixando para a próxima, pois não deu nesta"
Para mãe de autista existe a realidade. Existe o ganhei algo nas atitudes inusitadas do meu filho. Ganhei uma estereotipia a menos.
Ganhei a força de alguém que possa me dar a mão. Uma corrente virtual é o grande exemplo.
Tudo que eu faço, tudo o que vivencio, ainda não cobre a multidão de indagações que tenho a fazer. Nos primeiros anos eu me perguntava: por que eu?. DEPOIS aprendi a compreender esta parte e passei a responder "sou eu porque fui escolhida sei lá por quem" em algum momento e em algum lugar para ter esta tarefa.
Ter a tarefa é uma coisa, Cumprir é outra.
Mãe de autista tem sim, o seu inconsciente abalado. Tem sentimento de perda. Explico-me: o meu mundo secreto inconsciente realmente existe com uma realidade diferente. Pela minha experiência, digo, pela minha experiência, não pode ser diferente. As últimas descobertas se desvendam e na minha possibilidade de explicação sinto que o lado oculto da minha mente é triste. Mas é uma tristeza factual.
Para mim, as oportunidades foram tremendamente escassas. São escassas por serem verdadeiras. Por amar muito o autismo, por amar muito o "jeito de ser" dos autistas. Por gostar da cor azul, por amar, amar muito ensinar, mas sem oportunidades para tanto.
O mundo é assim! O mundo é do verniz! O mundo são das aparências! Do primeiro contato, do dito normal e do corpo perfeito. Das roupas perfeitas e da pseudo-polidez.
Não se apresenta como o autismo, límpido e sereno, não se apresenta como uma mãe de um autista precisa ser: ferrenhamente família, com composição reticulada de que todos os compromissos que envolvem o filho amado são mais importantes.
Por tudo isto e por muito mais, há 20 anos escolhi colocar em pauta na Internet a vida do meu filho André Luís Rian. Não importa que o mundo saiba. Ele veio para servir de exemplo. E serve viu!
Como serve!
Ele é o autista e é ele que cuida de mim!
Ele é o autista e é ele que se preocupa comigo!
Ele é o considerado com atraso, mas é ele que me deita no colo!
Com os olhos vívidos me vigia, me espreita, me aconchega e me faz sorrir.
Várias foram as vezes que dormi no seu âmago, no seu peito e vi seu rosto lindo! Rosto que gostaria que tivesse uma namorada, alma que gostaria que frequentasse uma faculdade, ternura que gostaria que não fosse tão-somente minha. Mas não pode ser assim.
E segue a vida me vigiando. Acalentando-me.
A mais pura verdade é que ele sabe ler a minha alma, o meu tal pensamento negativo, ele é ferrenhamente família, está sempre perto de nós. Pouco fala, pouco pede, pouco explica.
André, muito aceita, muito traduz, muito luz.
Muito lindo! se choro não tem ninguém para me acariciar, a não ser ele, sempre na espreita, da forma dele, querendo que eu seja feliz.
Blog do André Luís Rian, rapaz autista que quer conversar com você sobre os problemas soluções do autismo...
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
O autista, o sol e a saudade
silvania mendonça almeida margarida
Quantos brilhos irradiam o sol!
Ninguém sabe!
Só se sabe que ele
brilha como estrela que é
Vinte e quatro horas por dia
Se existe noite triste ou alegre
A culpa não é do astro rei
A culpa é do planeta e se rodopia em rotação
Para poder aprender a dicotomia da vida
A saudade é assim
Quantas tristezas se medem uma saudade
Ninguém sabe!
Só se sabe que ela tenta brilhar na escuridão ou na luz
À espera de alguém
Ou de algo que se perdeu
A culpa não é da
saudade
A culpa são das pessoas que partiram e deixaram para trás
A dicotomia da solidão
Quantas ilusões do autista feneceram
Ninguém sabe! Ninguém nunca ousa saber!
O autista é abandonado, vilipendiado!
Tratado como um ser sem evolução
Que incomoda e que traz nas mentes atrasadas
Desilusões e mais desilusões
A culpa não é do
autista
A culpa são das pessoas que nunca viveram a dádiva de
conviver com o autismo
A dicotomia do não entendimento se faz presente nos corações
inertes
E assim, o sol brilha na alma do autista e ele diz ao sol
Brilhe mais! Ilumine mais o meu coração feliz!
Sou feliz ao meu modo sem medo de errar
E assim, a saudade transmite na alma do autista e ele diz à
saudade
Vá embora, mas fique por perto quando eu precisar
Sentirei saudades de amigos que valorizaram na minha
caminhada perfeita
O autismo não tem culpas frente ao sol e à saudade
O autismo não tem medo de ser um colibri e um beija-flor
Que beija a saudade e sente intensa energia frente ao Sol!
Afinal! O autista entende a dicotomia da vida!
Coisa que os ditos normais (não gosto desta palavra)
Precisam aprender para ter paz...
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Então! E continuam os malacabados dizeres sobre o autismo
Então!
O ano novo entrou com boas notícias para os autistas! Uma carta magna para os
autistas como anuncia o escritor Nilton Salvador. E o escritor tem muito pelo o
que ser feliz. Foi uma conquista sim. Nós estamos felizes. Nosso direito
conquistado, após muitas lutas e sobrepesos nas nossas vidas. Soberania é algo
tão difícil de ser conquistado. Ela é una, indivisível, estatal. Há uma palavra
mestra que acompanha a soberania: a cidadania. A cidadania é algo também a ser
conquistado. Aí é que está o nó da questão. Soberania e cidadania para os
autistas parecem realidades proibidas, “malacabadas” como diz o blogueiro, na “falta
da paz” como diz a escritora, “psicótica” como diz a psicóloga.
Por que não podemos ser soberanos em algo? O que
há de errado com o modus vivendi do
autista quando se resolveu implicar com a sua simplicidade e a única lei que os protege,
calcada pelos interesses fundamentais e constitucionais, baseados nos Direitos
Humanos. Pais que lutam, lutam, se organizam e, às vezes, transcendem suas
próprias luzes para não “incomodar a dita sociedade implicante”, que quer
vender jornalecos, pasquins, programas de quinta categoria e que são produzidos
por aqueles que detêm o dinheiro. Na verdade, não estão nem aí para os aspectos
culturais do autismo. Ele serve e como serve de exemplo. Exemplo máximo. Mas disto eles não querem saber. Querem o
sensacionalismo, querem, na verdade, ver o mundo autista pegar fogo. Só se
esquecem de uma coisa antiga, dos tempos das cavernas. Somente a conquista leva
a outra conquista. Somente a luta árdua leva a outra luta árdua. E, a água que é azul apaga qualquer fogo. Somente
para se entender. Metáfora ou não, a lei foi conquistada e está aí para ser cumprida.
Para os “implicantes”
que querem vender algo ou alguma ideia incauta, quer queiram, ou não, autistas,
são conjunto dos cidadãos ativos, por seus pais, legítimos representantes ou
por eles próprios, sob a égide da cidadania democrática, do princípio da
supremacia constitucional e na vigência plena das garantias, das liberdades e
dos direitos individuais e sociais. A Lei n. 12764/12 veio para garantir isto. Para que o autista possa ser estabelecido o bem comum, o ethos público,
em toda região do Brasil, e de acordo com os preceitos da justiça social (a
igualdade real), da soberania popular e consoante com a integralidade do
conjunto orgânico dos direitos humanos, no tocante ao reconhecimento, defesa e
promoção destes mesmos valores humanos. É dever do Estado tornar-se inafastável sua
obrigação de prover aos cidadãos todos os meios e formas de garantir esse
direito tão importante e extremamente ligado ao direito maior, além da vida, a
sua liberdade e suas garantias fundamentais. Sendo indiscutível o dever do
Estado em garantir tais direitos, torna-se líquido e certo o escopo de pleitear
a democracia. Imprescindíveis à dignidade humana e ao direito à liberdade serão
a intensidade de manifestação da opinião popular, assim como, as diversas
formas sociais de livre-arbítrio.
Então? Quantos outros “psicóticos”, “malacabados”, “guerreados” dizeres
teremos ainda que ouvir? Quantas asneiras teremos ainda que ler? Aceita-se uma
falsa ideia de tolerância, como a maior de todas as virtudes. Mas não são os autistas
que são intolerantes. Nem é preciso
continuar tão acirrado texto. Cansei.
Então?
O autista não precisa comprar a paz, não precisa assistir programas de quinta
categoria, não precisa vender jornalecos,
não precisa vender pasquins, não precisa vender a alma. A sua é feita de
luz e asas azuis.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Blogueiro da Folha de S. Paulo chama autistas e deficientes de "pessoas malacabadas"
Blogueiro da Folha de S. Paulo chama autistas e deficientes de "pessoas malacabadas"
Blogueiro da Folha de São Paulo chama autistas e outros deficientes de "pessoas malacabadas". O tom é de brincadeira, mas não tem a menor graça! Tem esterótipos e termos que deveriam ser engraçados, mas que só depreciam os deficientes.
Reproduzo, aqui, inclusive com alguns dos comentários. O Link da matéria está acima!
A conquista dos autistas
POR Jairo Marques
“Zente”, apesar de alguns meios de comunicação já terem falado sobre o assunto, ainda falta um bocado de informação no que diz respeito de mais uma lei criada neste país. Desta vez, as regras dizem respeito a esse universo paralelo em que vivem as pessoas “malacabadas”.
“Beleza tiozão, mas deixa de lengua-lengua e desembucha. O que mudou?”
Seguinte, meu povo querido: desde o começo de dezembro de 2012, os “zimininos” autistas passam a ter os mesmíssimos direitos que qualquer pessoa com deficiência.
Isso quer dizer que o galerê com autismo vai entrar na cota do mercado de trabalho, vai poder comprar carro com desconto de imposto, vai ter assegurado mecanismos de inclusão e que facilitem sua interação em sociedade.
Eu jamais poderia ser contrário a essa iniciativa, ‘oficourse’, que vem na esteira da grande mobilização que fez a comunidade ligada à causa. Extraordinária a vitória deles.
O que me cabe diante dessa conquista é dar boas-vindas ao povão “tchubirube” que vai ajudar empurrar essa Kombi ‘véia’ rumo a um mundo com mais atenção às suas diversidades.
Mas cabem alguns questionamentos tanto para os atores políticos, empresariais e líderes sociais:
- Primeiramente, é preciso uma ação em massa para que todos saibam ter definições mais claras do que é o espectro autista. No Brasil, até médicos ainda têm dificuldades para definir um diagnóstico precoce da deficiência.
- Autismo vai fazer parte do grupo de deficiência sensorial, física ou intelectual ou nenhuma dessas? Quais serão as demandas específicas desse público? Se cadeirante quer rampa, cego quer braile, surdo quer legendas ou sinais, qual a demanda que todos nós, leigos, devemos batalhar por esse grupo?
- Com mais pessoas pleiteando os mesmos direitos, ampliam-se as demandas. Qual a resposta do poder público para isso? Ou vamos ter apenas um número maior de pessoas reclamando, reclamando, reclamando que as coisas não funcionam como deveriam?
- Alguns autistas possuem limitações em ter interações sociais. Como fica o papel da sociedade nisso? Já passou da hora de bater o bumbo a respeito dessa questão. Se até hoje puxam o braço dos cegões ao atravessar a rua, em vez de cedê-lo, imagina o que não rola com alguém que pode ter dificuldades diversas de se relacionar.
- E as escolas? Os professores começaram há poucos anos entender, repito, entender as peculiaridades de um PC, de um surdo… Que estrutura eles terão para dar o atendimento correto a um autista?
É ótimo para os políticos propagandearam que aprovaram uma lei (mais uma), mas é péssimo não ter um caminho definido de ação e de resposta concreta diante daquilo que puseram peso legal.
Os autistas são, evidentemente, muito bem-vindos ao time dos que não tem perna, dos que tem o escutador de novela avariado, dos que puxam cachorro, dos que são meio “lelés”, dos que babam um pouquinho pelo canto da boca.
O que queremos agora, com essa força extra (que havia um tempo já se achegava!!) é engrossar o coro de que é preciso ação efetiva para que as coisas aconteçam, para que o respeito às diferenças se exerça e que todos possam, de forma efetiva, viver bem em seus espaços do jeito que são… ou que podem ser.
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Os pingos nos “is” dos autistas: respostas de várias vozes...
Paráfrase de autoria Silvania Mendonça Almeida Margarida –
Belo Horizonte- MG
Toda mãe de
autista não pode correr o risco de ser mal interpretada, pois várias vezes ela
tem a felicidade, muito embora, seu filho tenha “a falta de sorte” (sorte é uma
coisa que não existe, mas paráfrase é paráfrase) de sofrer o preconceito. Tal mãe
nunca deixará de ser a mãe producente e preconizada do seu filho amado.
Principalmente, quando ele é meigo, manso e humilde de coração. Isto se refere
também aos pais de autistas, não diferentemente, os lutadores da causa.
Na minha
última coluna, aliás, quero dizer aqui, escrita, sobre a chacina de criancinhas nos
Estados Unidos antes do Natal, nem por um momento fui obscura e nem cometi erro
crasso de quem escreve a cada tanto dias para um número tão imenso de leitores.
Várias cartas manifestaram perplexidade, espanto, mágoa, diante do que julgaram ser preconceito de
outrem contra quem é “diferente” (não
vou entrar aqui no mérito das palavras, que nunca serão objeto de preconceito e
confusão, pois o leitor mãe/pai de um autista sabe do que falo e escrevo).
Nada mais
perto da minha postura, desejo e intenção, defender filhos e filhas autistas que estão
nas ilhas sossegadas dos seus lares e
que nunca chacinaram ninguém. Apenas foi comentado, diga-se de passagem,
erroneamente, um caso isolado em outra cultura, em outro país, com outro modus vivendi, que não comprova e nem
enfatiza o autismo. De forma nenhuma, tal caso pode ser levado em conta.
Ao contrário
da Profa Luft não tenho vários romances. Nunca
escrevi romances. Meus textos são educacionais e jurídicos. Meus personagens,
penso que, pungentes, têm outras
vivências.
André Luís Rian tem autismo clássico e abordo sem pestanejar esse doloroso tema: sua
lesão (não sei se cerebral grave, mas seus olhos inocentes não me dizem isto) o
leva para uma espécie de exílio onde não tem chacinas. Pode se dizer que o
autista é um anãozinho cruelmente maltratado pelo pai midiático, grandes
emissoras de televisão, programas mal intencionados, magazines que se
desculpam, depois do mal feito, que mais parece um “Silêncio dos Amantes”
midiáticos e mal amados. O meu romance real e factual. Nesse caso, o autismo talvez tenha uma “menina da perna curta”, mas não agredida pela
psicopatia para que o mundo descanse em paz.
Finalmente, no
romance mais recente “O Tigre de Olhos Azuis” (respeito total à escritora), mas
no meu caso, mãe de autista, estou
pretendendo mudar o título, pois o
autismo já é azul, seus monumentos são azuis, a sua comemoração é azul e como a
Mestra Lya Luft “considero um elogio do diferente”. Um elogio ao “anjo azul”.
O autista atormentado pelo preconceito (claro
que nunca materno), é “um senhor dos mistérios”, que construiu com tenacidade um
sonho de uma vida feliz e liberada e que
tolas palavras sem nexo ou plexo o desfez. Teve privilégios de criar no fundo
do quintal um “tigrezinho de olhos azuis” que “o seguirá pela vida afora, com
mais ou menos intensidade, conforme ele precise da metáfora”, mas ele terá que ser
chamado de anjo azul, sem preconceito, é claro. Termino a minha coadjuvante escrita
com a frase da escritora famosa “Nenhum tigre tem olhos azuis”. "O que ela
quis dizer? ’", me perguntam. Nem eu sei, mas possivelmente a frase
significa que, realmente, “somos todos
iguais, todos temos nossa ferida, nossa dor, nossa perninha curta física,
mental ou emocional”.
“Sendo mais
pessoal do que já costumo ser, faço aqui um comentário que talvez o assunto
permita”. Nasci com um defeito físico nas mãos, “não muito aparente que me
tornou uma menina avessa a qualquer exercício ou esporte, sempre tachada de
preguiçosa e desajeitada, pois tinha pouco equilíbrio” nas mãos. Coisas caíam
com facilidade. Só quando jovem adulta descobriu-se que eu tinha nascido com um
problema genético que entortaria meus dedos da mão direita. Mas nem por isto
deixo de usar a tecnologia e as facilidades da comunicação.
Como mãe de
um autista, em estado severo, mas um rapaz/criança doce e meigo alegrou-me
saber que sábia escritora ficou entristecida “em ofender quem sofre ou lida com
quem tem limitação de qualquer natureza. Uma das coisas que eu quero dizer, com
a certeza de querer ser clara, nasceu de minha longa observação de casos de
pessoas próximas: nem sempre a inclusão pode ser total e nem sempre ela será
favorável se for total”.
Às vezes, crianças
com alguma deficiência podem florescer recebendo atendimento especial, e não
precisam ficar angustiadas em turmas de crianças ou jovens ditos “normais”. De
alguma maneira eles conseguirão acompanhar, entender com os olhos, com a
audição, com a percepção, seus sonhos e possibilidades. Esses sonhos não são
muito diferentes dos outros e com um esforço adequado podem ser partilhados.
Muitas
famílias procuram sim, ajuda adequada para seus filhos. Quando são mães mais
pobres e sem recursos, essas procuram fazer tricô, crochê e outros artesanatos,
à espera da educação especial de seus
filhos. Ou seja, ficam dentro das
escolas que seus filhos frequentam. Não podem voltar para casa, porque o
dinheiro é ínfimo. E este é apenas um
exemplo.
E como diz a
Profa. Lya Luft, apesar de todas as campanhas esclarecedoras, ainda é objeto de
preconceito absurdo dentro de suas limitações.
Quanto ao assassino americano que trucidou 26
criancinhas e adultos, esse eu deixo a cultura americana julgar. Diz a famosa
escritora: “Em momento algum levei a
sério comentários iniciais em noticiosos americanos aludindo ao fato de que o
rapaz talvez fosse autista, o que nunca foi confirmado, e que isso levaria à
violência. Imediatamente, autoridades em psiquiatria americanas rejeitaram essa
teoria nascida de ignorância”. Estou
querendo acreditar os pingos nos “is”. Tal pensamento tão bem postulado pela Profa.
Luft parece que coloca realmente os pingos nos “is”. Foi esta a impressão que
eu tive. Cabe a ela confirmar ou não o aludido dando as respostas a várias
vozes que não se calaram. Poderiam?
O importante
também é saber que nenhum autista é igual, mas todos merecem ser parafraseados,
mas como personagens do amor. Exemplo do autor Maurício de Souza que criou o
autista André para uma campanha da televisão. Sempre que as personagens do André Luis (meu
filho) sejam revistas, vou incentivá-lo a escrever romances no livro da sua
vida. Tais como: “neném ta toando” (neném está chorando), mas não há nenhum neném
chorando. Ou quando a “bauô ta tegando” (barulho está chegando) e na verdade é
o SAMU passando para salvar vidas. Se o SAMU (tão precário) salva vidas, a MÍDIA (tão assumida, tão
elitizada) deveria escrever sobre ela, a vida. (vida, adoro esta palavra) e não sobre mortes envolvendo nossos
filhos autistas nesta insana e imensa trucidação. A logicidade deste texto está
na alegria de poder responder por todos
os autistas, principalmente, aqueles que não sabem falar. Gostaria de saber
quando a Revista Veja e a grande emissora de televisão nos darão o direito de
resposta.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Dois milhões de brasileiros afetados pelo autismo ganham proteção da lei
15/01/2013 - 05h00
IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Uma lei instituindo a política nacional para proteção aos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista acabou de ser promulgada.
Mas a data, 27/12, espremida no meio do feriadão entre Natal e Ano-Novo, passou despercebida, assim como o problema, que atinge estimados 2 milhões de brasileiros -uma população três vezes maior do que a portadora de síndrome de Down.
A nova lei 12.764/12 assegura aos autistas os benefícios legais de todos os portadores de deficiência, que incluem desde a reserva de vagas em empresas com mais de cem funcionários, até o atendimento preferencial em bancos e repartições públicas.
"Os autistas no Brasil são invisíveis. A população não sabe o que é, a maioria dos profissionais não sabe do que se trata", diz o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do programa de transtornos do espectro autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
É quase um quebra-cabeça compreender e reconhecer o autismo, que pode se apresentar tanto numa pessoa com alguma habilidade extraordinária e boa cognição quanto em alguém com séria deficiência intelectual e que não consegue se comunicar verbalmente.
Por isso, hoje, é chamado de espectro autista, um guarda-chuva que abriga os diversos graus de severidade do distúrbio.
Os diferentes tipos têm três características em comum: comprometimento na área de comunicação e linguagem; transtornos de socialização; interesses restritos e comportamentos repetitivos.
Editoria de Arte/Folhapress |
São alterações que podem ser chamadas de comportamentais, mas a teoria mais aceita atualmente é a de que as causas são genéticas.
"Existem mais de mil genes possivelmente comprometidos que podem levar ao autismo. Uns poucos são herdados, mas, na maior parte, são mutações espontâneas e imprevisíveis, ocorrem por acidente ", afirma Vadasz.
Os neurônios dos autistas são mais curtos e com menos ramificações, o que dificulta a condução, a transmissão e o processamento de informações. As alterações vão se manifestar até por volta de um ano e meio de vida.
INVISIBILIDADE
Isso aumenta a invisibilidade dessas pessoas. "Não dá para reconhecer pela aparência, é igual a de um bebê típico. E há casos em que o desenvolvimento no primeiro ano é normal e, depois, a criança deixa de falar e interagir. Imagine a angústia dos pais", diz Joana Portolese, neuropsicóloga e coordenadora da ONG Autismo e Realidade, de São Paulo.
Os casos em que o bebê começa a se desenvolver normalmente e depois volta para trás, chamados de autismo regressivo, correspondem a 10% dos autistas. Os outros 90% manifestam sintomas a partir do oitavo ou nono mês de vida, mas, na maioria das vezes, os sinais não são compreendidos pelos pais.
Embora não exista cura para o autismo, essas pessoas terão um prognóstico melhor se receberem tratamento -preferencialmente, o mais cedo possível.
As terapias incluem técnicas para desenvolver a comunicação por meio de cartões com figuras, criação de rotinas rígidas e sensibilização e orientação das pessoas que convivem com o autista.
"É lugar-comum dizer que o autista não faz contato, mas não é bem assim. Eles entendem o que se passa ao redor. A questão é como as informações são colocadas por nós para eles", diz Portolese.
Filmes sobre autismo
Ver em tamanho maior »
Em "Rain Man" (Barry Levinson, 1988), Dustin Hoffman vive um autista que conhece o irmão (Tom Cruise) após a morte do pai. Juntos, fazem uma viagem que os aproxima
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Quando o preconceito rege o pensamento
A parte todos os justificados protestos com relação ao artigo intitulado "O ano das criancinhas mortas", publicado na Veja de 31/12/2012, a autora Lya Luft parece nos fazer um favor. Ela destaca bem em seu texto, sem muitas firulas, o argumento nazista e excludente de que pessoas com deficiência não deveriam frequentar a escola regular para não incomodar as pessoas "normais". É raro alguém assumir essa postura sem eufemismos, o que Lya parece ter feito questão de evitar.
Na opinião da colunista, fica claro que crianças com autismo, por exemplo, não são desejadas na escola e que, mesmo sendo politicamente incorreto, elas não deveriam estar lá, pois "pertubam" a turma. Infelizmente, esse pensamento é reflexo do senso comum com que nos deparamos no dia-a-dia, muitas vezes com eufemismos e disfarçadas boas intenções, outras com deliberada cara-de-pau.
Não vou comentar a falta de coerência no texto de Lya, mas é bom notar que a lógica usada, não se restringe ao ambiente escolar. Ora, se a pessoa deve ser isolada na escola, ela deve também estar afastada dos outros espaços sociais, já que os motivos apresentados são mais que meramente pedagógicos: são pessoas que incomodam os ditos normais; são perigosas aos demais; e se aflingem pois são forçadas a ir além dos próprios limites.
Então, nessa linha de raciocínio, não se deveria mais impor a inclusão, igualdade de direitos e não discriminação como regra. Ninguém é obrigado a gostar de pessoas com deficiência, ninguém é obrigado a gostar de gays e ninguém é obrigado a gostar espinafre. Então ninguém deve ser obrigado a conviver com o que não gosta, não é?
A solução, talvez, seria fazer grandes campos de concentração, deixando todos os ditos normais (sem deficiência) livres da convivência com as pessoas com autismo ou com outras deficiências (anormais). Livres do fardo e do perigo! As pessoas com deficiência também estariam bem mais protegidas e aceitas lá, sem nenhum tipo de aflição, pois nada desafiaria seus limites, não é dona Lya? - Ela não gosta dos termos "normais" e "anormais", mas como escritora não se esforçou para usar outros. Propositadamente incompetente?
Bem, essa é lógica que pune a vítima. É a idéia posta que estamos aqui para enfrentar. A concepção de que os autistas e pessoas com outras deficiências não merecem viver em sociedade.
Infelizmente Lya, Betty e Faustão só fizeram manifestar a expressão de um modelo social construído e impregnado no senso comum. O reflexo do que a sociedade, de uma forma geral, pensa sobre sobre o que é deficiência e o que é ser pessoa com deficiência. A idéia geral de que pessoa com deficiência, incluindo pessoas com autismo, são menos gente, tem menos direitos e que a segregação é medida de proteção, melhor para todos (ditos e não ditos normais).
Infelizmente muitos pais e autistas partilham desse sentimento comum e demoram para se reafirmar como sujeitos de direitos humanos. De todos os direitos humanos. Direitos esses, reafirmados constitucionamente na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Ainda bem que cada vez mais se fortalece a noção de que são as barreiras sociais - inclusive as barreiras atitudinais como o preconceito, a discriminação, a falta de apoio - os elementos que impedem a maior participação na sociedade das pessoas com deficiência, incluindo as pessoas com autismo e as pessoas com deficiência psicossocial.
Nesse sentido, as manifestações da mídia têm uma característica muito peculiar, pois elas influenciam e ao mesmo tempo são o reflexo das atitudes da sociedade. São formadores de opinião pública e também uma espécie de termômetro do senso comum.
Essas última matéria da Veja, assim como a desastrosa participação de Betty Monteiro no Faustão, deve servir alerta para nós familiares e autistas, para sabermos bem de que lado devemos estar e que posição devemos tomar. Nossa missão deve ser conquistar espaços para participação e para contínua mudança das atitudes sociais, refletidas nesse tipo manifestação nazi-fascistas que justifica o preconceito e a apartação.
Lya Luft e Betty Monteiro, por exemplo, dão argumentos para quem queria o artigo 7º do PLS168/2011 como estava, permitindo a impune exclusão de pessoas com autismo da escola regular, como medida de proteção. Ainda bem que nossa presidenta foi sábia e vetou, a despeito do PLS ter passado por unanimidade no Congresso. O que foi demonstração de compromisso com os direitos humanos das pessoas com deficiência, que foram celebrados na nossa Convenção.
Então, que esse tipo de manifestação preconceituosa nos sirva de lição. E que fortaleça nossa união na luta contra a apartação social das pessoas com autismo e com outras deficiências.
Alexandre Mapurunga
Presidente da Abraça
Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo
Na opinião da colunista, fica claro que crianças com autismo, por exemplo, não são desejadas na escola e que, mesmo sendo politicamente incorreto, elas não deveriam estar lá, pois "pertubam" a turma. Infelizmente, esse pensamento é reflexo do senso comum com que nos deparamos no dia-a-dia, muitas vezes com eufemismos e disfarçadas boas intenções, outras com deliberada cara-de-pau.
Não vou comentar a falta de coerência no texto de Lya, mas é bom notar que a lógica usada, não se restringe ao ambiente escolar. Ora, se a pessoa deve ser isolada na escola, ela deve também estar afastada dos outros espaços sociais, já que os motivos apresentados são mais que meramente pedagógicos: são pessoas que incomodam os ditos normais; são perigosas aos demais; e se aflingem pois são forçadas a ir além dos próprios limites.
Então, nessa linha de raciocínio, não se deveria mais impor a inclusão, igualdade de direitos e não discriminação como regra. Ninguém é obrigado a gostar de pessoas com deficiência, ninguém é obrigado a gostar de gays e ninguém é obrigado a gostar espinafre. Então ninguém deve ser obrigado a conviver com o que não gosta, não é?
A solução, talvez, seria fazer grandes campos de concentração, deixando todos os ditos normais (sem deficiência) livres da convivência com as pessoas com autismo ou com outras deficiências (anormais). Livres do fardo e do perigo! As pessoas com deficiência também estariam bem mais protegidas e aceitas lá, sem nenhum tipo de aflição, pois nada desafiaria seus limites, não é dona Lya? - Ela não gosta dos termos "normais" e "anormais", mas como escritora não se esforçou para usar outros. Propositadamente incompetente?
Bem, essa é lógica que pune a vítima. É a idéia posta que estamos aqui para enfrentar. A concepção de que os autistas e pessoas com outras deficiências não merecem viver em sociedade.
Infelizmente Lya, Betty e Faustão só fizeram manifestar a expressão de um modelo social construído e impregnado no senso comum. O reflexo do que a sociedade, de uma forma geral, pensa sobre sobre o que é deficiência e o que é ser pessoa com deficiência. A idéia geral de que pessoa com deficiência, incluindo pessoas com autismo, são menos gente, tem menos direitos e que a segregação é medida de proteção, melhor para todos (ditos e não ditos normais).
Infelizmente muitos pais e autistas partilham desse sentimento comum e demoram para se reafirmar como sujeitos de direitos humanos. De todos os direitos humanos. Direitos esses, reafirmados constitucionamente na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Ainda bem que cada vez mais se fortalece a noção de que são as barreiras sociais - inclusive as barreiras atitudinais como o preconceito, a discriminação, a falta de apoio - os elementos que impedem a maior participação na sociedade das pessoas com deficiência, incluindo as pessoas com autismo e as pessoas com deficiência psicossocial.
Nesse sentido, as manifestações da mídia têm uma característica muito peculiar, pois elas influenciam e ao mesmo tempo são o reflexo das atitudes da sociedade. São formadores de opinião pública e também uma espécie de termômetro do senso comum.
Essas última matéria da Veja, assim como a desastrosa participação de Betty Monteiro no Faustão, deve servir alerta para nós familiares e autistas, para sabermos bem de que lado devemos estar e que posição devemos tomar. Nossa missão deve ser conquistar espaços para participação e para contínua mudança das atitudes sociais, refletidas nesse tipo manifestação nazi-fascistas que justifica o preconceito e a apartação.
Lya Luft e Betty Monteiro, por exemplo, dão argumentos para quem queria o artigo 7º do PLS168/2011 como estava, permitindo a impune exclusão de pessoas com autismo da escola regular, como medida de proteção. Ainda bem que nossa presidenta foi sábia e vetou, a despeito do PLS ter passado por unanimidade no Congresso. O que foi demonstração de compromisso com os direitos humanos das pessoas com deficiência, que foram celebrados na nossa Convenção.
Então, que esse tipo de manifestação preconceituosa nos sirva de lição. E que fortaleça nossa união na luta contra a apartação social das pessoas com autismo e com outras deficiências.
Alexandre Mapurunga
Presidente da Abraça
Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
http://www.causes.com/causes/809871-fausto-e-beth-monteiro-continuam-agredindo-o-autismo-com-o-silencio-midiatico
http://www.causes.com/causes/809871-fausto-e-beth-monteiro-continuam-agredindo-o-autismo-com-o-silencio-midiatico
Família de autista enfrenta dificuldades para matricular criança em escolas de Manaus Mesmo com a existência da lei federal nº12.764, família do menino Luís Miguel Vale, após várias tentativas consegui matriculá-lo em uma escola particular da Zona Sul da cidade
Manaus , 06 de Janeiro de 2013
A escolha de pais de crianças autistas por escolas de educação especial não é reflexo de conformação, mas sim da busca pela única opção, na maioria dos casos, para seus filhos, pois são as únicas que atendem às demandas desses alunos “especiais”. Porém, a auxiliar de escritório Ana Sérgia do Vale, 25, preferiu não ir por esse caminho e correu atrás do direito do filho Luís Miguel, 7, que tem autismo, de estudar numa escola de ensino regular.
Foram várias tentativas frustradas para tentar matriculá-lo. “Eu sofri muito preconceito quando procurava as unidades de ensino. Na época, ainda não tínhamos a confirmação de que o Luís era autista, então eu dizia que suspeitava até que fosse confirmado pelos médicos. Ainda assim, as escolas não aceitavam matricular o Luís”, contou Ana Sérgia.
Para a família, Luís era apenas uma criança reservada e por isso não interagia muito com as pessoas. É o que relata a avó do menino, a dona de casa Sônia Maria Cardoso, 55. “Ele era muito quieto e por isso tínhamos certo receio de colocá-lo na escola, porque crianças geralmente são bem agitadas. Foi aí que percebemos a necessidade de levá-lo a um psicólogo, que o encaminhou para o neurologista e confirmou o autismo”, disse.
Mesmo com as rejeições, Ana Sérgia não desistiu de tentar matricular o filho numa escola de ensino regular até conseguir na escola particular Ciec Sul, localizada na rua Urucará, bairro Cachoeirinha, Zona Sul.
“Há dois anos que ele estuda numa classe com crianças que não são autistas. A escola se mostrou disposta a se adaptar com o Luís. Hoje ele conversa mais com as pessoas, já sabe ler e escrever. E está se desenvolvendo bem”, contou a mãe do menino, entusiasmada.
Exemplo
Para o diretor-presidente do Instituto Autismo no Amazonas, Joaquim Melo, a história de Ana Sérgia é de heroísmo. “Muitos pais quando vão matricular seus filhos autistas em escolas de ensino regular recebem um ‘não’ como resposta. Mas é aquele ‘não’ que vem subentendido ao falarem que a escola está despreparada ou que não tem mais vagas para esses alunos”, disse.
Para o diretor-presidente do Instituto Autismo no Amazonas, Joaquim Melo, a história de Ana Sérgia é de heroísmo. “Muitos pais quando vão matricular seus filhos autistas em escolas de ensino regular recebem um ‘não’ como resposta. Mas é aquele ‘não’ que vem subentendido ao falarem que a escola está despreparada ou que não tem mais vagas para esses alunos”, disse.
Melo ressaltou ainda a importância de os pais de crianças com autismo conhecerem o direito dos seus filhos, referindo-se à lei federal 12.764 sancionada em 28 de dezembro de 2012 pela presidenta Dilma Rousseff, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo.
domingo, 6 de janeiro de 2013
autismo-em-elos
O BLOG MUDOU O NOME PARA SER MAIS ENCONTRADO NA INTERNET. PARA LER ANTIGAS REPORTAGENS, TEXTOS E POESIAS SOMENTE ESCREVER O ENDEREÇO www.elosautisticos.blogspot.com e encontrará a reportagem ou poesia desejada. Marque na sua agenda virtual e continue prestigiando nosso blog.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Um elogio a Rede Bandeirantes de Televisão.
Este agradecimento e elogios serão paulatinamente escritos e dedicados a Rede Bandeirantes de Televisão que mostrou com muito profissionalismo (coisa que se deve ter na mídia televisiva e em todos os outros órgãos midiáticos) de como a verdade deve ser dita. O autismo na primeira reportagem foi mostrado de forma inclusiva, perspicaz e serena. Cristalina, por assim dizer. A partir de outras reportagens da Band construiremos nosso texto de louvor.
Parabéns ao Jornalismo da Rede Bandeirantes de Televisão.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
De domingo a domingo: veja o ano das criancinhas atacadas pela ignorância midiática
Silvânia
Mendonça Almeida Margarida
Paráfrase
da Mestra em Letras: Lya Luft
O contrário do habitual, sempre escrevo sobre projetos de vida, sonhos, depressões e culpas, que para muitas pessoas caracterizam as festas de fim de ano. Escrevo como um ser humano, que não sei para onde vou e nem de onde vim, mas sei que estar aqui é ter um projeto de vida para manter a minha longevidade, a minha cabeça erguida e viver.
Sentir-me depressiva e culpada faz parte do mundo e consigo sobreviver sempre mais perto de uma crença. Assim, depressões e culpas vão e não me alcançam. E acreditar é sonhar com os acontecimentos do ano novo que virá. Por que não em festas?Considero-me qualificada para falar do tema que elegi, e não somente observadora das nossas glórias e das misérias humanas: mas às vezes não dá para calar.
Refiro-me ao que, tendo ocorrido há duas semanas, ainda me faz arrepiar a raiz dos cabelos, quando a mídia brasileira, por intermédio de grande emissora de televisão, transformou a vida de nossas crianças numa claraboia de inferno, rotulando nossos filhos autistas em psicopatas. Como se não bastasse todo o ataque em rede nacional, um famigerado magazine publica em editorial que o demente solto a fuzilar gente inocente tem tudo a ver com nossos filhos que estão dentro das nossas casas.
Isto realmente é insano e provocador. São também inocentes e são confundidos como eternos debiloides. Este é o termo exato da palavra, escrito e auditado em rede nacional. Pois bem, o ano que se passou foi aquele das criancinhas atacadas.Ao continuar, tão grave paráfrase, num sentido emocional da palavra, não são tão-somente vinte criancinhas mortas (infelizmente), mas também milhares de anjos que se encontram dentro de casa, preconceituados, atacados por pessoas das academias das letras. Bem, vários casos já ocorreram no Brasil, principalmente, Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais brasileiras onde o preconceito é formalmente cabal. Até nas regiões mais civilizadas como a Noruega e civilizadíssima Escócia, os filhos do preconceito e do sofrimento são vitimados.
Tais discrepâncias educacionais são criadas por gente que não entende nada, nadinha de nada mesmo, a não ser os holofotes das artes, almejando estar sempre na mídia, sempre que toda literatura for a arte da palavra. E sempre a literatura será a arte da palavra e das letras, com seus estilos de época e seus autores representados.
Mas tem algo que o mundo das letras não pode dar conta, o sofrimento imposto às criancinhas do preconceito e da ignorância midiática. Os intelectuais também matam dezenas de crianças, afogando-as num mar de convencionalismo, mesmo que eles estejam morando dentro uma ilha sossegada, ou seja, seus lares e suas escolas, perfeitamente incluídos, sem incomodar ninguém.
Há uma parte desta paráfrase que deixo para os entendedores da lei, para o Direito Penal e sua ultima ratio, ou quem sabe o princípio da significância. Não pretendo aqui postular sobre narcotráfico, tráfico de armas, política e outros interesses. Os doutores da lei que se preocupem com o poder de polícia, com batalhas travadas em nome do crime e das suas ilicitudes. Esta parte eu me abstenho de escrever. Não me importa também o que os políticos (digo, aqui neste rito de passagem, pois lógico que me importo) fazem nas beiradas das favelas ou embaixo dos viadutos. Não me apraz também saber o que o Presidente dos Estados Unidos da América pensa, pois ele mudará em nada, a perseguição que nossos filhos sofrem constantemente nas escolas, nos ambientes de lazer, nos shoppings, nas praias, enfim, em todos os lugares.
Esta é uma arma mortífera nos corações de suas mães e pais e não é uma indagação ingênua. É necessário que grande emissora e magazine de bancas postularem tanta agressão aos nossos filhos? É evidente as suas perseguições.
A sua crueldade, aos nossos, criancinhas mortas pela insensatez e pelos ataques gratuitos são de enorme insensatez e porte e isto é o contrário do habitual. Quando isto irá parar? De domingo a domingo, conhece-se o ano que as nossas criancinhas foram atacadas pela ignorância midiática.Sim, claro, precisamos rever em toda parte os seus inúteis conceitos, leis e preconceitos. A doença mental não é dilapidação, um anti-presságio de pessoas entendidas da força midiática da globalização, da pseudo-academia do conhecimento do que seja universidade da vida. Não existe o politicamente correto para o doente mental, existe apenas o mínimo do mínimo em termos do Estado democrático de direito.
Pais de “doentes mentais” (não gosto deste termo) pagam impostos e olha que são caros.O politicamente correto agora para a mídia brasileira é a exclusão geral dos nossos filhos que estão dentro das nossas casas, significando também que as nossas crianças devem ser ludibriadas pela mídia sensacionalista e exclusivista ao pendor da ignorância. Nossos filhos, que fique isto bem claro, podem ser incluídos nas escolas dos ditos normais (não gosto também desta palavra), pois é assim o seu direito fundamental. Leiam-se a Declaração dos Direitos Humanos, a Constituição Federativa do Brasil em seu artigo 5º., leis infraconstitucionais da legislação básica da educação especial e por aí vai.Crianças especiais não perturbam outras crianças, mas afligem o coração dos ditos intelectuais, dos pseudo-intelectuais midiáticos.
Quando não há o preconceito, nossas crianças podem se adaptar e agir além dos seus limites, - quando lhe for consagrado ser feliz. Isto pode acontecer se não for atacado por armas pesadas invisíveis e manipuladoras da palavra mal dita.Pessoas com qualquer tipo de transtorno mental devem ser cuidadas conforme a gravidade do ataque que lhe são infligidos, pois, por incrível que pareça, eles sentem e ressentem.
Quando o ataque é maior e em níveis nacionais os estados perigosos de tristeza atacam também pais que também são mestres, doutores, psicólogos, advogados, professores, pediatras, psiquiatras e todas as profissões louváveis, incluindo a maestria em linguística ou literatura comparada.Mas em geral, não existe tremenda dor em termos um filho “com problema”. Filhos com “problemas mentais”, como diz a mídia, são transcendentais, únicos e quem não os têm nunca terá a dádiva de entender. Não dá para fingir que a mídia é anormal (detesto essa palavra também).
Para pais de crianças “especiais” no mais bonito âmago da pronúncia não é feio levar seus filhos aos psiquiatras, não há nenhum desgaste em dar-lhes remédios controladores do seu pensamento, e não existem melhores clínicas que não sejam os nossos lares. E ao sair de suas casas ou lares é possível toda convivência com estes anjos infinitos. O inábil que aprenda a lidar com eles e a gratificação da demanda logo serão sobrepostos ao sofrimento por dádivas e experiências que caem no mundo das artes literárias, onde as luzes da ribalta nunca se apagam.
Quem mata quem? Preconceituar e generalizar inocentes por um caso isolado, ou a mídia incauta que por sua própria faina se suicidou. Creio que a cada caso e a cada ataque o suicídio será coletivo. Tome cuidado, Mídia, olhe a sua volta. Os mesmos caminhos que vão, vem. O mundo das crianças especiais precisa respirar em paz. Ou não? Quando virá o próximo ataque? Estamos preparando as nossas crianças, vestindo-as de roupas azuis. Você, mídia ignóbil, não conhece esta metáfora.
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A folha era um jornal bom, mas tá se tornando papel de limpar a bunda…e olha lá, só se for a tua tbém! ahsiuahsuihauihsiuahusas E apaga esse comentário tbém jiglozão, só mostra os outros elogiando suas asneiras né? jigolô e fujão ainda…. tira sarro da sua cara na proxima vez que escrever manézão! :*
Suas palavras me soaram buscando IBOP e vc conseguiu. Chamou atenção pela sua negatividade e me pareceu ter tido uma péssima noite antes de colocar suas palavras, “maucriadas”, totalmente descabidas. Talvez valesse a pena se retratar com aqueles que fizeram alguma coisa por um alguem a quem vc usa para vender jornal. Que pena!
Renata Rezende Valente Benjamin
É preciso, SIM, que as pessoas saibam o que é o autismo. Cada criança no espectro é única, mas muitas apresentam características idênticas, as quais a sociedade desconhece. A imagem que todos têm do autista é de alguém que se balança, não interage… ou então daqueles gênios dos filmes. Precisamos de espaço. Dizem que uma próxima novela vai apresentar um personagem autista, o que é ótimo, pois populariza o tema, espero que seja abordado de forma ampla, e não de forma estereotipada.
Precisamos de visibilidade, e a TV ainda é a maior forma de divulgar e informar, desde que seja feito de forma adequada.
As demandas para pessoas com autismo variam, de acordo com idade ou grau do autismo, porém, há coisas básicas, como na idade escolar, por exemplo, o ideal é ter, na escola, profissionais especializados no assunto, para que possam fazer abordagens específicas. Um exemplo: a criança autista, independente do grau, necessita de suporte visual, necessita conhecer sua rotina, então, que as escolas propiciem isso, figuras explicativas, quadro de atividades com as figuras, atividades adaptadas… Uma turma toda fazendo uma atividade de matemática e a criança autista, na mesma sala, pintando o desenho de um patinho não é incluir. Mas, se a criança conseguir, de outra forma, desenvolver o mesmo objetivo da atividade, adaptar isso, para que ela esteja também participando da aula de matemática. Atitudes simples ajudam, como, por exemplo, alternativas para as questões sensoriais, um cantinho, na sala de aula, para o aluno “relaxar”, “se desligar”, não só o autista, mas faz-se um cantinho onde ele vá e outros colegas tb participem, se revezando… enfim, são exemplos pequenos de demandas específicas. Como a escola faz parte da vida de todos, é principalmente lá que as coisas devem funcionar da maneira mais adequada possível, através de pessoas e de recursos materiais, partindo da informação também, aos colegas, aos professores, aos pais dos colegas… para que todos tenham conhecimento de como ajudar e contribuir para o melhor ambiente possível.
Dificuldades de interação muitas pessoas têm, mesmo as não autistas. Aí, parte-se do bom-senso. Em uma sala de aula, por exemplo, o professor, por meio de estudos e muito diálogo com a família a terapeutas da criança, vai criar estratégias para que, aos poucos, a criança interaja mais. Uma criança autista, no recreio, por exemplo, pode querer se isolar, então, que se criem alternativas para que isso não ocorra, atividades que envolvam a criança até esmo durante o recreio. Um exemplo real é de uma escola que criou o “Clube do Amigo”, e durante o recreio algumas crianças praticavam atividades esportivas com as outras que tivessem dificuldade… uma desculpa para haver o momento de interação.
Enfim, para cada situação, há um conjunto de ações que podem e devem ser tomadas, assim como em qualquer outro caso de deficiência. Como o autismo ainda possui causa desconhecida e não é uma deficiência que apareça em um exame, por exemplo, é difícil de diagnosticar e de conseguir um laudo.
Entretanto, hoje, há muito mais informação a respeito, há novas leis (leis, no papel, não servem para nada, mas são necessárias para que pais possam ir até esse papel e dizer: eu tenho direito, sim, olhe, está na Lei!), há mais discussões a respeito. Começa assim, pela informação. A partir disso, é uma luta diária, como é para tudo, principalmente em nosso país. E, por mais informação que exista, há quem olhe torto, há quem não saiba como agir e há quem nem tenha vontade de agir, e temos que conviver com isso. Ficar parado é que não dá!
Infelizmente, no caso dos professores (sou professora também), somos nós, os pais, que devemos “ensiná-los” muitas alternativas e abordagens… Ninguém nos preparou para sermos pais de crianças com dificuldades no desenvolvimento, nós tivemos que aprender “na marra”, e queremos que as escolas se preparem, mas a grande maioria só irá se preparar se nós ficarmos insistindo e mostrarmos a importância disso. E aí, temos papel fundamental, por isso não há inclusão escolar sem parceria família-escola.
São inúmeras questões, mas muitas não são tão difíceis quanto parecem, partem apenas da boa vontade. Uma lei como essa também faz com que instituições como a escola se desacomodem, saiam de sua “zona de conforto” e busquem mais informação, a princípio pela “obrigação”, depois, como ocorre com tudo, vão percebendo que não é tão complicado e vira parte da rotina. Os bons professores procuram fazer o melhor, o que lhes falta, geralmente, é incentivo e orientação. Uma pessoa que escolhe ser professor, nesse país, é porque acredita em algo maior, com certeza ninguém escolhe pelo dinheiro… então, geralmente, são pessoas abertas a aprender e a ajudar, basta haver uma parceria legal. E é isso que eu penso, começa pela escola, depois vai se espalhando.
Coleguinhas que conviverem com uma criança autista já terão outra visão do espectro… e assim vai. É demorado, mas não é impossível.
Abraços, Janice
Sinto na pele tudo o que vc escreveu aqui.
De que adianta a lei se as escolas não sabem o que é AUTISMO?
Tantas pessoa que tem um autista na família e poderiam ter enriquecido a discussão, mas preferiram ficar te apedrejando sem nem conhecerem o seu trabalho de tanto tempo empurrando a kombi véia.
Gostei do seu texto, como sempre.
Adoro seu modo de escrever.
Só quero dizer que eu sou estrupiada SIM! Tem tantas coisas que me ofendem bem mais do que o seu termo…
E além disso, eu tenho muito orgulho do meu irmão com Síndrome de Asperger. Eu o amo do jeito que ele é!
Tamo junto, Jairo!
“Malacabados” é seu conhecimento de causa, ou seria só uma forma de polemizar e aparecer? E discordo que você não ofendeu ninguém: como mãe de autista me sinto MUITO ofendida com esta pseudo-matéria. Na era da globalização, cada um fala a MERDA que quiser. Pura MERDA.