Portal Terra Educação - 12 de Julho de 2012 - 08h32
As dificuldades para inserção na sociedade das crianças com autismo variam de acordo com o grau da doença. Na área da educação, esses desafios estão tanto no espectro da cognição e da absorção de novos conhecimentos quanto no da socialização e da interação com pares de desenvolvimento regular.
Há diferentes vertentes para o entendimento de um melhor desenvolvimento da criança com autismo, mas todas chegam a um consenso: quanto mais cedo for feito o diagnóstico e medidas começarem a ser tomadas para adequar os métodos de ensino às necessidades da criança, mais efetivo será o aprendizado. "Quanto mais precocemente você intervir, menos evidentes ficam as características. O autismo não tem cura, mas há como minimizar", explica Carmen Trunci de Marco, diretora do Colégio Paulicéia, de São Paulo, uma escola de ensino regular que tem projetos para inclusão de alunos com diferenças cognitivas, incluindo autismo.
No Departamento de Psicologia da PUC-RJ, pesquisadores desenvolvem um projeto, em parceria com a secretaria municipal de educação do Rio de Janeiro, a fim de treinar educadores a reconhecer os primeiros sinais de autismo para que possam alertar os pais e encaminhá-los a profissionais especializados. Uma segunda etapa do projeto seria capacitar as educadoras para lidar corretamente com essas crianças em sala de aula.
Escolas cujo método de ensino passa por integrar estudantes com autismo em salas de aula regulares têm diversas maneiras de garantir que não haja atraso no aprendizado de nenhuma das partes e, ao mesmo tempo, estabelecer um ambiente favorável para todos os alunos. Do universo de 610 matriculados no Colégio Paulicéia hoje, 140 têm algum tipo de dificuldade no aprendizado, sendo a metade de autistas.
Carmen explica que há uma triagem assim que a criança entra na escola e ela é encaminhada para atendimentos personalizados ou integração assistida a turmas regulares, dependendo do caso. Fabiana Pigmataro, coordenadora do setor que trabalha com a inclusão de crianças autistas na escola, conta que a convivência ajuda no desenvolvimento dos pequenos. "Dou o modelo de brincadeira para a criança autista e trago o aluno de aprendizado regular para brincar. Os próprios colegas já levam a criança autista para brincar. Isso acontece naturalmente", explica Fabiana.
Há grandes vantagens nessa convivência. Robson Faggiani, consultor em terapia ABA - método muito usado para ensinar crianças com essa condição -, defende que é fundamental que essas crianças frequentem uma escola regular, direito garantido por lei. Ele ressalta, contudo, a necessidade de haver um acompanhamento profissional e a adaptação dos conteúdos e da didática utilizados em sala de aula. "O ideal é que as tarefas passadas pela escola sejam adaptadas para aquela criança", explica.
Esses acompanhantes são geralmente estudantes de psicologia ou pedagogia que fazem a mediação entre o autista e aquele mundo de novos aprendizados e novas relações sociais à sua volta. Apesar de trabalhar mais com escolas particulares, Robson conta que os relatos mais frequentes de profissionais que acompanham crianças é de que a rede pública, de modo geral, está melhor preparada para atender às necessidades dessas crianças do que a privada, mas há exceções em ambos os lados.
Outro caminho possível é encontrar uma instituição especializada em cuidar de crianças com necessidades especiais e fazer trabalhos diferenciados. Simone Schrener, psicóloga do Instituto de Desenvolvimento e Estimulação da Aprendizagem (Idea), entidade dessa modalidade em Porto Alegre (RS), conta que lá as crianças são avaliadas por uma equipe multidisciplinar que as encaminha para trabalhos individuais na instituição, em grupos, e fornece acompanhamento nas escolas regulares. Mesmo no caso de espaços dedicados como esse, a regra de começar o tratamento cedo também vale: "quanto mais cedo começar a estimulação, melhor", diz Simone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário